Judocas paulistas elogiam experiência no Japão proporcionada pela FPJudô e Ajinomoto do Brasil

Vista noturna da Tower Tokyo

Ação inédita proporcionou grande aprendizado aos judocas da base que, durante as três semanas, treinaram na Budo University, em Katsuura, e na Shutoku High School e no Instituto Kodokan, em Tóquio

Intercâmbio técnico no Japão
20 de novembro de 2019
Por ISABELA LEMOS I Fotos BUDOPRESS
São Paulo – SP

Após 20 dias no Japão, a equipe sub 18 e membros da delegação paulista comentaram os resultados da viagem. O roteiro incluiu o interior do país, onde fica Katsuura (província de Chiba) e a capital Tóquio. Primeiro, os judocas treinaram na International Budo University; já em Tóquio, o treinamento ocorreu no renomado Instituto Kodokan e na Shutoku High School.

Atletas da base e professores paulistas no Instituto Kodokan

A viagem, resultado da parceria entre a Ajinomoto do Brasil e a Federação Paulista de Judô (FPJudô), teve o intuito de proporcionar estágio e intercâmbio de alta qualidade técnica aos atletas que ocupam o topo do ranking do judô paulista da classe juvenil masculina e feminina.

Treino no dojô central do Instituto Kodokan

O presidente da FPJudô, Alessandro Puglia, enfatizou que todos os esforços devem priorizar a base e o fomento de novas gerações de praticantes, professores e atletas para o alto rendimento.

“Quando iniciamos este projeto com a Ajinomoto do Brasil, não calculamos a dimensão que atingiria e nem o impacto que teria no judô paulista no curto prazo. Muitas questões surgiram durante a viagem, mas o fato marcante é termos certeza de que realmente acertamos ao premiar os judocas da base com uma experiência dessa amplitude, no berço do judô”, disse o dirigente.

Treinamento no Centro de Pesquisa Nippon Budokan Training Center, da International Budo University

“Estamos certos de que a viagem causou mudanças importantes na vida de todos que lá estiveram e de que a vivência no Japão agregou vivência e muita qualidade técnica ao judô dos jovens contemplados com esta experiência. Acreditamos que a iniciativa será um fator motivacional para todos os judocas da base, e todos nós colheremos frutos dela”, avaliou o professor Puglia, que finalizou agradecendo o apoio recebido.

Alessandro Puglia e Takanori Sekine no dojô da International Budo University

“Temos de levar em conta que esta iniciativa foi coroada de êxito justamente por contar com o apoio de várias entidades e empresas que abraçaram nosso projeto. Em nome da diretoria da FPJudô, faço um agradecimento especial à Ajinomoto do Brasil, nossa grande parceira nesta ação, à Budo University, Shutoku High School e ao Instituto Kodokan, assim como aos professores que acompanharam nossos atletas. Não posso deixar de fazer uma citação específica para os professores Takanori Sekine e Shuhei Okano, representantes máximos do Instituto Kodokan do Brasil, que não mediram esforços para que este projeto fosse concretizado. Lamentavelmente, o sensei Sekine já não está entre nós, mas ele sempre será lembrado com grande carinho pela dedicação e comprometimento com o judô do Estado de São Paulo”, concluiu o presidente da FPJudô.

Anna Júlia da Silva treinando na Shutoku High School

Dois colaboradores importantes do projeto da FPJudô foram os kodanshas Cléber do Carmo, de Ribeirão Preto, e Marcos Mercadante, de Araras, que muito contribuíram para o sucesso da viagem dos judocas da classe juvenil ao berço da modalidade.

Grande conhecedor do judô japonês e dos meandros da organização do país, o professor Marcos Mercadante foi o guia da equipe paulista durante o período em que a delegação esteve no Japão.

Professores Marcos Mercadante, Paulo Pi, Yoshiyuki Shimotsu e Cleber do Carmo com Koshino Tadanori, técnico da equipe masculina do Centro de Pesquisa Nippon Budokan Training Center

Professores aprovam a experiência

A professora Solange Pessoa considerou a experiência marcante devido à imersão na cultura japonesa e nos valores que a fundamentam.

“Os atletas puderam conhecer os principais alicerces culturais, como a dignidade e o respeito. Os treinamentos das meninas foram muito fortes, mesmo com a ausência da parte técnica. Havia no mínimo 20 randoris por treino e alguns duravam três horas. Todas se esforçaram muito, inclusive as japonesas, que chegaram a chorar no treino, mas lutaram até o fim. Espero que esta experiência proporcione crescimento pessoal e resultados práticos no campo do judô”, afirmou.

