Agora é definitivo: karatê está irreversivelmente fora dos Jogos Olímpicos de Paris 2024

Thomas Bach, presidente do COI

Numa atitude no mínimo antiética e antiesportiva, o COI frustra a expectativa dos milhões de praticantes de karatê e o exclui do Programa Olímpico dos Jogos de Paris, antes mesmo de a modalidade fazer sua estreia em Tóquio 2020

Programa Olímpico
26 de junho de 2019
Por PAULO PINTO I Fotos GETTY IMAGES e IOCMEDIA
Curitiba – PR

Por meio de seu site, o Comitê Olímpico Internacional (COI) definiu que as quatro modalidades acrescidas aos Jogos de Paris 2024 são breakdance, escalada esportiva, skate e surfe.

Paris 2024 foi o segundo comitê organizador que teve a possibilidade de escolher e propor esportes adicionais para sua edição dos jogos ao COI. Essa flexibilidade faz parte das reformas da Agenda Olímpica 2020.

Na avaliação do presidente da entidade máxima do desporto olímpico, a inclusão das quatro modalidades escolhidas pelos franceses atende ao propósito de renovar os ideais olímpicos e aproximar os jogos da juventude.

“Os quatro esportes que Paris propôs estão totalmente alinhados com a Agenda Olímpica 2020 por contribuírem no processo de tornar o programa mais equilibrado, mais urbano, e oferecendo a oportunidade de conectar os jogos com a geração mais jovem”, explicou Thomas Bach, presidente do COI.

“Os esportes propostos estão alinhados com esses princípios e aprimoram o conceito dinâmico dos Jogos de Paris 2024, que priorizam a inclusão, inspirando um novo público e abrangendo jogos olímpicos socialmente responsáveis”, concluiu.

O surfe se firma como modalidade olímpica

O breakdance e a escalada esportiva apareceram como eventos de medalhas nos Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2018, enquanto o skate, a escalada esportiva e o surfe farão sua estreia no programa olímpico em Tóquio no próximo ano.

A proposta para os quatro esportes baseia-se na evolução do programa a partir de Tóquio 2020 e inclui 248 atletas, que caberão dentro da cota de 10.500 atletas, com número igual de mulheres e homens. Em consonância com o seu compromisso de sediar jogos sustentáveis, o Paris 2024 utilizará 95% de espaços existentes ou temporários para realizar as competições.

A notícia publicada ontem pelo COI ratifica a falta de ética e a insensibilidade do comitê organizador francês, bem como a preocupação exacerbada dos membros do Comitê Olímpico Internacional em assegurar a sobrevivência dos jogos, já que a cada edição fica evidente a impossibilidade de qualquer país sediar eventos de tamanha magnitude.

As alegações apresentadas pelo presidente do COI não tornam o breakdance, escalada esportiva, skate e o surfe modalidades mais urbanas e mais praticadas que o karatê. Avaliamos que, além de estar na contramão da história, os estrategistas de marketing do COI erraram grotescamente nesta decisão.