A importância da atitude mental no alto rendimento

O japonês Nagayama Ryuju projeta o sul-coreano Kim Won Jin nas quartas de finais do peso ligeiro no Grand Slam de Osaka 2019

Se você é muito dedicado aos treinamentos e tem uma técnica razoável, a ausência de bons resultados não pode estar ligada à falta de equilíbrio psicológico?

Psicossomática e Desenvolvimento Humano
26 de novembro de 2019
Por PROF. PAULO DUARTE I Foto MAYOROVA MARINA/IJF
Curitiba – PR

Sabemos que o estado psicológico do atleta no momento da competição é determinante para o seu desempenho. Nossa longa experiência mostra que os judocas, embora bem condicionados física e tecnicamente, por vezes não conseguem alcançar o almejado título.

Aprofundando nossos estudos psicossomáticos, constatamos que atletas do passado – como Rogério Sampaio, Aurélio Miguel, Koga, Isao Okano, Saito e Yamashita, entre outros – apresentavam, além do condicionamento físico e técnico, alto grau de estabilidade psicológica.

Portanto, um alto nível de competitividade é atingido quando o atleta integra o condicionamento físico, o conhecimento técnico e a estabilidade psicológica. Na ausência ou no desequilíbrio dos percentuais que devem ser atribuídos a cada um desses fatores pode estar a razão dos maus resultados.

Como o objetivo deste artigo é chamar atenção para a importância do equilíbrio psicológico no desempenho esportivo, vamos ater-nos aos detalhes que podem desencadear uma ação inibitória e, com isso, explicar o mau desempenho na competição.

Vamos a um exemplo: Silvério (nome fictício) tem como técnica predileta o morote-seoi-nage. Tenta aplicá-la durante toda a luta, mas não consegue derrubar o adversário. Perde a disputa. Ao sair da área de competição é questionado por todos: professor, familiares, amigos, que o interpelam sobre a razão de insistir no morote-seoi-nage mesmo sabendo que não estava funcionando. Por que não tentou aplicar outra técnica? Por que isso ocorre?

Analisando esta situação do ponto de vista psicossomático

Este é um típico caso de falta de estabilidade psicológica. Não foi a insistência em aplicar o morote-seoi-nage que determinou sua derrota, embora nosso amigo Silvério esteja fechado na aplicação dessa técnica – predileção ou repetição dela inúmeras vezes –, o fator determinante foi a instabilidade psicológica, que bloqueou a sua segurança para fazer o ajuste necessário no morote-seoi-nage ou a busca de outro caminho que o levasse à vitória.

Aqui temos, ainda, outro fator a ser analisado: uma derrota pode ocasionar um trauma psicológico e desencadear outras derrotas.

Nosso trabalho, na área psicossomática, é justamente promover a limpeza dessas memórias limitantes e construir uma sinapse sólida de estabilidade psicológica que seja atuante, principalmente nos momentos em que a demanda pela alta performance ocorra.