Judoca peso leve, Lúcia Araújo conquista o bronze nas Paralimpíadas de Tóquio

Lúcia Araújo diz que se entendeu como deficiente visual apenas aos 27 anos © Takuma Matsushita / CPB

Para garantir o terceiro pódio paralímpico da carreira, a brasileira venceu Natalia Ovchinnikova, do Comitê Paralímpico Russo na disputa do bronze

Fonte Isto é e Lance!
28 de agosto de 2021 / Curitiba (PR)

Assim como aconteceu no Rio 2016, Lúcia Araújo foi a primeira medalhista brasileira no judô na Paralimpíada de Tóquio 2020. Prata há cinco anos (e também em Londres), a judoca paulista conquistou o bronze no Japão ao derrotar a russa Natalia Ovchinnikova por ippon na categoria 57kg pela classe B3.

Bronze de Lúcia é a terceira medalha paralímpica de sua carreira. Ela foi prata no Rio 2016 e em Londres 2012 © Takuma Matsushita / CPB

A vitória de Lúcia veio em uma luta bastante equilibrada e de pouco espaço, com ambas judocas se defendendo e trabalhando muito bem a disputa de pegada. Depois de um shidô, bastaram 30 segundos para Lúcia jogar a russa de wazari e assegurar a medalha por ippon, com osae-komi.

“É sempre uma emoção. Vim preparada para ser campeã, mas como perdi a disputa da prata, não me via voltando para casa sem nada. Então esse bronze vale ouro. É fruto de todo um trabalho, uma preparação”, afirmou Lúcia Araújo, logo após o combate.

Após o pódio a judoca paulista disse que o bronze de Tóquio vale ouro e que o mesmo foi fruto de muito trabalho e dedicação © Takuma Matsushita / CPB

A judoca paulista estreou com vitória sobre a argentina Laura Gonzalez também por ippon. Na luta seguinte, enfrentou a uzbeque Parvina Samandarova, segunda colocada no ranking mundial, mas caiu de wazari que foi seguido do osae-komi, aos 13 segundos de luta. Pouco depois, a brasileira voltou aos tatamis para a disputa do bronze e venceu.

Lúcia com o técnico Alexandre Garcia após a conquista de sua terceira medalha paralímpica © Takuma Matsushita / CPB

Dos tatamis para o mundo

Lúcia Araújo conheceu o judô aos 15 anos, por meio dos irmãos mais velhos, e sempre praticou entre pessoas sem deficiência. Por isso, não conseguia competir bem, porque antes que ela conseguisse encontrar a pegada da rival, era derrubada. Um belo dia, conheceu Renata Hermenegildo, atleta do goalball que foi aos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004.

“Ela me apresentou a associação que eu faço parte, mostrou que existe possibilidade para pessoas com deficiência. Eu tendo baixa visão e ela, sendo cega, tinha uma vida muito mais ativa e independente do que eu. Eu vim me entender como deficiente visual somente aos 27 anos. E foi a Renata que me mostrou isso. Que eu podia fazer o que eu quisesse. Estudar, fazer um esporte, ser independente. E o fato de eu ter uma deficiência não era nada”, conta Lúcia.

O pódio do peso leve (57kg) © Takuma Matsushita / CPB

Na Paralimpíada, o judô é disputado por atletas com deficiência visual e dividido em três categorias, de acordo com o grau de deficiência. A B1 é para cegos totais, a B2 para percepção de vultos, e a B3 com definição de imagens. Como as três categorias disputam entre si em suas respectivas faixas de peso, a modalidade paralímpica inicia já com ambos judocas com a pegada encaixada, chamada kumi-kata. Assim, aqueles que têm menor grau de visão não saem prejudicados.