Com seis medalhas, Brasil alcança melhor resultado da história em mundiais sub 18

Bem mais agressivo que seus adversários, Aldi Oliveira venceu vários confrontos por ippon

Seleção brasileira de judô fatura um ouro, três pratas e dois bronzes, assegurando a quinta colocação geral na competição individual e o vice-campeonato na inédita disputa por equipe mista.

Neste domingo (13 de agosto), o Brasil conquistou a sexta medalha no campeonato mundial juvenil realizado em Santiago, no Chile, e alcançou seu melhor resultado em mundiais sub 18. Após as cinco medalhas obtidas na disputa individual, a seleção brasileira conquistou a prata no inédito Mundial por Equipes Mistas em final equilibrada contra a Rússia e volta do Chile com um ouro, três pratas e dois bronzes.

Ao analisar o desempenho do Brasil, Marcelo Theotônio, gestor das categorias de base da CBJ, destacou as medidas inovadoras que, acima de tudo, aproximaram ainda mais a gestão da base àqueles que direta ou indiretamente participam do processo de desenvolvimento técnico dos talentos que surgem em todo o País.

Brasileiros se reúnem no shiai-jo, para um grito de guerra antes do confronto por equipe

“Precisamos destacar algumas ações no processo de aperfeiçoamento das categorias de base que foram fundamentais para alcançarmos esse resultado expressivo e histórico no campeonato mundial sub 18. Entre os principais pontos estão a integração e alinhamento das áreas dentro da CBJ, o trabalho em conjunto com a equipe do alto rendimento e a criação de novos eventos nacionais, aumentando a competição interna nas categorias, além de maior aproximação da CBJ com as federações e clubes, trazendo técnicos formadores de atletas para treinamentos de campo da seleção. Tudo isso, unido ao comprometimento da nossa comissão técnica, fez com que chegássemos a esse resultado”, ressaltou Theotônio.

Na disputa do ouro, Aldi Oliveira encaixou o juji-gatame e fez o uzbeque Maksud Ochilov bater

Seleção brasileira é vice-campeã do inédito Campeonato Mundial por Equipes Mistas

O caminho da equipe brasileira no domingo começou com vitória por 6 a 2 sobre a França na primeira rodada. Nos combates seguintes, a seleção nacional venceu todas as lutas, passando por Austrália, Canadá e Uzbequistão pelo placar de 8 a 0 em cada confronto.

A Rússia, por outro lado, venceu a Argentina por 8 a 0 na estreia, passou pelo Cazaquistão por 7 a 1 e pela Mongólia por 6 a 2, e por fim superou a Geórgia, também por 6 a 2.

Na final contra a japonesa Ayano Yuki, Gabriella Moraes foi punida e ficou com a prata

Na final, Laura Ferreira (44kg) marcou o primeiro ponto do Brasil com vitória sobre Liliia Nugaeva nas punições (2-0). Em seguida, a Rússia conseguiu empatar com Arman Gambarian vencendo Aristides Júnior (55kg), por ippon.

A virada veio com Natalia Elkina, que finalizou Nicole Franzoi com uma chave de braço. Os russos ainda ampliaram a vantagem com o ippon de Karen Galstian sobre Pedro Medeiros (73kg).

O Brasil reagiu com vitórias de Gabriella Moraes (63kg) sobre Daria Gasileva e de Marcelo Gomes sobre Mansur Lorsanov, empatando o confronto em 3 a 3.

Na penúltima luta, porém, Luíza Cruz (+70kg) vencia Daria Vladimirova por um wazari, mas foi imobilizada até o ippon, o que já garantia o ouro para a Rússia por ter conseguido mais vitórias por ippon.

Aristides Lucena Júnior jogando o português Daniel Santos

No último combate, o pesado David Babayan venceu Leonardo Sant’Ana e deu números finais ao duelo: Rússia 5, Brasil 3.

No juvenil, cada equipe é formada por oito atletas, sendo quatro homens e quatro mulheres. No mundial sênior e nos Jogos Olímpicos as equipes serão formadas por apenas seis judocas nos pesos 57kg, 70kg, +70kg, 73kg, 90kg e +90kg.