Delegação paulista em frente à International Budo University

Outro fator marcante na rotina de treinos dos japoneses é a busca constante pela excelência. A técnica que treina as garotas da Shutoku High School contou à professora Solange que, enquanto outros treinam uma hora, ela busca duas. Tudo o que os outros fazem, ela tenta fazer em dobro e todos os dias porque, segundo ela, o corpo e a mente trabalham na exaustão e é na perseverança que se consegue alinhar o judô para chegar às Olimpíadas.

Professores e atletas fazem o rei final no dojô do Instituto Kodokan

“Eu não vejo nenhum atleta do Japão fazendo cara feia para treinar. A professora pode dar meia ou uma hora a mais de treino que eles continuam treinando. É um diferencial, uma coisa que nós precisamos repensar com muita objetividade no Brasil”, explicou Solange.

Caio Kiwada com atleta japonês no Centro de Pesquisa Nippon Budokan Training Center

O professor Paulo Pi ressaltou a qualidade dos treinos e a experiência de vida que será levada para sempre pelos atletas.

“Pudemos ir ao berço do judô e ver de perto toda essa qualidade técnica conseguida por meio de uma metodologia de ensino única. No Brasil, isso ainda é muito espalhado. Tentamos construir algo novo, mas estamos apenas engatinhando. No Japão, vemos as crianças pequenas trabalharem os ensinamentos e, ao chegar ao ensino médio, já estão prontas tecnicamente e só precisam treinar muito. Parece que as crianças já trazem de casa valores como disciplina, hierarquia e respeito. É minha primeira vez no Japão e estou muito feliz; aprendi muito nestes 20 dias”, afirmou.

Alessandro Puglia, Kensuke Ishii, Takanori Sekine e Yoshiyuki Shimotsu na International Budo University

Para o técnico paulista, os atletas brasileiros viram que devem, sim, cair para aprender. “Às vezes o judoca pode errar, ou, se o adversário o pegou no tempo correto da luta, ele tem de ceder. A prática do judô foi feita para não machucar. Não é necessário fazer malabarismo para sair de uma técnica e acabar colocando o corpo em risco. Os brasileiros assimilaram isso e voltam para casa com o sentimento de que têm de treinar de forma mais solta, desenvolvendo a parte técnica”, explicou o professor de Atibaia.

A bicampeã mundial Abe Uta no treino da Shutoku High School

O chefe de delegação Yoshiyuki Shimotsu acredita que a experiência foi muito proveitosa, não só pelo treinamento, mas por todos viverem uma cultura totalmente diversa da brasileira.

“As pessoas no Japão são muito educadas, respeitam as normas e leis até mesmo para atravessar a rua. Pudemos estar num país de Primeiro Mundo. Valeu a pena levar estes jovens ao outro lado da Terra para verem o que é o Japão de verdade. Esperávamos um pouco mais de ensinamento por parte dos professores japoneses, mas o que valeu foi a quantidade de treino que eles fizeram”, avaliou o chefe de delegação paulista.

Aaron Wolf e Bernardo Cabrera treinando no Instituto Kodokan

Avaliação dos atletas

Ana Beatriz Silva realizou um sonho antigo. “Sempre falamos sobre o judô e a cultura do Japão”, disse, “mas nunca imaginei de fato ir até lá. Os treinos foram muito fortes, jogamos e caímos bastante, tivemos de dar o máximo e valorizar essa experiência. Aprendemos muito, ouvimos dicas, pudemos observar a cultura e o respeito que existe nesse país. É algo que acabamos transmitindo às pessoas que estão à nossa volta.”

Sarah Souza treinando no Instituto Kodokan

Bernardo Cabrera aprovou o treinamento e acha que este é o principal segredo do sucesso japonês nos tatamis. “Focados em randoris, os treinos foram muito bons e pudemos ver que não há mágica para a excelência dos japoneses. No Brasil, tendemos a achar que a escola japonesa tem uma fórmula, mas não: eles só treinam muito e com excelência. Pudemos aproveitar muito bem esses treinos. Culturalmente, em relação às pessoas e educação, o Japão é muito diferente do Brasil. Tudo é limpo e funciona bem. Ao contrário de nós, eles pensam mais no coletivo do que em si mesmos.”

Paulo Pi, Solange Pessoa, Yoshiyuki Shimotsu, Cléber do Carmo, Marcos s Mercadante, Sílvio Uehara, Akio Shiba, Aaron Wolf, o campeão absoluto do Japão e os mestres japoneses Suwa e Yamamoto no Instituto Kodokan

Paloma Soares expôs o grande aprendizado adquirido no curto espaço de tempo no Japão. “Agradeço à FPJudô e à Ajinomoto pela oportunidade única deste estágio no Japão, no qual conheci muitas coisas novas e diferentes. Fiz amizades, meu judô está melhor e pude evoluir muito. Enfrentei dificuldades por ser sempre a menor atleta dos treinos, porém, mesmo assim, consegui treinar muito bem e até jogar pessoas mais velhas e maiores que eu. Com a pouca experiência e tempo que tenho no judô, tenho certeza de que a minha evolução será grande daqui para frente.”

