Após reunião em PyeongChang, COI anuncia o fim da suspensão ao COB

Reunião do Conselho Executivo do COI em PyeongChang

COB recebe liberação no 1° dia do Executive Board do COI; entidade reconhece mudanças e constata que não houve relação do COB com suspeita de compra de votos para os Jogos do Rio 2016

Comitê Olímpico
03/02/2018
Por RAPHAEL ANDRIOLO/GLOBO.COM I Fotos IOC/GREG MARTIN e PAULO PINTO/BUDÔPRESS
PyeongChang – Coreia do Sul

No início da noite deste sábado (manhã no Brasil), em PyeongChang, na Coreia do Sul, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que está encerrada imediatamente a suspensão do Comitê Olímpico do Brasil (COB) que vigorava desde o dia 6 de outubro de 2017. A decisão foi informada pelo porta-voz da entidade, Mark Adams, após o primeiro dia do Executive Board e quatro dias antes do início da Olimpíada de Inverno. Dessa forma, o COB voltará a receber subsídios do COI. O presidente Paulo Wanderley Teixeira, que estava a caminho da Coreia, comemorou a decisão.

“Estamos muito felizes com a decisão do COI. É um reconhecimento ao trabalho e ao esforço que o Comitê Olímpico do Brasil vem fazendo ao longo dos últimos três meses, pautados na austeridade, meritocracia e transparência e em conformidade com a Agenda 2020 do COI. Estamos certos de que com seu novo estatuto, o COB é hoje um exemplo de boa governança para entidades esportivas do mundo todo. Vamos continuar trabalhando firmemente para ratificar esse compromisso com uma gestão moderna do esporte”, disse Paulo Wanderley, de Nova York, onde faz escala a caminho da Olimpíada de Inverno de PyeongChang.

“Estamos muito felizes com a decisão do COI. É um reconhecimento ao trabalho e ao esforço que o Comitê Olímpico do Brasil vem fazendo ao longo dos últimos três meses”

Uma auditoria independente contratada pelo COI constatou que o COB não está envolvido no imbróglio da candidatura e suposta compra de votos do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016. Além disso, não foi encontrado nada de errado nas contas da organização brasileira. Segundo Mark Adams, o COI acompanhou de perto o caso do Brasil e ficou satisfeito com as mudanças dentro do COB desde que Paulo Wanderley assumiu o comando depois da prisão de Carlos Arthur Nuzman, e as questões de governança interna foram resolvidas. Para eles, hoje, o COB está em conformidade com as obrigações exigidas aos comitês internacionais.

Paulo Wanderley Teixeira, presidente do Comitê Olímpico do Brasil

Nesses quatro meses que está no comando do COB, o novo presidente promoveu mudanças no estatuto da entidade, o que possibilitou a maior participação de atletas nas decisões e eleições do COB, está implementando o sistema de gestão, com a criação do Conselho de Administração e do Conselho de Ética. Nos últimos meses, o COB vem cortando gastos. Demitiu funcionários com altos salários e já anunciou a mudança de sede para o Parque Olímpico, prevista para o segundo semestre desse ano, já que o prédio atual é alugado.

A suspensão vigorava desde outubro do ano passado, quando Nuzman renunciou à presidência do COB enquanto esteve preso, suspeito de participar de um esquema de compra de votos para o Rio conquistar o direito de sediar os Jogos Olímpicos. Então vice, Paulo Wanderley Teixeira assumiu a presidência. Ainda no fim daquele mês, o COI amenizou a suspensão, autorizando representantes da entidade brasileira a participar de encontros de membros de associações de Comitês Olímpicos Nacionais. Mas manteve os pagamentos congelados, que na ocasião somavam R$ 7 milhões.

Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional

Segundo o próprio COB, a expectativa é que a entidade receba US$ 2.173.500,00 (cerca de 7 milhões de reais) referentes ao saldo restante de 2017 e mais US$ 3.015.000,00 (cerca de 10 milhões de reais) no final de 2018, de acordo com o que prevê o contrato com o COI. Durante a suspensão, o COI manteve apenas os recursos para o apoio direto aos atletas, através do Programa Solidariedade Olímpica Internacional.

Mais do Executive Board do COI #1

Ainda neste primeiro dia do Executive Board do COI, dois pedidos de mudança de nacionalidade foram aprovados. O patinador de velocidade Cole William Krueger trocou os Estados Unidos pela Hungria e o patinador artístico Kirill Khaliavin trocou a Rússia pela Espanha. Mas este último apenas depois que foram apresentadas credenciais junto à Wada, a Organização Mundial Antidoping, que ele não tinha antecedentes de violação das leis antidoping.