Com 10 medalhas, judô brasileiro faz campanha histórica em Tibilisi

Somando três medalhas de ouro, três de prata e quatro de bronze, o Brasil foi campeão geral no grand prix que contou com a participação de 36 países procedentes de 4 continentes.

Com desempenho surpreendente e obtendo 67% de aproveitamento nos três dias de disputa, a seleção brasileira de judô conquistou 10 medalhas no Grand Prix de Tibilisi. Além das medalhas que haviam sido obtidas nas duas primeiras rodadas, hoje o Brasil subiu mais três vezes no pódio e consolidou uma vitória histórica totalizando três ouros, duas pratas e quatro bronzes.

Neste domingo, a seleção brasileira conquistou mais três medalhas que asseguraram a primeira colocação geral na disputa. Maria Suelen Altheman (+78kg) conquistou a prata, enquanto David Moura (+100kg) e Rafael Buzacarini (100kg) ficaram com o bronze. Luciano Corrêa (100kg) terminou em sétimo lugar e Gustavo Assis caiu nas oitavas.

Única finalista do dia, Suelen passou por Mercedesz Szigetvari, da Hungria, e Santa Pakenyte, da Lituânia, ambas por ippon até chegar à final, onde foi derrotada pela bielorrussa Maryna Slutskaya por dois wazaris.

Já Rafael Buzacarini venceu duas lutas até chegar à semifinal. Superou Viktor Demyanenko, do Cazaquistão, na estreia, e Ivan Remarenco, dos Emirados Árabes, nas quartas. Na semifinal, o russo Kazbek Zankishiev conseguiu um wazari e o brasileiro foi para a disputa do bronze, onde derrotou Zelym Kotsoiev, do Azerbaijão, por um wazari.

“Começar o ciclo olímpico com uma medalha no Circuito Mundial da FIJ é excelente”, comemorou o meio-pesado recém-contratado pelo Clube Paineiras do Morumby. “Os detalhes estão sendo corrigidos e estou vendo evolução. A competição foi boa para adquirir novas experiências e me preparar melhor e continuar subindo no pódio.”

O quarto e derradeiro bronze do Brasil na competição veio com o pesado David Moura, que começou com vitória por wazari e ippon sobre o georgiano Guga Kibordzalidze. Na semifinal, contra o também georgiano Adam Okruashvili, David abriu um wazari de vantagem, mas foi imobilizado até o ippon e perdeu a chance de lutar pelo ouro. Na decisão pelo bronze, David foi mais agressivo, forçou três punições (shidôs) ao russo Anton Brachev e garantiu a décima e última medalha do Brasil no certame.

“Primeiramente, gostaria de agradecer a torcida de todos, sempre. Conquistei essa medalha de bronze no Grand Prix de Tbilisi e estou feliz com o resultado, pois são mais alguns pontinhos para somar no Ranking Mundial. Vamos com tudo agora, arrumar os detalhes e seguir em busca do ouro”, disse David, que somou mais 350 pontos no ranking e deve melhorar sua 15ª colocação.

Campanha histórica

Dos 15 judocas brasileiros que competiram em Tibilisi, 10 subiram no pódio: Stefannie Koyama (48kg/E.C. Pinheiros/SP), Maria Portela (70kg/Sogipa/RS) e Victor Penalber (81kg/Instituto Reação/RJ), conquistaram o ouro; Érika Miranda (52kg/Sogipa/RS), Rafaela Silva (57kg/Instituto Reação/RJ) e Maria Suelen Altheman (+78kg/E.C. Pinheiros/SP), obtiveram a prata; Phelipe Pelim (60kg/E.C. Pinheiros/SP), Charles Chibana (66kg/E.C. Pinheiros/SP), Rafael Buzacarini (100kg/Paineiras do Morumby/SP) e David Moura (+100kg/Instituto Reação/RJ) asseguraram os bronzes arrebatados pela equipe brasileira.

