Após 19 anos, professor Antônio Gomes volta a ser prestigiado e recebe o shichi-dan (7º dan)

Alcindo Rabelo Campos faz entrega do certificado de shichi-dan (7º dan) ao professor Antônio Gomes

Maior expoente do judô paraense na atualidade, o presidente de honra da FPAJU pretende seguir fomentando o judô do Pará e mostra total desapego às questões da graduação

Graduação
25 de abril de 2019
Por ISABELA LEMOS IFotos LEAFAR RAFAEL
Curitiba – PR

Ex-presidente da Federação Paraense de Judô (FPAJU), Louro foi um dos dirigentes mais participativos na gestão de Joaquim Mamede à frente da CBJ, e mesmo após deixar o comando da FPAJU ainda presta relevantes serviços ao judô do Pará.

A cerimônia de outorga de dans realizou-se no dia 9 de março no ginásio do SESI em Belém (PA), e além da promoção de Antônio Gomes a FPAJU graduou o professor Adaelson Souza Santos, que recebeu o roku-dan (6º dan).

Émerson Gomes faz a troca do obi de seu pai e professor

Várias autoridades marcaram presença na cerimônia de outorga, entre elas Alcindo Rabelo Campos, presidente da FPAJU, e Antônio Prado, coronel do Exército e chefe do Estado Maior do Comando da 8ª Região Militar do Exército Brasileiro.

Nascido em 10 de abril de 1945, em Belém, Louro iniciou sua trajetória no universo das artes marciais há 57 anos, na luta livre, com o professor Alfredo Coimbra, que comandava a icônica Associação Conde Koma, fundada com a passagem de Mitsuyo Maeda, o Conde Koma, pela capital paraense. Já no judô, Louro iniciou a prática do judô a partir dos anos 1960 com o professor Saito, na Associação Paraense de Judô e Karatê. Sua faixa preta veio em 1972 e o 6º dan nos anos 1980.

Qual é a importância desta promoção?
Vem a ratificar o trabalho que viemos fazendo ao longo de todos estes anos no judô.

Émerson Gomes faz a primeira foto com o pai, já com o obi de 7º dan

Em qual período o senhor foi presidente da Federação Paraense de Judô?
Ficamos à frente da FPAJU no período de 1989 a 2001. Hoje, sou o presidente de honra da Federação Paraense de Judô e presidente da comissão de grau do Pará.

Recentemente o senhor foi convidado para ser membro da comissão nacional de graus da CBJ, e em seguida foi desconvidado. O que houve?

O presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) convidou-me para ser presidente da comissão de graus da Região Norte. Mas, em seguida, fui desconvidado porque, segundo me informaram, era necessário ter o 7º grau – e eu tinha apenas o 6º grau, embora há 19 anos. Mas posteriormente soube que existem membros da comissão nacional de graus com 6º dan.

Como avalia a atitude do presidente da CBJ?

Eu não posso dizer muita coisa. Quando eu era presidente da FPAJU, convivia estreitamente com o professor Joaquim Mamede e poderia dizer tudo sobre a CBJ. Hoje, porém, estou muito distante da confederação, então não tenho muito o que dizer por não ter nenhum relacionamento com o presidente. Aliás, nem o conheço direito.

Recém-promovido ao roku-dan (6º dan), e visivelmente emocionado o professor kodansha Adaelson Souza Santos cumprimenta Louro, o velho amigo dos tatamis

Desculpe, mas o senhor não respondeu à nossa pergunta. Como avaliou a descortesia de Sílvio Acácio Borges?

Na hora em que se é presidente de uma entidade, o mínimo que precisa ter é uma certa fidalguia para conviver com as pessoas, pois hoje ele é o mandatário do judô brasileiro. Já que ele é o mandatário, tem por obrigação tratar as pessoas com cortesia, entusiasmo e bons propósitos.

Houve pressão do professor Paulo Wanderley Teixeira?

Mesmo quando eu convivia com todos, o Paulo sabia que eu sempre tive grande apreço pelo Chico. Eu tenho certeza de que, se amanhã o Chico vier a ser o presidente da CBJ, ele vai olhar bastante para o Norte e Nordeste, pois é uma pessoa muito sensível ao judô como um todo. Ele nunca teve olhos apenas para São Paulo. Aliás, foi graças à pressão política que ele exerceu que todos os Estados foram contemplados pela gestão Paulo Wanderley. Não fosse a presença constate do Chico, a CBJ muito provavelmente não teria feito nada pelos Estados e pelos gestores estaduais.

Sua aproximação com o professor Chico o fez esperar 20 anos pela graduação?

O Chico é uma pessoa extremamente politizada, atenciosa e competente. Desde a saída do professor Mamede, o Pará tem a tradição de apoiar o Chico incondicionalmente, até mesmo por tudo que disponibiliza para nosso Estado. Posso não conhecer o Sílvio Acácio, mas conheço muito bem o Paulo Wanderley. Convivemos por muito tempo e só ao Japão fomos três vezes para arbitrar em várias competições juntos. Por tudo isso pergunto: 19 anos sem promoção, por ser amigo do Chico? Lamentavelmente o ser humano tem destas coisas.

Falando em gestor, qual foi o maior dirigente que o senhor conheceu até hoje?

Para mim, Joaquim Mamede. Era uma pessoa que se preocupava muito com o judô do Norte e Nordeste, e ele atendia a todos. Mesmo estando no Sul ou Sudeste, ele dizia para quem quisesse ouvir que o Sudeste já tinha condição de andar com as suas próprias pernas. Sobre o Nordeste, ele dizia que precisava ser feita alguma coisa para haver maior desenvolvimento na região.

Adaelson Souza Santos, Alcindo Rabelo Campos, Antônio Gomes e Antônio Prado, coronel do Exército e chefe do Estado Maior do Comando da 8ª Região Militar

Qual é a sua meta agora, o 8º dan?
Há muito tempo eu deveria ter recebido o 8º dan. Porém, jamais iria pedir alguma coisa, pois é extremamente antiético interceder em causa própria. Mesmo a distância, parece-me que Paulo Wanderley exerce enorme influência e comando na atual administração da CBJ. Mae eu sempre fundamentei minha gestão com base na meritocracia, mas lamentavelmente o professor Paulo não age e não funciona da mesma forma. Não sou do tipo de criar expectativas. Prefiro trabalhar por meus objetivos, e a questão da graduação não é algo premente em minha vida. Sigo exercendo meu papel e fomentando o judô no Pará dentro de minhas possibilidades, mas não faço nada disso esperando reconhecimento.