Com três pratas e dois bronzes, seleção júnior resgata a presença brasileira nos pódios mundiais desta temporada

Com este harai-goshi sensacional, Marcelino venceu o italiano Eliminou Luca Caggiano em seu segundo combate

Seleção brasileira termina a disputa individual na oitava colocação e é vice-campeã mundial na competição por equipes mistas

World Championships Juniors
24 de outubro de 2018
Por PAULO PINTO I Fonte LARA MONSORES I Fotos GABRIELA SABAU/IJF e MARINA MAYOROVA
Nassau – Bahamas

A seleção brasileira de judô fechou sua participação nas disputas individuais do Campeonato Mundial Júnior, em Nassau (Bahamas), neste sábado (20), com mais um pódio. Depois de Renan Torres (60kg, bronze), Amanda Arraes (44kg, bronze) e Michael Marcelino (66kg, prata) foi a vez da peso pesado Beatriz Souza subir ao pódio para conquistar a prata, sua segunda medalha em competições desse nível. Em 2017, ela foi bronze em Zagreb.

Beatriz Souza vencendo um de seus combates por imobilização

Esta edição do mundial júnior consagrou dois talentos da nova geração de judocas brasileiros: o peso meio-leve Michael Marcelino (66kg) e a peso pesado Beatriz Souza (78kg). Os judocas paulistas passaram pela base conquistando duas medalhas em competições mundiais, inscrevendo definitivamente seus nomes na galeria dos grandes nomes da nova geração do judô mundial.

Uma das mais experientes da equipe, Bia, que disputou também o mundial sênior em setembro, em Baku (Azerbaijão), e defende o Esporte Clube Pinheiros, foi perfeita nas preliminares, vencendo as suas três lutas por ippon. Derrotou na estreia a turca Kubranur Esir e, em seguida, a francesa Laura Fuseau. Na semifinal, a brasileira dominou Kamila Berlikash, do Cazaquistão, e se garantiu na decisão pelo ouro.

Ketelyn Nascimento (57kg), a judoca paulista que defende a Sociedade Esportiva Palmeiras

Na última luta, Bia encarou a japonesa Hikaru Kodama e conseguiu impor-se no início, forçando duas punições. A adversária, porém, reagiu com uma projeção para o ippon que lhe garantiu o título. Esse foi o último mundial júnior de Beatriz, que completará 21 anos em maio do ano que vem e já irá integrar a seleção principal.

Na disputa do bronze do peso ligeiro, Renan Torres levou a melhor sobre o cazaque Narbayev

O meio-leve Michael Marcelino (66kg) foi vice-campeão mundial após vencer quatro lutas até chegar à decisão pelo ouro, na qual caiu diante do italiano Manuel Lombardo. Essa prata foi a segunda medalha de Marcelino em mundiais da base. Em 2015, o judoca do SESI-SP também foi vice-campeão mundial.

“Não sei dizer o que estou sentindo. Mas, fui vice-campeão mundial e queria agradecer a todos pelas energias positivas. Agradecer à CBJ pela oportunidade, ao SESI por tudo que me proporciona, à minha família, que torce muito por mim, e o principal de sempre, a Deus, por nada de ruim ter acontecido. Essa foi uma das melhores competições da minha vida”, comemorou o brasileiro.

Na semifinal Marcelino venceu o cazaque Sunggat Zhubatkan com ippon, jogando de seio-nage

Nas preliminares, Marcelino distribuiu ippons com um judô potente e enfileirou seus adversários. Venceu o austríaco Wachid Borchashvili na primeira luta por wazari e, na sequência, preencheu os placares com ippon sem sofrer uma pontuação sequer. Eliminou Luca Caggiano (Itália) nas oitavas, passou por Salvador Roca (Espanha) nas quartas e mandou o cazaque Sunggat Zhubatkan para a disputa de bronze ao vencê-lo na semifinal.

Na decisão, o brasileiro enfrentou o atual líder do ranking mundial júnior, Manuel Lombardo, que havia vencido o japonês Yuji Aida na semifinal. A luta começou bastante estudada pelos dois oponentes até que o italiano conseguiu surpreender o judoca brasileiro e projetá-lo perfeitamente de costas no chão para ficar com o título mundial do meio-leve masculino.

Bia encaixa um o-soto-gari e a francesa Laura Fuseau tenta se defender, mas cai de ippon

Amanda Arraes e Renan Torres conquistam o bronze

No primeiro dia de disputa, o judô brasileiro subiu duas vezes ao pódio. O peso ligeiro Renan Torres (60kg/SESI-SP/FPJudô) e a superligeiro Amanda Arraes (44kg/NAEC/FEJUR) conquistaram medalhas de bronze. Renan derrotou o cazaque Bauyrzhan Narbayev com um wazari no golden score e Amanda superou Melanie Frigoul, da França, pela mesma pontuação.

