19 de dezembro de 2024
Sílvio Acácio cumprimenta e reconhece dirigentes “eleitos” no Pará em assembleia que não existiu
Como esperado, a assembleia virtual na Federação Paraense de Judô virou tumulto e o presidente sem mandato declarou eleita chapa impugnada pela comissão de ética da própria entidade
Gestão Esportiva
3 de maio de 2021
Por PAULO PINTO
Curitiba (PR)
Por mais que o mundo tenha avançado no tocante às tecnologias de comunicação e a sociedade esteja muito mais politizada, existem dirigentes que ainda buscam vencer no grito, desrespeitando até mesmo a legislação vigente no País e estatutos das entidades para as quais foram eleitos de forma republicana e democrática.
Não bastassem a ingerência e as arbitrariedades praticadas em Santa Catarina, Paraná e, por último e mais grave, em São Paulo, Sílvio Acácio Borges agora decreta que a chapa Disciplina e Uniformidade encabeçada pelos professores Adaelson Souza dos Santos e Alcindo Rabelo Campos saiu vitoriosa do pleito extemporâneo realizado e não acabado pela Federação Paranaense de Judô (FPAJU).
A incompetência de Alcindo Campos é tão grande que, além de ter realizado a eleição com mais de um mês de atraso, cometeu inúmeros erros na formatação do processo eletivo e na composição da sua chapa. Até mesmo a comissão de ética da FPAJU acatou as denúncias feitas pela oposição e acabou indeferindo a chapa da qual fazia parte.
Mesmo assim o literato e multisciente dirigente paraense teve a ideia de tentar realizar a assembleia com chapa única, ou seja, ele ignorou as duas chapas ilegalmente impugnadas por ele, e pretendeu eleger seu candidato por aclamação.
Mas, para surpresa do virtuoso e superdotado (quase gênio) dirigente paraense, os eleitores se rebelaram contra tamanha arbitrariedade e o pau literalmente quebrou. Confira aqui, no vídeo, os absurdos que aconteceram na assembleia.
Em determinado momento, quando os procedimentos eletivos ainda não haviam começado e a pressão dos participantes da assembleia contra as arbitrariedades crescia, o ex-presidente da FPAJU simplesmente derrubou o sinal e pôs fim naquilo que deveria ter sido uma assembleia eletiva.
O nível da argumentação de Alcindo Campos e Adaelson Souza em defesa das acusações feitas pelos filiados e presidentes das comissões de ética e de atletas da FPAJU é surpreendente. A falta de consistência nas alegações expõe claramente a fragilidade administrativa e a diminuta capacidade de raciocínio e gestão de ambos.
Denúncia gravíssima da comissão de atletas
Não bastasse toda a incompetência exibida pelos gênios da gestão que até 31 de março estavam à frente da Federação Paraense de Judô, na assembleia o judoca Rafael Ribeiro, presidente da comissão de atletas, repetiu a gravíssima denúncia que havia feito durante a semana contra os membros da chapa Disciplina e Uniformidade, que tentaram aliciá-lo para apoiá-los
O agravante neste caso é que os membros da comissão eleitoral se negaram a examinar a denúncia feita por Rafael Ribeiro, apesar da farta documentação comprobatória. A comissão eleitoral ignorou também a impugnação da chapa da situação pela comissão de ética.
Presidente da CBJ elegeu Adaelson Souza
É importante lembrar que erroneamente em abril, o ex-presidente Alcindo Campos impugnou duas chapas que se inscreveram ao pleito, quando seu mandato já havia terminado em 31 de março. Ainda assim, ele e toda a sua diretoria mandaram e desmandaram no processo eleitoral. É bom lembrar que o presidente da CBJ acusou a ex-diretoria da Federação Paulista de Judô de estar acéfala, embora o vice-presidente Alessandro Puglia tivesse remarcado a data da assembleia dentro do período do mandato do falecido professor Francisco de Carvalho. Ou seja, enquanto o TJD da CBJ promove uma caça às bruxas em São Paulo, as ilegalidades são até apoiadas no Pará.
Prova disso é que, mesmo não havendo eleição e de nada ter sido resolvido na assembleia da FPAJU, neste domingo (2) Sílvio Acácio Borges, presidente da CBJ, publicou mensagem no grupo dos presidentes cumprimentando Adaelson Souza como novo presidente da federação paraense.
