Supertreino da FPJudô leva atletas da seleção brasileira à Arena Olímpica do Judô no Ibirapuera

Técnicos e dirigentes que participaram do encontro

O encontro coordenado pela Federação Paulista de Judô reuniu técnicos dos principais clubes do Estado de São Paulo e mais de 250 atletas, entre os quais vários judocas das seleções brasileiras juvenil, júnior e sênior

Randori
20/06/2018
Por PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS/FPJUDÔ
São Paulo – SP

Com o apoio da 1ª DRJ Capital, na terça-feira (12 de junho) a Federação Paulista de Judô (FPJudô) promoveu um supertreino na Arena Olímpica do Judô, localizada no Complexo Esportivo do Ibirapuera.

O encontro reuniu os técnicos dos principais clubes de judô do Estado de São Paulo e mais de 250 atletas, entre os quais vários judocas das seleções brasileiras sub 18, sub 21 e sênior.

Judocas que participaram do treinão

Marcaram presença no encontro Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da FPJudô; e os técnicos Henrique Guimarães, Daniel Hernandes e Marcos Antônio Inácio (Projeto Futuro), Marcos Dagnino e Rainner Ociscki, (Club Athletico Paulistano), Douglas Vieira, Andréa Oguma e Adriano Santos (Esporte Clube Pinheiros), Nélson Onmura (Clube Atlético Taboão da Serra), Alex Russo (Associação de Judô Divino), José Gildemar de Carvalho, o Gil (Associação Desportiva Santo André), Alexandre Lee (Clube Paineiras do Morumby) e Denílson Moraes Lourenço, o Zóio (Sociedade Esportiva Palmeiras).

Professores perfilados

A iniciativa que envolveu o Centro de Excelência do Judô de São Paulo, clubes, associações e a Federação Paulista de Judô resultou no fortalecimento da proposta de retomada de uma prática antiga: a reunião dos melhores judocas do Estado para treinamento contínuo visando ao fortalecimento da modalidade.

“No início desta temporada o departamento técnico da federação paulista priorizou a retomada dos supertreinos, voltados para o fortalecimento dos atletas paulistas que buscam cada vez maior espaço no alto rendimento. Os treinos abertos a todos os judocas das classes sub 18, sub 21 e sênior ocorrem às terças e quintas-feiras na arena olímpica do Ibirapuera”, explicou Alessandro Puglia.

Atletas ouvem os dirigentes

Douglas Vieira, técnico do Esporte Clube Pinheiros e da seleção brasileira júnior masculina, destacou a necessidade de alternar adversários nos randoris e treinar com a maior quantidade possível de atletas e escolas diferentes.

“Antes de tudo é preciso lembrar que treinos como este fortalecem o judô de São Paulo. Sobre a nossa equipe destacamos que, mesmo tendo um treino forte no Pinheiros, é muito importante que nossos atletas saiam do reduto. Ficamos treinando uma ou duas semanas no clube e depois vimos para a arena olímpica e temos a oportunidade de avaliar o trabalho desenvolvido em nosso dojô, com judocas de diferentes escolas. Acho que isto é de fundamental importância para o crescimento dos atletas e para o fortalecimento do judô paulista e brasileiro. O judô não é igual a natação ou atletismo, em que os atletas treinam sozinhos. Treinar judô demanda adversário e depende dele. Quanto maior for a experiência do atleta, melhor será seu desempenho. Acima de tudo, esta iniciativa da FPJudô engrandece o judô de São Paulo”, disse o técnico do Esporte Clube Pinheiros.

Judocas no shiai-jo

Ao avaliar a importância dos treinões conjuntos para o desenvolvimento técnico do judô paulista, Alessandro Puglia foi enfático.

“Isto aqui é fantástico! Não tenho outro adjetivo para definir um treinamento no qual os melhores judocas do País estão reunidos. Aqui todos são seletos e até o mais fraco acaba ficando forte”, disse o dirigente, lembrando que o caminho para o pódio em Tóquio 2020 passa por este tipo de preparo. “Os atletas que buscam efetivamente um patamar mais elevado têm de estar envolvidos em treinos deste nível. Aqui, cada classe e categoria de peso tem cinco ou seis praticantes de altíssimo nível. Se todos treinarem constantemente, teremos muito mais atletas à disposição da seleção brasileira.”

Alessandro Puglia fala sobre a importância dos treinos conjuntos

Ex-atleta da seleção brasileira, Alessandro Panitz Puglia concluiu destacando a necessidade de manter um volume de treino alto.

