Implacáveis, Rafaela Silva e Mayra Aguiar conquistam o ouro e projetam o Brasil na Hungria

Determinada na vitória, Mayra Aguiar literalmente passou o carro sobre as adversárias

Seleção brasileira termina o Grand Prix de Budapeste em segundo lugar, atrás apenas do Japão, que totalizou cinco ouros e três pratas. O Brasil conquistou duas medalhas de ouro e duas de prata

Grand Prix de Budapest 2019
14 de julho
Fonte LARA MONSORES I Por PAULO PINTO Fotos EMMANUELE DI FELICIANTONIO/FIJ
Curitiba – PR

Mais uma vez a seleção brasileira feminina se impôs na Europa, mantendo o Brasil no grupo de elite do judô mundial. Neste domingo (14), a gaúcha Mayra Aguiar conquistou o ouro no Grand Prix de Budapeste na categoria meio-pesado feminina (78kg). Com o ouro de Rafaela Silva e as pratas de Ketleyn Quadros (63kg) e João Macedo (81kg), o Brasil fechou o torneio em segundo lugar no quadro geral de medalhas, perdendo apenas para o Japão, que teve cinco ouros e três pratas em Budapeste.

Rafaela Silva venceu suas três primeiras lutas por ippon

Bicampeonato em Budapeste, e uma campanha memorável na temporada

Rafaela Silva segue colecionando pódios na temporada 2019. Nesta sexta-feira (12), primeiro dia de disputa do Grand Prix de Budapeste, na Hungria, a campeã olímpica enfileirou adversárias e conseguiu uma revanche na final contra a kosovar Nora Gjakova para ficar com o bicampeonato da competição húngara. Foi o segundo ouro consecutivo da brasileira no Circuito Mundial FIJ e seu sexto pódio no ano. Há dois meses, ela foi campeã do Grand Slam de Baku. Com a conquista desta sexta, Rafaela passa a ter dois ouros e quatro pratas em 2019.

“Fiz uma competição boa. Consegui aproveitar bastante os treinamentos que fizemos em Alicante e em Valência para praticar algumas técnicas que eu vinha trabalhando e soltar mais golpes”, avaliou a campeã.

Nas preliminares, Rafaela foi impecável, vencendo três lutas seguidas por ippon. Primeiro, projetou Hadeel Elalmi, da Jordânia. Nas oitavas de final, projetou e imobilizou Carla Mascaro, da Espanha, para avançar às quartas de final. Novamente, a vitória veio no chão, com imobilização sobre a experiente austríaca Sabrina Filzmoser, de 39 anos.

O duelo mais duro das preliminares ficou para a semifinal, quando Rafaela encarou a dona da casa, Hedvig Karakas. Motivada pela torcida no ginásio, a húngara entrou agressiva e conseguiu forçar dois shidôs à brasileira. Rafaela teve de reagir e conseguiu um contragolpe no golden score, marcando o wazari que a levou à sua sexta final no ano.

Focada na classificação olímpica, em Budapeste Ketleyn Quadros conquistou pontos importantes no ranking internacional

O duelo pelo ouro foi uma reedição da final do Grand Prix de Tbilisi, da qual Rafaela saiu com a prata. Mais atenta desta vez, a brasileira apostou nos seus eficazes golpes de contra-ataque, esperou as entradas de Gjakova e revidou duas vezes, marcando dois wazari (ippon).

“Eu já estava entalada com essa final da Geórgia, que perdi para essa adversária. Então, desta vez, fui com um pouco mais de sangue nos olhos. Estou feliz com meu desempenho neste ano. É manter o foco agora, seguir firme nos treinos para os Jogos Pan-Americanos e para o Campeonato Mundial”, concluiu.

Ketleyn Quadros e João Macedo faturam pratas no segundo dia de Budapeste

No segundo dia de disputa outros dois brasileiros chegaram às finais de suas categorias e trouxeram mais duas medalhas para o País. A dobradinha veio com Ketleyn Quadros (63kg) e João Pedro Macedo (81kg), ambos vice-campeões em Budapeste.

Em preparação para representar o Brasil no Campeonato Mundial de Tóquio, Ketleyn Quadros mostrou segurança nos golpes e passou bem pelas preliminares. Venceu Lubjanan Piovesana (Grã-Bretanha), Edwige Gwend (Itália), Karolina Talach (Polônia), Dena Pohl (Alemanha) e Szofi Ozbas (Hungria).

João Macedo surpreendeu e conquistou sua primeira medalha em grand prix

Na final, encarou a japonesa Masako Doi em combate estratégico que terminou sem pontuações no placar. Ketleyn defendeu bem os poucos ataques da japonesa, que já havia sido punida duas vezes por pegada irregular, mas acabou sofrendo três punições.

“Uma medalha no circuito mundial a esta altura traz confiança para o mundial, no sentido de mostrar que estamos no caminho certo na preparação. Tenho muito que agradecer, tanto os treinos disponibilizados pela CBJ quanto pelo meu clube Sogipa, muito comprometido com essa causa de 2020”, afirmou Ketleyn, que somou mais 490 pontos no ranking mundial na busca classificação para a sua segunda Olimpíada.

A segunda medalha brasileira no sábado veio com o meio-médio João Pedro Macedo. Ele chegou à final de uma categoria que contava com alguns top 10 do mundo, como Sagi Muki, Frank de Wit, Ivailo Ivanov e até o campeão olímpico Khasan Khalmurzaev.

