Confederação Brasileira de Karatê cria programa de prevenção e enfrentamento ao assédio e abuso no esporte

Entre as principais iniciativas estão a abertura de um canal específico para denúncias e a elaboração de um manual de conduta e procedimento

Gestão Esportiva
29 de setembro de 2020
Por PAULO PINTO I Fotos ARQUIVO
Curitiba – PR

Em consonância com o Instituto Olímpico Brasileiro (IOB), a Confederação Brasileira de Karatê (CBK) criou seu próprio programa de enfrentamento e combate ao assédio e ao abuso no esporte. O programa prevê a disponibilização de um canal específico para denúncias, palestras e a elaboração de um manual de conduta e procedimento, entre outras ações que visam a educar, coibir e, se necessário, punir aqueles que transgridam as normas estabelecidas.

Simone Reis, advogada e faixa preta ni-dan

Advogada, faixa preta ni-dan (2º dan), membro da comissão de direitos humanos, árbitra estadual, nacional e internacional, a professora Simone Reis explicou à Budô que o programa da CBK destina-se especificamente ao karatê.

“O Comitê Olímpico do Brasil oferece um curso que foca o assédio e o abuso no esporte de forma mais abrangente e que atende as necessidades de todas modalidades. Estamos trabalhando especificamente no ambiente do karatê, que possui especificidades e peculiaridades.”

Canal para denúncias

“Por meio do programa de enfrentamento e combate ao assédio e ao abuso no esporte, a Confederação Brasileira de Karatê vai criar um canal exclusivo para a realização de denúncias que envolvam qualquer tipo de situação. “Estamos prontos para ouvir as queixas, sem intermediários e com todo respeito, sigilo e seriedade necessários”, disse Simone Reis, que faz um apelo aos praticantes.

“Quem agir de forma neutra em situações que envolvam qualquer tipo de injustiça, veladamente estará escolhendo o lado do opressor e, assim, perpetuando a violência. Por meio deste projeto a CBK disponibilizará uma rede de acolhimento na qual o praticante agredido terá vez e voz, proporcionando a quem precisa condições para que se plante uma semente para as futuras gerações a partir de um ambiente íntegro e saudável também nos tatamis”, concluiu Simone Reis.

Letícia Clemente, psicóloga e karateca primeiro kyo

A karateca primeiro kyo e psicóloga Letícia Clemente detalhou a importância desse projeto sob o ponto de vista clínico. “A sensibilização acerca da existência de violências, suas decorrências e uma escuta qualificada é tão importante quanto entender as leis de proteção e as garantias inerentes à pessoa humana na órbita democrática. O projeto da CBK, desse modo, tem como propósito facilitar o processo de denúncia por meio de uma rede de acolhimento para a vítima e sua família, dando o suporte necessário tanto na esfera psicológica quanto na judicial”, explicou Letícia Clemente.