“Os fatos e a história são soberanos, e neste sentido nos últimos 60 anos a FPJudô tem sido a grande referência para o País, assim como o treinamento na arena olímpica, já que muitos atletas que compõem a seleção brasileira e clubes de outros Estados já treinaram aqui. No projeto trabalhamos a formação da base e o desenvolvimento dos atletas olímpicos. Estas são as principais funções do Centro de Excelência de São Paulo. Temos de manter o maior número de judocas qualificados treinando neste volume”, disse o dirigente paulista.

Atletas ouvem os dirigentes

Para o medalhista olímpico Henrique Guimarães, a troca e a variedade de adversários com qualidade são a melhor parte do treinão realizado na arena olímpica.

“O ponto alto deste treinamento é colocar os atletas lutando com o maior número possível de adversários, conhecendo e vivenciando várias escolas e estilos. Geralmente treinamos muito tempo em nossa academia, mas com o tempo acabamos ficando amigos dos nossos oponentes. Aqui o tempero da rivalidade permite que se faça um randori muito parecido com a competição. Neste tipo de situação treina-se mais focado, com maior seriedade, e os resultados aparecem”, disse o coordenador do Projeto Futuro.

Dirigentes e técnicos se preparando para o rei inicial

Denílson Moraes Lourenço, o Zóio, avalia que treinos como este deveriam ocorrer sistematicamente em todas as delegacias regionais.

“Este treinamento é de extrema importância para o fortalecimento do judô do Estado. O grande destaque é a quantidade de atletas de alto nível reunidos para um randori protagonizado pelos melhores judocas da atualidade. O Projeto Futuro foi e sempre será uma referência para o judô brasileiro, e meu desejo é que este tipo de encontro aconteça também em todas as delegacias regionais. Aproveito para agradecer o apoio da FPJudô ao desenvolvimento das equipes paulistas”, disse Loureiro.

Atletas ouvem os dirigentes

Na avaliação do técnico Alexandre Lee, o treinão da FPJudô deveria ocorrer com maior frequência e regularidade.

“O supertreino promove o intercâmbio entre os principais clubes e academias paulistas, e por se realizar num local neutro como o Projeto Futuro ele acaba sendo muito produtivo para o desenvolvimento e a manutenção dos atletas de alto nível. O ponto alto é a possibilidade concreta de realizarmos um randori intenso e competitivo, muito mais próximo do shiai. Precisamos incentivar a regularidade destes encontros”, disse o ex-atleta da seleção brasileira, que hoje é técnico do Clube Paineiras do Morumby.

Técnicos, atletas e dirigentes posam para foto

Além de aprovar este tipo de treinamento, Andrea Oguma destacou o ganho que os atletas da base obtêm nestes encontros.

“Avalio que iniciativas como esta são fundamentais para o desenvolvimento do judô, pois estimulam o intercâmbio entre atletas de faixa etária e nível técnico diferentes. Esta troca auxilia muito no crescimento individual, já que é preciso que os competidores tenham diversidade de oponentes, o que muitas vezes é restrito no treino exclusivo em seus clubes. Outro fator importante é a possibilidade de os atletas mais jovens terem contato com os mais experientes e que já fazem parte da seleção, não apenas pelo aspecto técnico, mas também pelo motivacional. Quanto mais encontros desse tipo tivermos, melhor será para o judô paulista e, consequentemente, para o judô brasileiro”, previu a técnica da equipe feminina do Esporte Clube Pinheiros.

Alessandro Panitz Puglia

Rainner Z. Ociscki enfatizou a evolução que todas as equipes de São Paulo podem experimentar em encontros deste tipo.

“Treinos como este trazem melhorias tanto para atletas mais experientes quanto para os judocas mais novos que estão batalhando por sua ascensão no ranking. O que deve ser destacado deste encontro é a oportunidade de todos os clubes paulistas treinarem em conjunto. Neste cenário, as equipes progridem tecnicamente, o que favorece muito o judô paulista”, avaliou o jovem técnico do Club Athletico Paulistano.

Marcos Dagnino

Segundo o professor Alex Sandro Russo da Silva, a integração e a evolução técnica dos atletas de São Paulo são alguns dos principais destaques do treino realizado na arena olímpica.

“O supertreino é muito importante para a integração e a evolução dos judocas de São Paulo. Por meio deste tipo de ação todos os atletas evoluem nos aspectos técnico e tático, e ainda gozam da importante convivência com técnicos de outros clubes que atuam no alto rendimento. O ponto alto destes encontros é a troca de experiências entre os atletas, dando-lhes oportunidade de treinar com adversários de níveis diferentes, fortalecendo sobremaneira o judô paulista. Penso que este tipo de encontro deveria realizar-se semanalmente. Aproveito a oportunidade para parabenizar a FPJudô e os senseis Puglia e Chico do Judô por esta importante iniciativa”, disse o professor go-dan e técnico da Associação de Judô Divino.

