Em meio à luta contra o câncer, judoca gaúcho conquista almejada faixa preta

Luiz Bayard, César de Castro Cação, Iugo Fuke Urakami, Almerindo Batista e Eduardo Ferreira

Superar limites e desafios é algo que todo judoca vive, desde que inicia e dá os primeiros passos nos tatamis como faixa branca.

Desde cedo, todo praticante aprende nos tatamis que, tanto no judô quanto na vida, derrotas e vitórias estão sempre por perto. De judogi se aprende a cair para em seguida levantar-se. E assim, o judoca não desiste e segue adiante ainda mais forte.

Lições essas que o mais novo faixa preta do Rio Grande do Sul conhece muito bem. Iugo Fuke Urakami, da associação de Judô Gaba, recebeu em meados de julho, a sonhada graduação em meio a uma das mais complicadas batalhas de sua vida. Há cerca de um ano e meio o judoca de 39 anos enfrenta uma luta contra o câncer e, enquanto manteve condições físicas, não deixou o curso de lado.

A entrega da nova graduação foi feita em uma cerimônia especial, na própria Gaba, com a presença de César de Castro Cação, presidente da Federação Gaúcha de Judô; Luiz Bayard, diretor técnico da entidade; Almerindo Batista, professor kodansha 8º dan, membro do Conselho de Kodanshas da FGJ; e sensei Eduardo Ferreira, entre outros. O momento de alegria, emoção e satisfação antecedeu a nova fase do tratamento iniciada nos dias seguintes, com a nova série de sessões de quimioterapia.

Ver Iugo com a faixa preta na cintura serve de inspiração. “Ele passou a ser um incentivo para aqueles que pensam em desistir de fazer o exame para faixa preta por qualquer motivo. Iugo teria todos os motivos para desistir, mas está firme e perseverante”, afirmou sensei Eduardo Ferreira, testemunha próxima das batalhas de Iugo.

Iugo Fuke Urakami recebendo sua faixa preta

E testemunhas não faltaram para ver Iugo ser promovido. “No dia da outorga de sua faixa preta, conseguimos reunir amigos que começaram com ele muito novinhos. Reunimos nos tatamis pessoas que não chegaram à faixa preta, mas que ficaram sabendo da história e vieram para prestigiar”, contou o professor Ferreira.

“Foi uma cerimônia muito emocionante”, definiu César de Castro Cação. “Muitas pessoas com quem conversamos destacaram a dedicação dele com o judô. Iugo é um exemplo. Era um sonho dele ser faixa preta e com certeza ele é merecedor”, destacou o presidente da FGJ.

“Apesar de todas as dificuldades inerentes ao tratamento, Iugo sempre se manteve firme e focado em seu objetivo”, ressaltou Luiz Bayard. “O esporte nos presenteia momentos como este, que nos dão força e ânimo para seguir adiante”, disse. “Foi uma honra participar desta solenidade de promoção do Iugo, que tem uma história muito bonita de dedicação e valorização do judô”, concluiu o diretor técnico da FGJ.

Retorno ao judô depois da faculdade

Hoje, a batalha é pela saúde, mas Iugo já teve outros tantos desafios antes. Na sua primeira passagem pela Associação de Judô Gaba, chegou até a faixa marrom. Nesse caminho obteve títulos e um bom desempenho que lhe asseguraram o reconhecimento da própria FGJ, como atleta destaque nos primeiros anos da década passada.

Em seguida, Iugo deixou o judô um pouco de lado para dedicar-se aos estudos. Venceu e formou-se em jornalismo. Aí, quando voltou à Gaba, a meta era a faixa preta, alcançada agora.