Do sonho ao lugar mais alto do pódio paralímpico

Na semifinal, Nathan Torquato venceu o italiano Antonino Bossolo por 37 a 34 © Rogério Capela / CPB

Nathan Torquato faz história e conquista a medalha de ouro para o Brasil nos 61k da classe K44 do parataekwondo, modalidade estreante em Tóquio 2020

Fonte Giulia Ciccarelli / CBTKD
3 de setembro de 2021 / Rio de janeiro (RJ)

Quem disse que sonhos não se tornam realidade? Quando Nathan Torquato tinha apenas 3 anos de idade encantou-se com os movimentos dos jovens que viu numa academia. Hoje, comemora a conquista de uma medalha de ouro inédita nos Jogos Paralímpicos. O taekwondo brasileiro fez uma estreia perfeita no esporte que também estava estreando em Tóquio.

Nathan com Rodrigo Ferla (coordenador técnico do parataekwondo) e Elisa Pilarsk (fisioterapeuta) da seleção brasileira de taekwondo © Rogério Capela / CPB

O brasileiro de 20 anos sagrou-se campeão paralímpico da categoria até 61k da classe K44, que inclui atletas com deficiência unilateral em um dos membros superiores, com vitória oficial.

“Recebi a notícia da conquista da nossa primeira medalha de ouro na história do parataekwondo com muita felicidade, pois acompanho atentamente o trabalho da nossa comissão técnica, desenvolvido com enorme comprometimento e dedicação dos nossos treinadores, aliado ao altíssimo nível técnico do atleta Nathan Torquato. Acredito que virão mais duas medalhas de ouro com a Silvana e a Débora”, previu Rivanaldo Ferreira, vice-presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD).

Nathan Torquato começou no taekwondo aos 3 anos de idade, quando sua mãe Rose Sodario o levava todos os dias à escolinha e no caminho passavam por uma academia na qual várias pessoas treinavam uniformizadas. Ele não conhecia o esporte, claro, mas já se deslumbrava com os lindos golpes que via através do vidro da academia.

Feliz e num gesto de gratidão e amor à Pátria, Nathan percorre a área de combate com a Bandeira do Brasil © Rogério Capela / CPB

Com o tempo Nathan começou a pedir à mãe para matriculá-lo, até que um dia ela resolveu realizar o sonho do filho. Aos 6 anos Nathan já participava de competições de alto nível infantil e aos 12 passou à categoria cadete do taekwondo convencional, na qual ficou até os 15 anos, chegando a classificar-se para o mundial de 2014, e integrou a seleção brasileira por dois anos.

O sonho olímpico para muitos é um desafio, do qual Nathan não desistiu nem por um minuto. Nathan recebeu todo o suporte da Confederação Brasileira de Taekwondo e do seu técnico Rodnei, que desenvolveu um trabalho em conjunto com os técnicos Rodrigo Ferla e Alan Nascimento. Nathan recebeu um kit de colete eletrônico e um programa de treinamento tático direcionado, planejado e individualizado, baseado nos dados dos adversários que Nathan iria enfrentar.

A fisioterapeuta Elisa Pilarski realizou um trabalho preventivo diário com os atletas, para evitar lesões e para que Nathan e os demais paratletas se encontrassem na melhor forma possível.

Nathan Torquato exibe o ouro conquistado em Tóquio © Rogério Capela / CPB

O caminho de Nathan até o ouro

Na fase classificatória Nathan venceu Parfait Hakizimana, do Time de Refugiados, por 27 a 4. Nas quartas de final, superou o japonês Mitsuya Tanaka por 58 a 24. Na semifinal, a vitória foi sobre o italiano Antonino Bossolo por 37 a 34.

Foram três vitórias até a decisão, quando enfrentaria o egípcio Mohamed Elzayat. Contudo, o adversário não apresentou condições de luta e a medalha de Nathan foi confirmada após interrupção do árbitro nos primeiros segundos da final, após os primeiros movimentos. Pelas regras da WT, quando um atleta desmaia, precisa ser afastado pelo período de 30 dias para não haver risco de concussão.

Na semifinal, Daniil Sidorov, do Comitê Paralímpico Russo estava vencendo Mohamed Elzayat, mas aplicou um golpe irregular e foi eliminado. O atleta egípcio foi declarado vencedor e qualificado para disputar o ouro, mas precisou ser retirado de maca e, ao entrar nos tatamis para a decisão contra Nathan Torquato, não reunia as condições necessárias para lutar.