Rafaela Silva é suspensa por dois anos por doping, mas vai recorrer ao CAS para tentar ir à Olimpíada

Rafaela Silva

Campeã olímpica, que testou positivo durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, foi comunicada da decisão na quinta-feira e agora aposta em novo advogado, Marcelo Franklin, para recorrer

Judô Nacional
25 de janeiro de 2020
Por ERICA HIDESHIMA e GUILHERME COSTA/ GloboEsporte.com I Fotos ARQUIVO
Rio de Janeiro – RJ

Rafaela Silva foi comunicada pela Federação Internacional de Judô (FIJ) que está suspensa por ter sido pega no exame antidoping realizado em agosto do ano passado, durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru. A decisão tiraria a campeã olímpica da Rio 2016 dos Jogos de Tóquio, no Japão, que iniciam no dia 24 de julho. Segundo apuração da Globo, a punição é de dois anos, e a judoca já procurou um novo advogado, Marcelo Franklin, para entrar com recurso no CAS (Corte Arbitral do Esporte), que é a última instância do direito desportivo mundial. A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) emitiu uma nota oficial dizendo que está acompanhando “os desdobramentos do processo legal referente ao caso de doping envolvendo a judoca da seleção brasileira, Rafaela Silva, com a confiança de que a justiça prevalecerá.” O Comitê Olímpico do Brasil (COB) também reforçou em nota que acompanha o caso e ressaltou que a atleta sempre testou negativo para os exames. Rafaela Silva emitiu comunicado e não vai se pronunciar.

A campeã olímpica passou por uma audiência no dia 15 de janeiro e foi notificada do resultado do julgamento no painel da FIJ nesta quinta-feira. Para recorrer ao CAS, Rafaela Silva procurou Marcelo Franklin, principal referência em antidoping no Brasil, que já defendeu atletas como Cesar Cielo, Caio Bonfim, Etiene Medeiros, Ana Cláudia Lemos e Pedro Barros. Todos foram inocentados.

– É sempre uma grande responsabilidade defender o sonho olímpico de uma atleta da importância da Rafaela, principalmente por ser inocente – disse o advogado Marcelo Franklin.

Rafaela Silva foi pega no exame antidoping durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em agosto de 2019. A PanAm Sports, que organiza essa competição, decidiu tirar a medalha de ouro da judoca, que foi conquistada na categoria leva (-57kg). No início de novembro, a carioca anunciou que entraria em uma suspensão voluntária. O exame acusou a presença de fenoterol, a mesma substância com a qual Etiene Medeiros foi flagrada, em junho de 2016. A nadadora acabou inocentada na ocasião. Esse ativo tem efeito broncodilatador e costuma ser usado em tratamento de doenças respiratórias, como a asma. A substância causa aumento de performance, uma vez que permite melhor troca gasosa entre o sangue e o pulmão.

Emocionada, a campeão olímpica exibe o ouro conquistado no Rio 2016

Na audiência por videoconferência do último dia 15, a antiga defesa da atleta, feita pelo advogado Bichara Neto, se baseou na possibilidade da contaminação ter acontecido a partir do contato com um bebê. Lara, de sete meses, é filha de outra judoca do Instituto Reação, Flávia Rodrigues, e faz uso de medicação contra asma. O contato com a criança teria acontecido em 4 de agosto, na véspera do embarque para Lima.

A judoca soube do seu caso de doping no Mundial de Judô de Tóquio, no Japão, no fim de agosto. No mesmo dia, disputou o Campeonato Mundial, conquistou a medalha de bronze e fez um novo exame de doping, que deu negativo. Ou seja, ela não foi pega no doping durante o Mundial, disputado 20 dias após o Pan de Lima.

A carioca tem no currículo o título mundial de 2013 e a medalha de ouro na Olimpíada do Rio em 2016, além de outras três pratas e dois bronzes em Campeonatos Mundiais. Em 2019, foi campeã dos Jogos Pan-Americanos pela primeira vez – mas perdeu a medalha.

Nota oficial Rafaela Silva

Leia a nota oficial da CBJ

“A Confederação Brasileira de Judô seguirá acompanhando os desdobramentos do processo legal referente ao caso de doping envolvendo a judoca da seleção brasileira, Rafaela Silva, com a confiança de que a justiça prevalecerá.

Rafaela Silva é campeã olímpica e mundial, exemplo de superação dentro e fora dos tatames e um dos maiores ídolos do esporte brasileiro. A CBJ prestará o suporte que lhe couber e só se pronunciará novamente após a decisão final do processo.”

Leia a nota oficial do COB

“O Comitê Olímpico do Brasil (COB) acompanha atentamente o processo envolvendo a judoca campeã olímpica e mundial Rafaela Silva.

Uma das maiores referências do esporte brasileiro, Rafaela possui uma carreira repleta de títulos, incluindo o ouro nos Jogos Olímpicos Rio 2016, que a transformou em uma das principais atletas do Brasil.

Com dedicação e talento, a atleta vem se mantendo no topo de sua modalidade há anos. Por isso, Rafaela foi frequentemente submetida a testes de controle de doping, sempre com resultados negativos.

Assim, o COB aguarda a decisão final do caso e ressalta que a atleta ainda possui o direito de recurso para a Corte Arbitral do Esporte.

Enfatizamos o compromisso do Comitê Olímpico do Brasil com o esporte limpo e o papel educativo da entidade para o tema”.