Sheik Ahmad vai a julgamento em Genebra no fim do mês

Sheik Ahmad al-Fahad Al Sabah, faz um discurso em Tóquio © AFP

O presidente afastado da Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais (ANOC), sheik Ahmad al-Fahad al-Sabah, será julgado num caso de falsificação, cujo desfecho pode ter grande repercussão no movimento olímpico

Poder
14 de fevereiro de 2021
Fonte DUNCAN MACKAY / Inside the Games
Grã-Bretanha

O sheik Ahmad al-Fahad al-Sabah foi uma das cinco pessoas acusadas em novembro por promotores suíços de criar vídeos falsos para provar que dois funcionários do governo do Kuwait eram culpados de conspiração de golpe e corrupção.

Os advogados do sheik confirmaram que ele comparecerá à audiência marcada por um tribunal criminal em Genebra, que ocorrerá de 22 a 26 de fevereiro, informou a Associated Press.

O sheik Ahmad sempre negou as acusações, mas renunciou temporariamente aos cargos que ocupa no Comitê Olímpico Internacional (COI) e à presidência da Associação dos Comitês Olímpicos Nacionais (ANOC) enquanto se aguarda o resultado do caso.

Sheik Ahmad al-Fahad al-Sabah com o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach © OCA

Ex-secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Ahmad al-Fahad al-Sabah, de 57 anos, é um dos membros mais antigos do COI, tendo sido nomeado em 1992, e um dos mais influentes agentes do esporte mundial. Ajudou Thomas Bach a tornar-se presidente do COI e apoiou a candidatura de Tóquio para sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2020.

Em dezembro de 2013, aliados do sheik Ahmad alegaram possuir fitas que supostamente mostravam que o ex-primeiro-ministro Nasser Al-Mohammed e o ex-presidente do Parlamento Jassem Al-Kharafi estavam discutindo planos para derrubar o governo do Kuwait.

Em dezembro de 2015, sheik Ahmad foi condenado por desrespeito a um promotor público e atribuição de uma crítica à autoridade máxima do país sem permissão especial do tribunal do emirado. Recebeu uma pena que posteriormente foi suspensa de seis meses de prisão e multa de 1.000 dinar do Kuwait (cerca de 2.727 euros). Em janeiro de 2016, no entanto, o tribunal de apelações do Kuwait anulou a decisão anterior e inocentou Ahmad de todas as acusações.

O sheik Ahmad alegou que Al-Mohammed entrou com uma ação criminal contra ele na Suíça numa tentativa de prejudicar sua reputação. “Todo o assunto é baseado em alegações que são maliciosamente motivadas por facções políticas dentro do Kuwait desde 2012”, disse um representante do acusado em 2018.

“Ele está absolutamente determinado a obter a absolvição total e está confiante no resultado positivo do caso”, disse o escritório de advocacia de Genebra RVMH, em comunicado enviado à Associated Press.

Não está claro quando o comitê composto por três juízes dará seu veredicto ao final do julgamento de cinco dias no Tribunal Correcional. Se o sheik Ahmad for considerado culpado, poderá receber uma pena de prisão de até dez anos. Se for inocentado, poderá retornar à linha de frente da política esportiva.

O COI emitiu comunicado afirmando que sua Comissão de Ética continua monitorando a evolução do caso e, em particular, a decisão que pode ser tomada pelas autoridades judiciais de Genebra.

Apesar de ter renunciado às principais funções, o sheik Ahmad permanece como presidente do Conselho Olímpico da Ásia (OCA), fundado por seu pai em 1982. Nessa função, foi implicado por um tribunal federal dos Estados Unidos em ação contra Richard Lai, membro do Comitê de Auditoria da FIFA de Guam, que admitiu ter recebido 783 mil euros em subornos. Ahmad negou veementemente qualquer delito e as autoridades norte-americanas nunca deram seguimento ao caso.