Renan não teve caminho fácil nas preliminares, nas quais precisou vencer Sumiyabazar Enkhtaivan, da Mongólia, e o georgiano Temur Nozadze, nas oitavas de final, nas punições e no golden score. Nas quartas, o brasileiro dominou o turco Samet Kumtas, encaixou uma imobilização e fez o adversário bater.

Na disputa do bronze Amanda Arraes jogou a francesa Melanie Frigou e garantiu a primeira medalha para o Brasil na competição

Na semifinal, enfrentou o japonês Seishiro Konishi e acabou sendo imobilizado por 20 segundos (ippon), dando adeus à briga pelo ouro.

A recuperação veio na disputa pelo bronze, na qual o brasileiro ficou em desvantagem nas punições com dois shidôs contra. Ele buscou mais ataques, conseguiu empatar nas punições e, por fim, projetou Narbayev para marcar o wazari no golden score e se garantir no pódio.

Equipe mista brasileira nas Bahamas

“Estou muito feliz e queria apenas agradecer o apoio de todos que me ajudaram a conquistar essa medalha de bronze”, resumiu Renan, que é de Bauru, São Paulo, e tem 19 anos.

Amanda, por outro lado, caiu nas quartas de final e teve de lutar a repescagem para se manter viva na disputa por uma medalha. Ela estreou com vitória por wazari sobre Ramila Aliyeva, do Azerbaijão, mas sofreu ippon da belga Lois Petit, medalhista de bronze no mundial júnior do ano passado.

O pódio do peso superligeiro feminino

Na repescagem, Amanda não deu chances à turca Gamze Sayma, anotando um wazari e ainda finalizando o combate com o ippon para se garantir na briga pelo bronze.

“Estou muito feliz pelo resultado e só tenho a agradecer à torcida de todos. Estou evoluindo cada dia mais e espero que um dia eu possa conseguir o ouro. Mas, hoje, o importante é que o Brasil está no pódio. Quero agradecer ao meu sensei e à CBJ pelo apoio”, comemorou a judoca de Cacoal, Rondônia, que tem ainda 18 anos.

O pódio do peso ligeiro masculino

Brasil é prata na disputa por equipes mistas

A seleção brasileira sub 21 bateu Rússia e Cazaquistão nas preliminares, mas perdeu para o Japão na final, conquistando neste domingo (21) em Nassau, a medalha de prata no Campeonato Mundial Júnior por Equipes Mistas.

O caminho começou no duelo equilibrado com os russos, que precisou ser definido em luta extra após cada equipe vencer quatro combates. As vitórias brasileiras vieram todas no feminino, com Laura Ferreira (48kg), Ketelyn Nascimento (57kg), Ellen Santana (70kg) e Beatriz Souza (+78kg). Com o 4 a 4, foi preciso sortear nova luta e coube à ligeiro Laura Ferreira lutar e vencer novamente Diana Tunian para garantir o Brasil na semifinal.

O pódio do peso meio-leve masculino

Nessa fase, a seleção dominou o Cazaquistão, venceu cinco lutas e perdeu apenas uma para chegar à grande final. Os pontos a favor vieram com Laura Ferreira, Ketelyn Nascimento, Jeferson Santos Júnior, Beatriz Souza e Lucas Lima. A única vitória dos cazaques foi de Arslan Yessengel sobre Renan Torres.

O pódio do peso pesado feminino

No confronto pelo ouro, o Brasil começou com uma vantagem de 1 a 0 sobre Japão, sem representante na categoria pesado masculina (+90kg). No entanto, os adversários conseguiram cinco vitórias em sequência com Sana Yoshida (48kg) sobre Laura Ferreira; Genki Koga sobre Renan Torres (60kg), Haruka Funakubo sobre Ketelyn Nascimento (57kg), Ryo Tsukamoto sobre Jeferson Santos Júnior; e Ryo Shimmori sobre Ellen Santana (70kg).

Os brasileiros ficaram, então, com a prata, subindo ao pódio do mundial por equipes mistas pela primeira vez na classe júnior.

Beatriz Souza e Douglas Vieira, técnico da seleção brasileira e do Esporte Clube Pinheiros

Juan Carlos Barcos, Yasuhiro Yamashita e Haruki Uemura com as equipes finalistas

Equipe brasileira nas Bahamas