Com o resultado construído nos tatamis, a seleção brasileira projetou-se no quadro de medalhas superando tradicionais potencias do judô mundial. A Rússia ficou em segundo lugar conquistando dois ouros, duas pratas e cinco bronzes. A Geórgia chegou em terceiro lugar, somando três ouros, uma de prata e dois bronzes. A Ucrânia ficou em quarto lugar com um ouro, duas de prata e um bronze. A França amargou a quinta colocação geral somando uma medalha de ouro, uma de prata e dois bronzes.

Mesclando talentos da velha e da nova geração, a seleção brasileira de judô disputou seis finais em Tibilisi. Um recorde que revela a maturidade, a força e a determinação do time brasileiro.

Ver a pegada e a determinação de judocas como Phelipe Pelim, Rafael Buzacarini e Stefannie Koyama foi determinante e permitiu que olhássemos para o futuro sem saudosismo e a insegurança que tradicionalmente nos aflige quando confrontamos o presente com o passado e futuro do judô brasileiro.

Muito além da conquista histórica obtida na Geórgia, a brilhante campanha brasileira expõe o atual momento da gestão técnica do judô verde e amarelo e reflete a ampla sintonia entre as gestões de base e do alto rendimento da Confederação Brasileira de Judô, e este é o grande legado de Tibilisi.

Dirigentes destacam a renovação nos tatamis

Após a competição, Nicolas Messner, diretor de comunicação da Federação Internacional de Judô (FIJ), pontuou que esta edição do Grand Prix de Tibilisi não tem apenas lugar no passado ou na história, porque está inserida no futuro do judô internacional. “Após um ciclo olímpico que terminou com a queima de fogos no Rio de Janeiro, o início da temporada 2017 marca uma importante fase de transição para o futuro do judô mundial. Iniciamos um novo ciclo, novas regras de arbitragem ainda estão em fase de teste e cada competição oferece uma cota importante no confronto de gerações, e esta foi a principal característica desta competição”, assinalou Messner.

Para Vladimir Barta e Daniel Lascau, diretores esportivos da FIJF, esta edição do Grand Prix de Tbilisi foi particularmente interessante. “Vimos novos rostos e é um fato inegável que uma nova geração de atletas está surgindo, mas é interessante frisar que o surgimento desta nova geração está acompanhado pelo advento de uma nova geração de treinadores”.

Ambos os dirigentes concordam que as novas regras proporcionaram a mudança positiva que a FIJ buscava. “As novas regras permitem que os árbitros disponibilizem mais tempo para a construção de um combate mais dinâmico e efetivo. Estamos vendo o retorno do judô tecnicamente ofensivo e positivo”.

Equipe brasileira na Geórgia

Masculino

Phelipe Pelim (60kg/E.C. Pinheiros/SP)

Charles Chibana (66kg/E.C. Pinheiros/SP)

Daniel Cargnin (66kg/Sogipa/RS)

Victor Penalber (81kg/Instituto Reação/RJ)

Gustavo Assis (90kg/Minas Tênis Clube/MG)

Rafael Buzacarini (100kg/Paineiras Morumby/SP)

Luciano Corrêa (100kg/Minas Tênis Clube/MG)

David Moura (+100kg/Instituto Reação/RJ)

Feminino

Stefannie Koyama (48kg/E.C. Pinheiros/SP)

Érika Miranda (52kg/Sogipa/RS)

Rafaela Silva (57kg/Instituto Reação/RJ)

Mariana Silva (63kg/Minas Tênis Clube/MG)

Yanka Pascoalino (63kg/E.C. Pinheiros/SP)

Maria Portela (70kg/Sogipa/RS)

Maria Suelen Altheman (+78kg/E.C. Pinheiros/SP)

Comissão técnica

Luiz Shinohara – Técnico

Mário Tsutsui – Técnico

Priscila Marques – Fisioterapeuta

João Gabriel Pinheiro – Chefe da delegação.