Com a morte de Osmar Feltrim o judô paulista perde uma de suas principais lideranças

Bastante emocionado, o professor Mazinho homenageia o saudoso e querido amigo Mário Matsuda em encontro realizado no CAT em 2017

Mais que um delegado regional, professor Mazinho exercia uma liderança espontânea no núcleo geopolítico do judô do Estado de São Paulo

Memória
11 de janeiro de 2020
Por PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS e ARQUIVO
Curitiba – PR

Popularmente conhecido como sensei Mazinho, o professor kodansha shichi-dan (7º dan) Osmar Aparecido Feltrim morreu na manhã deste sábado (11) vítima de infarto. Reconhecido pelo importante trabalho à frente da Associação de Judô de Fernandópolis nos últimos 40 anos e por sua atuação determinante à frente da 6ª DRJ Araraquarense, destacava-se principalmente pela liderança natural que exercia no grupo de delegados regionais que decidem verdadeiramente os destinos do judô bandeirante.

Pragmático, sincero e extremamente humilde, estes eram apenas alguns dos predicados de um homem de pouquíssimas palavras que, além de muito respeitado, era querido por todos que o conheciam.

Em cerimônia de outorga da FPJudô, o professor Osmar Feltrim faz a entrega de graduação ao amigo Roberto Fuscaldo

FPJudô lamenta a perda de um grande líder

Convidado para assumir a 6ª DRJ Araraquarense em 1995 pelo então presidente Francisco de Carvalho Filho, Osmar Aparecido exerceu sua função com maestria e em poucos anos ganhou enorme projeção entre os delegados regionais.

Bastante impactado pela perda do amigo com quem dividiu a gestão da entidade nos últimos 30 anos, Francisco de Carvalho Filho falou sobre o colega dirigente.

“O Mazinho era uma pessoa de extrema confiança e um dos nossos maiores aliados dentro da Federação Paulista de Judô. Mas não é apenas o judô que perde com seu falecimento. A sociedade paulista como um todo perde um de seus filhos mais humildes e queridos. Perdemos um grande professor de judô e uma das pessoas mais honestas e despojadas que atuavam em nosso cenário”, lamentou Chico do Judô.

“Mazinho era sinônimo de bom caráter, exemplo de conduta e retidão. Sua morte representa uma perda irreparável para a gestão da FPJudô e para os destinos da 6ª DRJ Araraquarense. Perdemos um grande amigo, um abnegado pelo judô e um gestor que olhava para sua delegacia e região como uma extensão de sua própria família. As palavras que definem o que sinto por ele são saudade e gratidão”, acrescentou Francisco de Carvalho.

Professor Mazinho em encontro realizado no Centro de Aperfeiçoamento Técnico da FPJudô em 2018

Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô, destacou a importância do legado deixado pelo professor kodansha shichi-dan de Fernandópolis.

“Falar do professor Mazinho é falar da história da FPJudô. Lembro-me de que ele era técnico da equipe feminina de Fernandópolis, a primeira que disputou os Jogos Abertos de São Paulo. Posteriormente, já como delegado regional, vestiu a camisa com enorme determinação. Sem dúvida alguma o sensei Osmar deixa um legado gigantesco em toda a Araraquarense. Sua morte sensibilizou toda a comunidade do judô paulista, por tudo aquilo que fez e, acima de tudo, pelo exemplo de abnegação e fidelidade aos princípios criados pelo professor Kano e pelos ideais políticos que formam a base de nossa entidade”, enfatizou o presidente da federação paulista.

Na avaliação de Raul de Melo Senra Bisneto, delegado da 4ª DRJ Alta Paulista, além de ter sido um amigo, Osmar Feltrim foi um grande líder e uma importante referência para o judô paulista.

“Mazinho era uma pessoa ímpar, de uma humildade imensa e que só agregava coisas boas. Fomentava a união do grupo das cinco DRJs do interior que formam o bloco central da gestão interiorana, e capitaneava naturalmente todas as iniciativas de forma extremamente simples. Hoje toda a região composta pela Araraquarense, Alta Paulista, Centro-Sul, Sorocabana e Noroeste está de luto por ter perdido uma grande liderança e também o seu porta-voz”, disse o dirigente da Alta Paulista.

Osmar Aparecido Feltrim, Francisco de Carvalho Filho, Luís Antônio Nunes de Moraes (o Gordo) e Mário Matsuda na década de 1990

Na avaliação de Raul Senra, o professor Mazinho era uma unanimidade devido a sua simplicidade, honestidade e conduta ímpar.

“Não dá para explicar de que forma ele se tornou a voz do bloco central do interior paulista. Sempre transmitiu sinceridade e idoneidade absolutas, mas a sua principal virtude na gestão era a fidelidade. Ele sempre endossou as determinações da diretoria da federação paulista. Sempre foi o fiel escudeiro da diretoria de nossa entidade, e todos nós seguíamos suas decisões. Sofremos uma perda descomunal e ele vai fazer muita falta para todos nós”, lamentou o delegado da 4ª DRJ Alta Paulista.

Amigo e grande admirador do professor Mazinho, José Antônio Jantália, vice-presidente da FPJudô, destacou a abnegação e a dedicação do colega fernandopolense.

“Conheci o professor Osmar Aparecido Feltrim quando fui à Associação de Judô Fernandópolis em 1989, e ele estava dando aula no dojô. De lá para cá acompanhei a atuação fantástica que realizava à frente da 6ª DRJ Araraquarense. Ele sempre foi um professor abnegado e depois um dirigente dedicado ao desenvolvimento da modalidade, percorrendo sempre distâncias enormes dentro da região de sua delegacia ou indo à capital. Sempre acompanhou as reuniões da diretoria, endossando as determinações que partiram da direção da entidade. Indubitavelmente ele é merecedor de todas as homenagens e honras por seu altruísmo e por sua luta incansável pelo judô do Estado de São Paulo. Fica uma saudade muito grande da simplicidade e dedicação desse excelente amigo”, pontuou o vice-presidente da FPJudô.

Última participação do professor Kodansha Osmar Feltrim em evento oficial da FPJudô, o Encontro de Kodanshas de 2019 realizado no Centro Olímpico

Luto oficial

Nascido em 30 de maio de 1952 em Fernandópolis (SP), ainda jovem o professor Mazinho deu os primeiros passos no dojô do sensei Edison Viollin. Em 1986 obteve a faixa preta e em 2018 conquistou o shichi-dan (7º dan). Em 1995 assumiu o comando da 6ª DRJ Araraquarense e realizou uma das gestões mais emblemáticas do interior paulista.

Aos 67 anos, sensei Mazinho era conhecido por seu estilo peculiar e pelo grande trabalho desenvolvido em prol no judô fernandopolense e de toda a Araraquarense.

Após o passamento do sensei Osmar Aparecido Feltrin, o prefeito de Fernandópolis, André Pessuto, decretou luto oficial de três dias.

“O professor Osmar Aparecido Feltrin foi um grande atleta, professor e árbitro, que por muitos anos representou Fernandópolis com extrema dignidade em campeonatos e torneios por todo o Brasil. Trouxe, ao lado de seus alunos, centenas de medalhas e troféus para a nossa cidade. Neste momento triste fica o nosso carinho e respeito por este idealista; transmitimos nossos sinceros sentimentos aos familiares e amigos”, externou o prefeito de Fernandópolis.

O professor Osmar Aparecido Feltrin deixa a viúva Vera Eunice de Almeida Feltrim, os filhos Ana Paula de Almeida Feltrim e Fábio de Almeida Feltrim, a nora Giovanna Simioli e os netos Mateus, Davi e Ana Laura.