Aldi Oliveira é campeão mundial e Amanda Arraes fatura o bronze

O pódio do peso-superligeiro com Aldi Oliveira exibindo o ouro

A disputa da prova individual começou no dia 9 de agosto, e a seleção brasileira iniciou sua caminhada com dois grandes resultados. O peso-superligeiro Aldi Oliveira, do Rio Grande do Norte, conquistou o título mundial derrotando o uzbeque Maksud Ochilov por ippon. Já a judoca peso-ligeiro Amanda Arraes, de Rondônia, conquistou a medalha de bronze superando a francesa Liza Gateau nas punições.

“Essa conquista foi para o Brasil e para o meu Estado, o Rio Grande do Norte. Agradeço ao meu sensei e à CBJ pela oportunidade de participar do mundial e conquistar este importante título”, disse o campeão mundial potiguar.

O pódio do peso-médio com Gabriella Moraes exibindo a medalhas de prata

Para chegar à final, Aldi venceu o turco Ejder Toktay por um wazari na semifinal. Antes disso, ele bateu Joziah Fry, dos Estados Unidos, por ippon, e o russo, campeão juvenil europeu, Georgii Tretiakov, nas punições no golden score. Na disputa pelo ouro, o brasileiro foi mais agressivo e encaixou um juji-gatame (chave de braço), fazendo o adversário bater e desistir do combate, assegurando seu primeiro título mundial.

Amanda também chegou à semifinal, mas caiu para a norte-coreana Jong Hung Kim depois de sofrer uma punição no golden score, quando o confronto estava empatado em um shidô para cada lutadora. Nas preliminares, ela derrotou Dorina Klein, da Hungria, Ana Viktorija Puljiz, da Croácia, e a turca Gamze Sayma. Essa foi a primeira medalha mundial da judoca de 17 anos, natural de Cacoal, em Rondônia.

O pódio do peso-meio-pesado com Millena Silva exibindo a medalha de prata

“Estou muito feliz com essa conquista e por levar para o Brasil esse bronze. Batalhei muito para estar aqui e estou chegando cada vez mais longe. O meu objetivo maior são as Olimpíadas”, comemorou Amanda.

Gabriella Moraes conquista a prata

No segundo dia de disputa o Brasil passou em branco, mas no terceiro dia a paulista Gabriella Moraes (63kg) sagrou-se vice-campeã mundial, conquistando a terceira medalha para o Brasil na competição. O País ainda teve outra chance de subir ao pódio, com Thayanne Lemos (57kg), que ficou com o quinto lugar na disputa pelo bronze.

Para chegar à final, Gabriella passou por Anetta Mosr, de Luxemburgo, com dois wazaris e o ippon. Em seguida, eliminou a mexicana Itzel Pecha, com um wazari, para chegar às quartas, quando encarou Pei Chun Yuan, de Taipei, e venceu forçando três punições à adversária. Na semifinal contra a norte-coreana Su Yon Kim, mais uma vez Gabriella foi precisa, impondo um wazari e o ippon na adversária, garantindo-se na final. Em luta equilibrada contra a japonesa Ayano Yuki, Gabriella abriu pequena vantagem forçando uma punição à adversária, mas acabou levando outras duas punições por falsos ataques, uma delas no golden score, e ficou com a prata.

O pódio do peso-meio-leve com Amanda Arraes exibindo a medalha de bronze

Millena Silva e Luíza Cruz conquistam mais duas medalhas

A seleção brasileira juvenil encerrou sua participação na disputa individual com mais duas atletas no pódio. Millena Silva (70kg) levou a prata e Luíza Cruz (+70kg) ficou com o bronze. Com isso, o País somou cinco pódios – um ouro, duas pratas e dois bronzes –, igualando o resultado obtido no mundial juvenil de Budapeste em 2009, que era o melhor desempenho do Brasil até então. Na classificação geral o Brasil ficou na quinta colocação, atrás de Japão, Alemanha, Rússia e Coreia do Sul.

O melhor resultado do último dia de disputas individuais foi da peso-meio-pesado Millena Silva, que se garantiu em sua primeira final de mundial após vencer a holandesa Kim Hooi por um wazari, na semifinal. Antes disso, ela havia passado por Anglenina Kurbatova (Rússia), Martina Espósito (Itália) e pela japonesa Rizu Matsumoto, nas quartas de final. Na decisão pelo ouro, Millena acabou caindo de ippon para a alemã, campeã europeia juvenil, Marlene Galandi, e ficou com a prata.