Na final, Mayara Aguiar venceu a japonesa Ruika Sato

Mas todos ficaram pelo caminho e a final acabou sendo protagonizada por duas surpresas: o brasileiro e o georgiano Tato Grigalashvili, de apenas 19 anos.

Depois de passar por Timo Cavelius (Alemanha), Jim Heijman (Holanda), Antonio Esposito (Itália) e Ruslan Mussayev (Cazaquistão), João encarou o dominicano Madickson Del Orbe na semifinal e não teve vida fácil. Sofreu um wazari, mas conseguiu buscar o ippon para garantir-se na final.

Na luta pelo ouro, porém, o brasileiro não conteve os eficazes ataques de Grigalashvili e caiu de wazari duas vezes. Apesar da derrota, a prata teve um quê de especial para o judoca.

“Essa é minha primeira medalha em grand prix. Estou muito agradecido por tudo o que aconteceu hoje. Consegui fazer boas lutas e agora o treinamento segue para os próximos desafios. Agradeço aos meus parceiros de treino, meu clube, minha família, amigos que me apoiam e a Deus também”, comemorou o atleta, que defende a Sogipa, do Rio Grande do Sul.

Na disputa do ouro a campeã olímpica deu o troco a kosovar Nora Gjakova, sua algoz no Grand Prix de Tbilisi

Mayra Aguiar bate japonesa na final e é campeã do Grand Prix de Budapeste

De volta ao palco em que se sagrou bicampeã mundial em 2017, Mayra mostrou que realmente se sente em casa na capital húngara, e não deu chances às adversárias.

“Foi um dia maravilhoso. Relembrei o mundial de 2017, saindo, mais uma vez, com o ouro. Então, é um gostinho muito especial mesmo”, comemorou a gaúcha.

Na estreia, ela derrotou Fei Chen, da China, com um wazari e foi soberana diante da jovem Patrícia Sampaio, de Portugal, vencendo-a por ippon nas quartas de final.

A semifinal foi uma prévia do que Mayra pode esperar nos Jogos Pan-Americanos de Lima, já que enfrentou a cubana Kaliema Antomarchi, sua principal adversária nesse torneio nos últimos anos, desde que a americana Kayla Harrison pendurou o judogi.

Sem maiores ameaças, Mayra entrou agressiva e liquidou o duelo com um ippon para encontrar, na final, a japonesa Ruika Sato, número 7 do mundo.

O pódio do peso leve feminino

Paciente e atenta, a campeão meio-pesado preferiu não se expor e apostou na tática para dominar o kumi-kata. Antecipou ataques e forçou três punições por passividade para vencer mais um duelo contra a japonesa. Completaram o pódio a cubana Kaliema Antomarchi e a britânica Natalie Powell, com os bronzes.

“Enfrentei competidoras duríssimas, possíveis adversárias tanto nos Jogos Pan-Americanos quanto no mundial. Por isso, eu já entrei nessa competição sabendo que seria um ótimo treinamento também para as duas principais competições do ano. Estou saindo daqui superfeliz, empolgada e com muita vontade”, avaliou Mayra.

O Grand Prix de Budapeste 2019 realizou-se na László Papp Budapest Sports Arena e recebeu 544 judocas, sendo 339 homens e 206 mulheres, vindos de 82 países e cinco continentes.

O pódio do peso meio-médio feminino

O Brasil foi à Hungria com a equipe feminina composta pelas judocas Eduarda Francisco (48kg), Larissa Pimenta (52kg), Eleudis Valentim (52kg), Rafaela Silva (57kg), Tamires Crude (57kg), Ketleyn Quadros (63kg), Maria Portela (70kg), Ellen Santana (70kg), Mayra Aguiar (78kg), Maria Suelen Altheman (+78kg), Beatriz Souza (+78kg) e o técnico Mário Tsutsui.

No masculino, o Brasil teve Phelipe Pelim (60kg), Ítalo Carvalho (60kg), Diego Santos (66kg), Jeferson Santos Jr (73kg), Leandro Guilheiro (81kg), João Pedro Macedo (81kg) e Matheus Assis (90kg), que foram à Hungria por meio do processo de adesão.

O pódio do peso meio-médio masculino

Sogipa brilha e marca grande presença no pódio em Budapeste

Um dos clubes com maior investimento no judô nacional, a Sogipa faturou nada menos que 75% das medalhas alcançadas pelo Brasil na Hungria.

Com as medalhas de Mayra Aguiar, ouro no meio-pesado; Ketleyn Quadros, prata no meio-médio; e João Macedo, prata no meio-médio; o clube do bairro São João de Porto Alegre apresenta-se nos cenários nacional e internacional da modalidade como referência no alto rendimento.

E a consistência do trabalho desenvolvido na atualidade pela sua comissão técnica pode ser facilmente avaliado com uma simples consulta no resultado obtido pelo Brasil uma semana antes, em Montreal, no Canadá. Lá o Brasil obteve cinco medalhas de bronze e três delas foram conquistadas por judocas da equipe gaúcha: Aléxia Castilhos (63kg), Rafael Macedo (90kg) e Leonardo Gonçalves (100kg).

O pódio do peso meio-pesado feminino

Top Five em Budapeste

1º- Japão              5              3             0

2º – Brasil              2              2             0

3º – Kosovo         1              2             0

4º – Espanha        1              1             2

5º – Mongólia       1              1             0