Comportamento sedentário em adolescentes

Os jovens tendem a apresentar comportamento sedentário © Min Hius

Com o aumento das tecnologias e da violência, os adolescentes tendem a apresentar comportamento sedentário, o que é preocupante. Portanto, é necessário pensar em estratégias para diminuir e quebrar esse hábito

Atividade Física & Saúde
22 de novembro de 2020
Por ANA ELISA MESSETTI CHRISTOFOLETTI
Fotos MIN HIUS e ROBO WUNDERKIND
Curitiba – PR

Comportamento sedentário caracteriza-se por atitudes em posição sentada, deitada e/ou reclinada, com um baixo gasto energético.

Ficar mais de duas horas sem pausa nessa situação parece prejudicial à saúde. Esse costume revela-se em todas as faixas etárias, mas, com a disponibilidade das tecnologias e o aumento da violência, crianças e adolescentes estão cada vez mais trocando brincadeiras e jogos que envolvem atividade física para brincadeiras e jogos virtuais sedentários permanecendo mais tempo sentados.

Recomenda-se que sejam criadas estratégias para diminuir o comportamento sedentário dos adolescentes © Robo Wunderkind

Um recorte da dissertação de mestrado Características de aplicativos de smartphones para a redução do comportamento sedentário de adolescentes no tempo livre discute o comportamento sedentário em adolescentes da cidade de Rio Claro (SP) (CHRISTOFOLETTI, 2018). O estudo reuniu 482 participantes (14,43±2,08 anos), de três escolas públicas e duas particulares. A partir da aplicação de questionários e entrevistas, identificou-se que quase metade da amostra destina mais de 14 horas por dia em comportamento sedentário e o fator que mais contribuiu para isso foi o elevado uso do smartphone.

Esse tempo excessivo de comportamento sedentário que os adolescentes apresentaram merece atenção, já que o abuso dessa prática pode desencadear prejuízos a longo prazo. Estudos mostram que adolescentes que exibem alto comportamento sedentário normalmente sofrem complicações como obesidade, hipertensão arterial, baixa autoestima, hipercolesterolemia, problemas de comportamento, baixo nível de atividade física e desempenho escolar.

Outro dado relatado pela pesquisa é que as meninas destinam mais tempo dos seus dias aos smartphones do que os meninos e os meninos realizam mais atividade física do que as meninas. Apesar do comportamento sedentário ser uma atividade independente dos níveis de atividade física, a Organização Mundial de Saúde relata que diminuir e gerar pausas no comportamento sedentário por meio da atividade física, como ficar em pé ou utilizar o transporte ativo, contribui na diminuição do comportamento sedentário e aumenta os níveis de atividade física, ou seja, resulta em duplo ganho à saúde (WHO, 2018).

Nesse sentido, recomenda-se que estratégias para diminuir o comportamento sedentário dos adolescentes sejam criadas e que os profissionais e professores de Educação Física auxiliem nesse processo. Esses profissionais devem discutir os prejuízos do excesso do comportamento sedentário, mostrar maneiras de fazer pausas durante o tempo sedentário e incentivar a prática de atividade física. Além disso, tendo em vista que as tecnologias chegaram à vida das pessoas para ficar, uma possibilidade é criar estratégias que envolvam as próprias tecnologias para diminuir o comportamento sedentário, como o uso de videogames e aplicativos de smartphones que incentivem o movimento.

Ana Elisa Messetti Christofoletti é bacharela e licenciada em Educação Física (Unesp/Rio Claro), mestre em ciências da motricidade (Unesp/Rio Claro), doutoranda em ciências da motricidade (Unesp/Rio Claro), professora substituta do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) – campus Sertãozinho e membro do grupo de estudos e pesquisas na Profissão de Educação Física (GEPPEF) – Unesp/Rio Claro.

Referências

CHRISTOFOLETTI, A.  E.  M. Características de aplicativos de smartphones para a redução do comportamento sedentário de adolescentes no tempo livre. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Biociências, Rio Claro, 2018, 140 p.World Health Organization (WHO). Global actionplanonphysicalactivity 2018–2030: more activepeople for a healthier world, 2018.