Com 18 judocas na disputa, Brasil vence apenas quatro lutas e obtém resultado estarrecedor em Doha

Após a vitória na final sobre Inal Tasoev (RUS), Teddy Riner comemora a volta ao pódio

Repetindo os dias anteriores, cinco judocas que lutaram nesta quarta-feira foram eliminados na primeira luta, resultado compartilhado com outros dez integrantes da seleção brasileira. Apenas três passaram da estreia

World Masters de Doha 2021
13 de janeiro de 2021
Por PAULO PINTO I Fotos DI FELICIANTONIO EMANUELE
Curitiba – PR

Agora é fato consumado. Tecnicamente falando, o judô brasileiro está agonizando e prestes a ser intubado na UTI. Se no campo da gestão a Confederação Brasileira de Judô é uma das poucas que gozam de apoio privado, fruto da excelente gestão do ex-presidente Paulo Wanderley Teixeira, no campo técnico o judô brasileiro foi engessado por um comando retrógado. Visando a perpetuar-se no poder, a comissão técnica usa fórmulas antigas mantendo na seleção judocas com quase 20 anos na equipe e com mais de quatro ciclos olímpicos nas costas.

A média de idade dos judocas brasileiros é mais alta entre as principais seleções, da mesma forma que os treinadores brasileiros estão prestes a completar 20 anos em suas funções.  Ney Wilson Pereira, gestor de alto rendimento, é o segundo maior salário da CBJ e ainda goza de inúmeras prerrogativas e facilidades no cargo que ocupa há 20 anos.

Beatriz Souza é uma das poucas judocas da nova geração que não amarela e vai pra cima em busca do resultado, assim como o pesado David Moura

Na matéria publicada nesta terça-feira focamos as limitações e o desinteresse dos judocas da seleção brasileira. Hoje destacamos a longevidade de uma comissão técnica arcaica e comprometida apenas com os grandes clubes que investem na modalidade.

Quantas seleções de judô mantêm atletas que já disputaram três ou quatro Olimpíadas? Quantos países conservam comissões técnicas no comando há quatro ou ciclo olímpicos? Pois é, isto acontece somente no Brasil.

Tudo está errado e lamentavelmente não há mais tempo para mudar nada para os Jogos de Tóquio. O Brasil se defasou e todo o trabalho precisa ser reiniciado do zero. Quem sabe em Paris 2024 tenhamos uma seleção forte de novo e a expectativa de uma geração aguerrida, sob o comando de treinadores que amem verdadeiramente o judô arte como o japonês, a escola que sempre nos inspirou.

Último dia de disputa

O Brasil despediu-se do Masters de Doha, no Catar, sem medalhas. Nesta quarta-feira, os pesos-pesados David Moura e Beatriz Souza chegaram a disputar a repescagem, mas não avançaram e terminaram em sétimo lugar. Os outros cinco brasileiros em ação no último dia do evento foram eliminados na estreia.

David somou duas vitórias na chave. Rafael Silva, outro pesado do Brasil na disputa, foi eliminado por Iurii Krakovetski, do Quirquistão, na primeira luta. No feminino, Beatriz Souza, número 6 do mundo, foi cabeça de chave e entrou diretamente nas oitavas de final. Largou com vitória por ippon sobre a sérvia Milica Zabic. Nas quartas, porém, perdeu por ippon para a turca Kayra Sayit. Na repescagem, a algoz da brasileira foi a tunisiana Nihel Cheikh Rouhou.

Maria Suelen Altheman, vice-líder do ranking mundial entre os pesados, foi desclassificada logo no primeiro confronto com a camaronesa Hortense Antangana.

Os outros três representantes do Brasil no evento foram derrotados na estreia. Entre os meio-pesados (-100kg), Rafael Buzacarini perdeu para Elmar Gasimov, do Azerbaijão, e Leonardo Gonçalves, para Shady Elnahas, do Canadá. No peso médio (-90kg), Rafael Macedo foi superado por Gantulga Altanbagana, da Mongólia.

O próximo evento do calendário da Federação Internacional de Judô (IJF) é o Grand Slam de Tel Aviv, em Israel, de 18 a 20 de fevereiro. A competição distribuirá até 1.000 pontos para o ranking, 800 a menos do que o Masters de Doha. Antes deste evento a seleção brasileira passará dez dias treinando em Pindamonhangaba, no Estado de São Paulo.

Brasil despenca na classificação e não figura entre as 20 melhores seleções