Nélson Onmura

Nelson Hirotoshi Onmura destacou a diversidade de técnicos inteiramente à disposição de todos os atletas.

“Todos ganham com este tipo de treinamento, já que aqui está a nata do judô paulista. A manutenção deste treinão é de suma importância para o desenvolvimento técnico desta nova geração. Ao meu ver o ponto forte do treino é a diversidade de técnicos presentes, que ficam à disposição de todos os atletas. Isto é muito importante para os que vêm das escolas menores. Acredito que o treino poderia render mais se fosse dividido em duas turmas: até o peso leve num horário e do peso meio-médio em diante em outro. Acho que o aproveitamento seria maior, pois mesmo realizado num tatami enorme, o treino junta mais de 250 atletas em determinados momentos”, disse o professor kodansha de Taboão da Serra.

Daniel Hernandes

Enfatizando o ganho técnico, tático e físico dos atletas, Marcos Dagnino afirmou que não se consegue tamanha qualidade e diversidade técnica no treino em nenhum clube ou academia.

“Minha avaliação do supertreino é a melhor possível, já que atletas e técnicos têm um ganho gigantesco. Apesar de ser um esporte individual, no judô precisamos do adversário para evoluir tecnicamente. Penso que quanto mais treinos desse tipo houver melhor será para os atletas, técnicos e a federação”, disse o técnico do Club Athletico Paulistano, que também falou sobre a quebra de tabus.

“Acho que alguns técnicos e atletas deveriam reavaliar seus pontos de vista sobre o treinamento conjunto. Muitos ainda têm um pensamento antiquado e acham que treinando fora irão expor técnicas e revelarão segredos. Isto não procede. Hoje, o mundo inteiro treina junto. Avalio que a iniciativa da FPJudô é excelente e acredito que precisamos ter mais treinos como este. Quanto mais treinos houver, melhor será para todos”, assegurou Dagnino.

Francisco de Carvalho Filho

Ex-atleta da seleção brasileira, Daniel Hernandez destacou a importância e a tradição do Projeto Futuro na formação de judocas para o alto rendimento.

“Sou professor do Projeto Futuro há três anos e desde que cheguei vejo uma evolução constante em todas as áreas. Fui atleta e para chegar à seleção brasileira tive de treinar muitos anos aqui. Sei o quanto este treinamento é importante para os que querem evoluir, para São Paulo e para o Brasil. Aliás, nenhum dojô é tão democrático quanto a arena olímpica. Quem chegar com seu judogi e quiser treinar encontrará as portas sempre abertas”, lembrou o peso-pesado, que concluiu destacando a importância do intercâmbio técnico.

“Acho que ultimamente estavam todos se fechando em suas academias, mas chega uma hora em que o intercâmbio faz muita falta. Acredito que aos poucos a importância e a tradição do projeto estão sendo retomadas, com o treinamento forte que se realiza nas terças e quintas-feiras. Nas segundas e quartas-feiras também há bons treinos, mas esta retomada só está sendo possível devido ao grande apoio que recebemos da FPJudô e à liderança do professor Henrique Guimarães”, disse Hernandez.

Douglas Vieira

José Gildemar de Carvalho destacou o gigantismo do judô bandeirante e conclamou todos os professores a lançarem um novo olhar para a modalidade.

“O ponto alto do encontro no dia 12 de junho foi termos mostrado a força do judô de São Paulo. Bastou um dirigente dar cinco telefonemas e colocamos mais de 250 atletas de altíssimo nível dentro de um único dojô. Tirando o Japão e a França, em qual País do mundo se encontra isso? No campo da transmissão de conhecimento, a oportunidade que os jovens do projeto têm cada vez que as principais equipes se reúnem é fantástica. Esta aproximação com os atletas da seleção faz com que eles possam entender e acreditar que é possível atingir um ponto mais alto. Meus atletas, por exemplo, chegaram em casa alegres porque tinham treinado com os judocas da seleção. Além de proporcionar conhecimento técnico, isto é fundamental para estimular o surgimento das novas gerações”, disse Gil.

Henrique Guimarães

“Outra coisa fundamental neste encontro foi a grande aproximação dos professores e técnicos. É um momento de conhecermos como cada um trabalha, como cada um conduz e orienta seus atletas, e no fim de tudo quem ganha é o judô de São Paulo. Entendo que chegou o momento de São Paulo transformar-se numa unidade. Precisamos aproximar-nos mais e não ficarmos divididos porque, quando vamos para um campeonato brasileiro, o País inteiro se une contra nós – e mesmo assim não mudamos de postura. É justamente esta rivalidade que tem feito o judô do Brasil crescer e se projetar cada vez mais. Para que isto continue acontecendo temos de nos unir e promover o desenvolvimento que o Brasil busca e todos os professores do nosso País anseiam”, concluiu o professor da A.D. Santo André.

