Francisco de Carvalho questiona a falta de sintonia entre as comissões de graduação da FPJudô e da CBJ

O dirigente quer saber o que falta para a CNG e reconhecer a importância histórica dos professores Ogawa e Shira

Comissão Nacional de Graus rejeita vários indicados pela comissão de graus de São Paulo, entre os judocas impugnados estão importantes nomes do cenário paulista, e dirigente se nega a usar o 8º dan enquanto o erro não for reparado

Desagravo
9 de março de 2019
Por PAULO PINTO I Fotos BUDÔPRESS e MARCELO LOPES
São Paulo- SP

Em reunião realizada no sábado 29 de setembro de 2018, em São Bernardo do Campo (SP), a comissão de graus da Federação Paulista de Judô (FPJudô) examinou e definiu os nomes dos professores que deveriam ser promovidos por mérito a roku-dan (6º dan), shichi-dan (7º dan), hachi-dan (8º dan) e kyuu-dan (9º dan).

Posteriormente os nomes foram apresentados à Comissão Nacional de Graus (CNG) que, tradicionalmente, referenda as indicações da comissão paulista. Mas não foi o que ocorreu dessa vez, e vários professores tiveram suas promoções refutadas. Importantes nomes do cenário paulista foram impugnados, o que acabou por aborrecer Francisco de Carvalho Filho, presidente de honra da FPJudô, que saiu em defesa dos professores mais graduados preteridos pela CBJ.

Francisco de Carvalho reivindica autonomia e respeito para o trabalho desenvolvido pelas comissões estaduais de graus

“Durante 16 anos o professor Paulo Wanderley esteve à frente da CBJ e naquele período São Paulo jamais teve uma indicação recusada pela comissão de graus da confederação brasileira. Com todo o respeito, o que as pessoas que negaram a graduação aos professores kodanshas Oswaldo Hatiro Ogawa e Celestino Seiti Shira conhecem da trajetória de ambos nos tatamis e da contribuição dos dois no desenvolvimento da modalidade? Qual é o respaldo histórico que possuem para invalidar uma graduação solicitada pela comissão paulista?”, indagou o dirigente, que lembrou de outro desacordo da atual gestão da CBJ no tocante à graduação.

“Não é a primeira vez que os atuais gestores da Confederação Brasileira de Judô criam problemas para a graduação de São Paulo. No ano passado o presidente da CBJ firmou acordo com Alessandro Puglia, que por sua vez deu início a um processo que envolveu dezenas de professores de todo o Estado. No meio do caminho, porém, a CBJ mudou as regras e mais de 50 faixas pretas que haviam estudado e se preparado para fazer exames tiveram suas expectativas frustradas porque a confederação não honrou o acordo que havia firmado. Nossa vontade era graduar a todos professores aprovados no exame, mas até mesmo em respeito aos professores da comissão nacional de graus achamos por bem aguardar o prazo exigido por eles, mas entendo que as comissões estaduais devem ter autonomia”, disse Chico.

Prof. Chico concedendo entrevista à Budô

“Me nego a usar o 8º grau que recebi recentemente da CBJ enquanto meu sempai não receber o kyuu-dan (9º dan)”

Na prática a comissão de graus da CBJ glosou vários pedidos apresentados pela federação paulista, alegando que alguns não atendiam determinadas exigências do novo regulamento de outorga de graduação, criado na gestão do atual mandatário do judô nacional.

Prof. Chico disparou contra a CBJ diante dos 1.200 participantes do credenciamento técnico

Aproveitando a quantidade expressiva de professores na primeira fase do credenciamento técnico desta temporada, Francisco de Carvalho fez um desabafo a respeito da falta de sintonia com a comissão de graus da CBJ.

“Aproveito esta oportunidade única para afirmar que para nós, da direção da FPJudô, o professor Hatiro Ogawa é sim 8º dan. Embora a CBJ não tenha aprovado nosso pedido, por um pingo no i, ou quem sabe uma vírgula, para todos nós você é 8º dan sim, Hatiro. Temos enorme carinho e respeito por você e por sua trajetória, e não vamos parar até reparar este erro”, disse o professor Chico, que ainda apontou outro erro grave da comissão nacional.

“Da mesma forma, a graduação do professor Celestino Seiti Shira também foi rejeitada por uma vírgula, e lamento isto profundamente porque quando eu ainda era ikkyo o Shira já era ni-dan, além de ter sido um excelente aluno do sensei Ryuzo Ogawa. Penso que todos aqui saibam quem foi Ryuzo Ogawa e qual é a importância de sua obra, mas lembro que o avô do sensei Hatiro veio do Japão já adulto, não falava português e mesmo com esta dificuldade fundou a Associação de Judô Budokan, a maior escola de judô de todos os tempos em nosso País, com 117 filiais instaladas em 11 Estados. Há quantos anos o Shira está nesta caminhada? Ele está prestes a completar 80 anos, e me nego a usar o 8º grau que recebi recentemente da CBJ enquanto meu sempai não receber o kyuu-dan (9º dan). Não é justo, pois kodansha deve ser a coroação do mérito e não por complacência. Acho isso um contraponto, não concordo e vamos em busca de reparar este erro”, afirmou o dirigente.

Veja também o vídeo em que o sensei Francisco de Carvalho explica sua relação e vínculo, com o professor Shira e detalha os motivos que justificam o pedido feito à comissão de graus da Confederação Brasileira de Judô.