Treino masculino no Instituto Kodokan

Gabriel Bondezan agradeceu a oportunidade única de estar no Japão e treinar no berço do judô. “Gostaria de agradecer a todos que me ajudaram a estar aqui, porque sozinho eu não conseguiria. Foi algo incrível poder treinar com os japoneses e aprender um pouco sobre a cultura deles. Nos três lugares em que estivemos, cada um tinha uma forma única e específica de treinar. No Brasil, não encontramos isso com facilidade.”

Treinamento feminino na Shutoku High School

Anna Júlia da Silva avalia que evoluiu não somente como atleta, mas principalmente como pessoa. “Foi muito importante para mim e todo mundo. A experiência foi única, os treinos foram incríveis e muito fortes. Particularmente, eu vi alguns treinos parecidos no Brasil, mas jamais com tanta intensidade e uma rotina tão intensa. Cansei bastante, mas acho que evoluí não só como atleta, mas como pessoa. Pudemos perceber nitidamente até em pequenos gestos como os japoneses são educados e evoluídos culturalmente; agradeço imensamente a oportunidade única que nos foi oferecida pela FPJudô e Ajinomoto.”

Solange Pessoa e Yoshiyuki Shimotsu com a sensei Matsumoto, técnica da equipe feminina do da Shutoku High School

Carlos Macedo destacou que, apesar de cansativos, os treinos mostraram o enorme domínio que os japoneses têm do judô. “Gostei muito da experiência e, principalmente, de vivenciar como é o judô no seu país de origem. Lá a cultura e até mesmo as comidas são muito diferentes. Tudo isso se soma às minhas experiências e serve para me tornar uma pessoa melhor. Os treinos são muito soltos e fortes, cansam bastante, mas valem muito a pena porque agregam o enorme conhecimento dos japoneses.”

Judocas japoneses no dojô da International Budô University

Maria Eduarda Diniz espera poder transmitir aos colegas de dojô todo o conhecimento adquirido nos treinos do Japão. “Foi uma viagem maravilhosa, uma oportunidade única. Sempre quis ir ao Japão, mas nunca imaginei que iria de fato. Os treinos foram bem fortes e aprendemos muito. Espero evoluir cada vez mais e que o conhecimento adquirido no Japão possa ser útil para os colegas da minha academia.”

Carolina Caldas treinando na Shutoku High School

Aline Silva tem convicção de que o treinamento no Japão contribuiu significativamente em seu crescimento técnico. “A viagem como um todo foi incrível, uma experiência digna de levar para a vida inteira e espero ter novas oportunidades como esta que nos foi oferecida pela FPJudô e Ajinomoto do Brasil. Os treinamentos foram muito fortes e contribuíram muito para meu crescimento técnico.”

Matheus Pereira no treino da Shutoku High School

Após treinar com grandes nomes na nova geração de atletas japoneses, Gustavo Gomes afirmou que sua técnica melhorou muito. “Os treinos foram muito importantes. A oportunidade de segurar no judogi dos japoneses foi única, o kumi-kata deles é muito forte e diferente. Pudemos vivenciar a rotina de treinamento deles, que é totalmente diferente da nossa. Também treinamos com judocas que eu jamais teria a oportunidade de conhecer, atletas como Uta Abe, Shoichiro Mukai, Aaron Wolf e Ryuju Nagayama. Posso afirmar que o meu judô evoluiu muito com essa estada no Japão.”

Yoshiyuki Shimotsu, Takanori Sekine, Cléber do Carmo, Marcos Mercadante, Paulo Pi e Alessandro Puglia dão as coordenadas para os atletas recém-chegados na International Budo University

Matheus Pereira enfatizou que no Japão existe a cultura do judô: “Uma experiência muito boa e única, gostaria de agradecer à FPJudô e à Ajinomoto por algo que iremos levar para a vida toda. Levo comigo o grande conhecimento adquirido aqui, principalmente no que está relacionado à cultura do judô. Sinto que no Brasil ainda temos muito que crescer e melhorar”.

Judocas reunidas no dojô da Shutoku High School

Enfática, Beatriz Furtado destacou a grande experiência adquirida no Japão. “Os dias em que estivemos aqui no Japão foram incríveis. Tudo é muito diferente do Brasil – tanto culturalmente quanto o que se relaciona ao judô. Eu levo muito aprendizado para o Brasil, desde um simples gesto de dar a passagem ao outro até os hábitos relacionadas ao treinamento e toda a vivência com os atletas japoneses.”