“Bom dia senhores presidentes, vamos dar boas-vindas ao atual representante do Pará. Presidente Adaelson Souza, com o qual já fiz contato no privado juntamente com o nosso amigo Alcindo, o qual manterei no grupo para sua despedida”, proclamou o todo-poderoso dirigente nacional.
A inconsequência e a irresponsabilidade com que o presidente da CBJ gere a questão política são assustadoras. Não houve eleição, mas ciente de que seu apoiador no Pará será facilmente vencido, Sílvio Acácio tenta decidir um pleito que ainda não aconteceu.
O mais inacreditável é que Adaelson Souza (que já faz parte do grupo de presidentes) agradeceu os votos proferidos pelo presidente da CBJ e prometeu dar continuidade “à excelente gestão realizada por seu antecessor”. Ou seja, se o golpe colar, colou.
Acreditamos que nos anais da política esportiva brasileira esta foi a primeira vez que uma entidade nacional elege um federado sem nem mesmo ter havido eleição.
Filiados protestam contra ato do presidente da CBJ
Neste domingo os principais clubes e escolas de judô do Pará e os membros da assembleia eletiva que não houve enviaram mensagens de repúdio ao presidente da CBJ. Como exemplo, transcrevemos o protesto enviado pelo tradicional Clube do Remo.
“Senhor presidente Silvio Acácio Borges,
Em virtude de sua postagem no grupo de presidentes estaduais, que já é de nosso conhecimento, parabenizando o senhor Adaelson de Souza, a qual relata o senhor ter sido eleito, isso não é verdade.
Nós já encaminhamos duas denúncias ao Ministério Público do Pará, além de duas ações judiciais, pois ontem ficou claramente demonstrado que houve fraude eleitoral, favorecimento pessoal, aliciamento de atletas e denúncias da própria comissão de ética contra a chapa deste senhor e de seu vice.
Chegou ao absurdo de a Federação cortar a assembleia que ocorreu on-line e não finalizou o rito.
Aliás, todas as associações com direito a voto manifestaram ser contra sua candidatura, pois também foi impugnada com graves denúncias e está CBJ não pode compactuar com isso, ao menos, investigar.
O senhor não pode anunciar um presidente que não foi legitimamente eleito, e não iremos assinar a homologação que segundo a lei deve ser registrada em cartório e devidamente firmada pelos votantes.
Por fim, anotamos nosso descontentamento com vossa mensagem sem ao menos nos consultar. Todas as associações registraram pelo não conhecimento de sua chapa e não houve aclamação como mencionado.”
Em resposta ao grave erro eleitoral cometido pela CBJ, a diretoria da Associação de Judô Rio Caeté e os demais filiados afrontados na AGE publicaram carta aberta denunciando as irregularidades cometidas pelos membros da chapa Disciplina e Uniformidade e afirmando não reconhecer Adaelson de Souza como presidente da FPAJU em virtude do processo eleitoral fraudulento comandado por uma comissão eleitoral tendenciosa e com denúncia de aliciamento de membros da comissão de atletas. Veja nas imagens abaixo a integra da carta aberta da Associação de Judô Rio Caeté.
Ao contrário do que havia acontecido em outras oportunidades, dessa vez Sílvio Acácio Borges deixou suas digitais em um processo absolutamente ilícito e repleto de vícios o que caracteriza crime eleitoral.
Cada vez mais o presidente da Confederação Brasileira de Judô expõe que flerta com atos ilícitos e de improbidade administrativa, ignorando a legislação esportiva vigente no país. Lamentavelmente, este segundo mandato parece estar fadado a terminar muito antes do esperado em função das arbitrariedades cometidas desde que assumiu o cargo, após ter sido colocado na presidência da CBJ por Paulo Wanderley Teixeira, presidente do Comitê Olímpico do Brasil.”
Habitue de delegacias de polícia e tribunais, aos poucos o presidente da CBJ está parando o judô brasileiro. Desde março de 2020 a entidade não realizada absolutamente nada, a não ser as ações voltadas para a seleção brasileira. Agora o dirigente nacional está empenhado em parar também, a modalidade em todos os estados que se opõe às suas sandices.