Judô despede-se de Shigueto Yamasaki, árbitro brasileiro em quatro Jogos Olímpicos

Shigueto Yamasaki 1940 – 2021 © Budopress

Professor kodansha hachi-dan (8º dan) foi uma das maiores referências na arbitragem mundial, tendo atuado em 12 finais olímpicas

Memória
19 de janeiro de 2021
Fonte LARA MONSORES I Fotos PAULO PINTO/BUDOPRESS
Curitiba – PR

O judô brasileiro está de luto. Faleceu, na manhã desta terça-feira (19), em São Paulo, o professor e árbitro FIJ A de judô Shigueto Yamasaki, aos 88 anos. Ele foi uma das maiores referências da arbitragem brasileira, tendo arbitrado em quatro edições de Jogos Olímpicos e diversos Campeonatos Mundiais. A informação foi confirmada por seu filho e ex-atleta da seleção brasileira de judô, Shigueto Yamasaki Júnior.

Campeonato Sul-Americano de Judô (1974) na Argentina, Shigueto Yamasaki, Carlos Catalano Calleja e Dante Kanayama © Família Catalano Calleja

“Meu pai fez sua última luta hoje. Descanse em paz agora nos braços de Deus. Agradeço a todos pelas orações”, disse.

Filho de imigrantes japoneses, Shigueto Yamasaki nasceu em 12 de junho de 1932 e iniciou no judô ainda criança, em Tremembé (SP), com o professor japonês Matsuoka. Foi aluno do Sensei Katsumata, em São Paulo, em 1940, e em seguida ingressou no Hombu Budokan do lendário professor Ryuzo Ogawa, onde formava um time de peso ao lado de grandes nomes do judô brasileiro, como Massao Shinohara, Tadao Nagai, Torasuke Ono, Fukui Nakano, Augusto Cordeiro, Akira Yamamoto, Hikari Karachi, entre outros.

Fundou sua academia em 1957, formando judocas de destaque nos cenários nacional e internacional. Entre eles, seu filho Shigueto Yamasaki Júnior, que representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Barcelona 1992 e foi campeão nos 60kg nos Jogos Pan-Americanos de Havana, em 1991.

Um dos maiores árbitros FIJ A

 12 finais olímpicas e legado para a arbitragem brasileira

Mas, sua grande carreira foi como árbitro, sendo considerado um dos maiores árbitros de judô de todos os tempos. Ao todo, arbitrou, nada menos, do que 12 finais olímpicas e algumas lutas históricas, como a final, em Montreal entre o russo Vladimir Nevzorov e o japonês Koji Kuramoto e ainda a final do absoluto entre Haruki Uemura, do Japão, e o inglês Keith Remfry, com vitória do primeiro que, atualmente, é o presidente do Instituto Kodokan, do Japão.

Em Montreal 1976 aconteceu a estreia do sensei Yamasaki em Jogos Olímpicos e ele foi eleito o melhor árbitro do evento, tendo atuado em cinco finais. Arbitrou ainda em Moscou 1980 (três finais), Los Angeles 1984(três finais) e Seul 1988 (uma final).

Shigueto Yamasaki e Sandra Yamasaki

Como todo bom mestre, repassou seus conhecimentos aos seus alunos contribuindo para que toda uma geração de árbitros brasileiros chegasse ao todo do quadro de arbitragem da Federação Internacional de Judô. Entre eles, presidente da CBJ, Silvio Acácio Borges, e o também árbitro olímpico Edison Minakawa (Londres 2012 e Rio 2016), hoje, coordenador nacional de arbitragem da CBJ.

Em 2020, Shigueto Yamasaki foi um dos homenageados pela CBJ no Webinar – Desafios da Arbitragem. Essa foi sua última participação em eventos oficiais da entidade.

Neste momento a diretoria da Federação Paulista de Judô se une em oração à família Yamasaki e amigos para que esta perda possa ser compreendida com a esperança do conforto de Deus.

 

Fontes Bibliográficas: Stanley Virgílio. Personagens e histórias do judô brasileiro.
Editora Átomo, 2002. Campinas, São Paulo. Chuno Mesquita. Judô… Da Reflexão à Competição. Caminho Suave. Editora Galenus, 2014. Rio de Janeiro, RJ.