Treinamento no Centro de Pesquisa Nippon Budokan Training Center

Caio Kiwada agradeceu a oportunidade única oferecida aos judocas da base. “Culturalmente, o Japão é um país muito mais evoluído e mais bem organizado que o nosso. No judô, os treinos são mais fortes e excessivamente cansativos. Agradeço a todos que me apoiaram para estar aqui, principalmente à FPJudô e à Ajinomoto do Brasil.”

Encerramento do treino com as judocas japonesas da Shutoku High School

Apesar do cansaço e sofrimento, Felipe Lima afirmou que todos evoluíram muito. “Foi uma experiência ótima para todos nós que ainda somos sub 18 e estamos para ingressar no sub 21. No Japão eu consegui ter uma visão mais ampla do meu treinamento e da minha técnica. Estou certo de que toda esta vivência resultou em grande evolução, e tudo isso é muito gratificante. Tivemos treinamentos pesadíssimos, nos quais sofremos um bocado, mas acredito que todos evoluímos muito.”

Gabriel Anselmo em treino da Budô University

Sarah Souza destacou a vivência e o aprendizado adquirido no Japão. “Foi uma experiência inesquecível, na qual aprendi coisas incríveis tanto do judô quanto das questões culturais do Japão e que levarei para toda minha vida. Posso aderir a esses comportamentos também no Brasil e transmiti-los para outras pessoas. Deu para aprender muitos valores neste período e fiquei muito feliz pela oportunidade.”

Marcos Mercadante, Paulo Pi, Cléber do Carmo, Akio Shiba, Silvio Uehara, Solange Pessoa e Yoshiyuki Shimotsu no dojô do Instituto Kodokan

Vinicius Ardina, sentiu falta de um treinamento técnico mais abrangente. “Sem dúvida alguma, o judô que os japoneses fazem é ótimo, mas senti falta de um treinamento técnico mais profundo para entender melhor como eles realizam os golpes. Os randoris que eles praticam são muito fortes. Além disso, são muito organizados, educados e desenvolvidos culturalmente. É uma ótima experiência para quem deseja conhecer este país.”

Atletas paulistas e japonesas no dojô da Budo University

Objetiva, Carolina Caldas afirmou que viveu uma experiência fantástica. “Foi uma oportunidade única que a federação paulista e a Ajinomoto proporcionaram a todos nós. Levamos muitas coisas boas dessa viagem, que vão desde a educação e coisas básicas do dia a dia, até questões mais complexas relacionadas ao treinamento e ao alto rendimento. Foi uma experiência fantástica.”

Paloma Soares na Shutoku High School

Júlia Henriques gostou muito do volume dos randoris e lembrou que fez muitas amizades com as judocas japonesas. “Vir à terra do sol nascente por si só já é uma experiência única. Fazer parte dos treinos e da rotina valeu muito a pena. Gostei bastante dos treinos e do volume muito intenso de randoris. No final também fiz muitas amizades com as japonesas.”

Júlia Henriques faz randori na Shutoku High School

Gabriel Anselmo afirmou que a viagem foi uma experiência inigualável. “Para mim, foi algo muito bom, acho que evoluí bastante dentro do judô e até mesmo fora dele com a cultura dos japoneses. Estou certo de que a estada no Japão vai acrescentar muito à minha vida. Foi uma experiência inigualável que ficará marcada para sempre. Só tenho a agradecer aos organizadores desse projeto.”

Delegação paulista junto a estátua de Jigoro Kano

Ana Beatriz Silva treinando na Shutoku High School

Professores e judocas após treino no dojô da Budo University

Aline Silva em treinamento da International Budo University

Gabriel Bondezan treinando no Centro de Pesquisa Nippon Budokan Training Center

Professores e judocas fazem o rei final no dojô do Centro de Pesquisa Nippon Budokan Training Center

Atletas se preparam para iniciar o ne-waza-randori na International Budo University

Carlos Macedo tira foto com atleta da seleção japonesa, Ryuju Nagayama

Maria Eduarda Diniz fazendo uchi-komi na Shutoku High School

Equipe feminina no dojô da Budo University

Judocas e professora Solange Pessoa na academia da International Budo University

Atletas reunidos após treino na Shutoku High School

Sarah Souza no randori da Shutoku High School

Equipe masculina na Shutoku High School

Beatriz Furtado e Sarah Souza no dojô do Instituto Kodokan

Gustavo Gomes faz selfie com a bicampeã mundial japonesa, Abe Uta

Marcos Mercadante, Cléber do Carmo e Paulo Pi no dojô do Centro de Pesquisa Nippon Budokan Training Center

Felipe de Lima, Matheus Pereira e Gustavo Gomes no Centro de Pesquisa Nippon Budokan Training Center

Atletas reunidas para selfie após treino na Shutoku High School

Atletas e professores jantando após treino na Shutoku High School

Seleção paulista no embarque de volta para o Brasil, no Aeroporto de Narita