O pódio do peso-pesado com Luíza Cruz exibindo a medalha de bronze

Luíza começou bem, com uma vitória por ippon sobre Alicia Sanmiguel (México), mas caiu nas quartas para Sophio Somkhishvili (Geórgia). Na repescagem, a brasileira conseguiu forçar três punições à holandesa Marit Kamps e foi para a briga pelo bronze, na qual derrotou a alemã Hanna Rollwage por ippon para garantir-se no pódio.

Ao todo, dez atletas chegaram ao bloco final da competição, e para o gestor das categorias de base da Confederação Brasileira de Judô este número elevado de brasileiros entre os melhores demonstra a força da nova geração e o grande trabalho que vem sendo feito na base.

Um close dos vice-campeões mundiais por equipe, no pódio

“Pensando no desenvolvimento do judô brasileiro em longo prazo, temos de enfatizar, além do excelente resultado, o ótimo desempenho dos atletas. Dez deles foram ao bloco final. Isso mostra que temos uma base sólida. Além disso, há outro ponto muito importante em relação à diversidade de origens dessa seleção. Tivemos judocas de sete Estados no bloco final, o que confirma a força e a homogeneidade do judô brasileiro em todo o território”, avaliou Marcelo Theotônio.

Seleção Brasileira Sub 18

Campeonato Mundial Santiago 2017

O pódio por equipe com os times da Rússia, Brasil, Japão e Geórgia

MASCULINO

50kg – Aldi Francisco de Oliveira – RN/FJERN – Associação Desportiva Kyodai

55kg – Matheus Takaki – DF/FEMEJU – Academia Espaço Marques Guiness

55kg – Aristides Lucena Júnior – RR/FEJURR – Associação Ases do Norte de Judô

60kg – Willian Lima – SP/FPJudô – Esporte Clube Pinheiros

66kg – Marcos Santos – SP/FPJudô – SESI SP

66kg – Pedro Medeiros – RJ/FJERJ – Associação União dos Militares do Brasil

73kg – Guilherme Schimidt – DF/FEMEJU – Academia Espaço Marques Guiness

73kg – Marcelo Gomes – SP/FPJudô – Associação de Judô Belarmino

81kg – Nuciano Santos Júnior – RS/FGJ – Sogipa

+90kg – Leonardo Sant’Ana (RS/FGJ – Sogipa

Atletas e membros da comissão técnica da seleção brasileira

FEMININO

44kg – Laura Ferreira – SP/FPJUDO – ADREARMAS – Ass. Desp. Rec. Artes Marciais

44kg – Amanda Arraes – RO/FEJUR – Nunes Associação Esportiva de Cacoal – NAEC

52kg – Nicole Franzoi – RS/FGJ – Sogipa

57kg – Bruna Bereza – PR/FPrJ/Associação Desportiva Judô Tonietto

57kg – Thayane Lemos – RJ/FJERJ – Associação Liju de Judô

63kg – Gabriella Moraes – SP/FPJudô – A.A.D. MESC São Bernardo

70kg – Eduarda Rosa – RS/FGJ – Grêmio Náutico União

70kg – Millena Silva – MG/FMJ – Minas Tênis Clube

+70kg – Luíza Cruz – RJ/FJERJ – Judô Comunitário Instituto Reação

+70kg – Laislaine Rocha – SP/FPJudô – SESI SP

Vista parcial da arena Poliesportiva do Estádio Nacional do Chile

Comissão Técnica

Marcelo Theotônio – Chefe de delegação

Edmilson Guimarães – Assessor Técnico

Douglas Vieira – Técnico

Douglas Potrich – Técnico

Thiago Ferreira – Fisioterapeuta

Medalhistas Brasileiros

Aldi Oliveira (50kg) – Ouro

Gabriella Moraes (63kg) – Prata

Millena Silva (70kg) – Prata

Amanda Arraes (44kg) – Bronze

Luiza Cruz (+70kg) – Bronze

Equipe Mista – Prata