Alexandre Lee

Marcos Antônio Inácio fez uma avaliação muito positiva do supertreino que reuniu as principais equipes de São Paulo.

“O Projeto Futuro sempre tem uma rotatividade enorme de atletas de fora, mas um treino desta magnitude, como ocorreu na terça-feira passada, é de extrema relevância. Principalmente para quem quer aprender a lutar judô em um patamar acima, pois a qualidade técnica dos atletas que estavam nos tatamis e o nível de conhecimento dos professores presentes foi muito elevado. A arena olímpica é um local de suma importância para judô nacional. Por ele passaram técnicos como Floriano de Almeida, Elton Fiebig, Alexandre de Almeida Garcia e outros grandes professores”, disse Marco Antônio.

“Este tipo de treinamento é muito importante para o desenvolvimento do judô paulista, um encontro de diferentes escolas e estilos. O projeto não tem bandeira e é um local aberto para trocar informações, treinar judô e promover a socialização entre atletas e técnicos. Nosso coordenador é o medalhista olímpico Henrique Guimarães. O Daniel Hernandes e eu somos os professores, e os treinos acontecem diariamente, mas são abertos aos visitantes apenas no período da noite. Todos os técnicos e atletas que queiram visitar-nos ou treinar conosco serão muito bem-vindos”, concluiu o professor Inácio.

Andréa Oguma

Francisco de Carvalho Filho lembrou que foi este tipo de treinamento, e não o ranking internacional, que garantiu as primeiras medalhas olímpicas conquistadas pelo Brasil.

“Foi exatamente este tipo de treinamento que gerou resultados internacionais e garantiu as primeiras medalhas olímpicas. Era assim que fazíamos antigamente na Rua França Pinto, no Clube Pinheiros, na Budokan ou no Projeto Futuro, tornando o judô a modalidade com maior retrospecto olímpico do Brasil”, explicou o dirigente, que destacou a importância do projeto no aprimoramento técnico e tático dos judocas paulistas.

Alex Russo

“Na arena olímpica os treinamentos reúnem vários atletas que, independentemente das cores de seu clube, podem testar tudo aquilo que praticam no dia a dia, porque lá o treino é intenso e com volume diferente. Tínhamos mais de 250 atletas nos tatamis, e se o atleta fizer dez randoris, já terá feito um supertreino porque só se enfrentam adversários nivelados tecnicamente. Quem treina num dojô pequeno pega um adversário muito forte e outro muito fraco, e acaba descansando. Aqui isto não acontece. Num treino como este fazem-se todos os randoris no mesmo padrão”, explicou Chico do Judô, que finalizou lembrando que todos devem lutar pelo mesmo objetivo: o desenvolvimento técnico comum.

“É assim que temos mantido bons resultados, e se mantivermos este formato certamente alcançaremos os objetivos que buscamos. Independentemente da faixa etária, temos vários atletas ranqueados que, se treinarem juntos, vão melhorar o nível técnico do grupo todo. Porque todos estão todos ali, juntos, por um único resultado: a vitória do judô de São Paulo e do Brasil”, disse Francisco de Carvalho.

Denílson Moraes Lourenço

Entre os atletas que compareceram ao treinamento da arena olímpica estavam grandes nomes da atualidade, como Laura Ferreira (48kg), Gabriela Chibana (48kg), Eleudis Valentim (52kg), Larissa Pimenta (52kg), Juliana Rodrigues (57kg), Jéssica Carvalho (57kg), Yanka Pascoalino (63kg), Gabriela Rodrigues Alves (63kg), Sandy Vieira (63kg), Caroline Cometki (63kg), Manuela Frediani (70kg), Samanta Soares (78kg), Ellen Furtado (+78kg), Lincoln Gonçalves (60kg), Willian Lima (66kg), Enzo Gasparini (66kg), Eliseu Leme (66kg), Eduardo Barbosa (73kg), Leonardo Georjutti (73kg), Ronin Rocha (73kg), Gabriel Venâncio (81kg), Gustavo Cardin (81kg), Giovane Ferreira (90kg), Rafael Buzacarini (100kg), Lucas Lima (100kg), André Soares (+100kg) e Jonas Inocêncio (+100).

Rainner Ociscki

Entre as equipes que compareceram ao supertreino da semana passada estavam Club Athletico Paulistano, Esporte Clube Pinheiros, Clube Atlético Taboão da Serra, Associação de Judô Divino, Projeto Futuro, Associação Desportiva Santo André, Clube Paineiras do Morumby, Sociedade Esportiva Palmeiras, A Hebraica e São Paulo Futebol Clube.

Marcos Antônio Inácio