Oswaldo Simões questiona a postura e o imediatismo de alguns professores de judô

O professor kodansha shichi-dan critica valores duvidosos que estão sendo priorizados atualmente no ensino do judô

Ponto de Vista
22 de março de 20192
Por ISABELA LEMOS I Fotos BUDÔPRESS
Rio de Janeiro – RJ

O judô é uma modalidade pautada no constante aprendizado para a evolução. O seu praticante não busca aperfeiçoar-se para lutar, mas sim luta para aperfeiçoar-se. Sendo este um dos princípios básicos do esporte, o professor kodansha Oswaldo Cupertino Simões Filho (7º dan) propôs uma reflexão a todos os senseis do judô.

Em breve texto postado nas redes sociais, o professor kodansha fluminense questiona a formação que certos professores de judô vêm proporcionando aos alunos. De acordo com Simões, eles têm pressa e ensinam seus alunos a valorizar apenas o maior número possível de projeções em vez de orientá-los a preocupar-se com os fundamentos, variedade de técnicas e a qualidade da luta – tanto para eles quanto para o adversário.

“Aprendi com meus senseis Kazuo Yoshida e Lhofei Shiozawa que, para competir, é preciso aprender a executar corretamente as técnicas, de forma que não coloque em risco a sua integridade e, principalmente, a do adversário. O nosso objetivo enquanto judocas é vencer sem lesionar. Não tenho visto essa preocupação atualmente nas competições de todas as idades, em que o objetivo é a projeção e a vitória a qualquer custo”, esclarece Simões.

O professor kodansha atenta ao fato de que, atualmente, foca-se mais no resultado e na pontuação do que na perfeição técnica. “Há uma preocupação exacerbada com o desempenho desportivo em detrimento da formação técnica, física, ética e social de nossos judocas. Pouquíssimos têm boa postura, não trabalham nem o kumi-kata (pegada), e muitos não sabem defender-se ou sequer cair corretamente. Isso resulta em lesões constantes”, explica Simões.

O professor afirma que isso é resultado de poucas repetições de movimentos, pois é preciso muito uchi-komi (entrada de golpe), yakusoku-geiko (treino combinado) e, ao final, randori (treino livre). Para Simões, os professores estão se tornando treinadores, apenas atentos à próxima competição, em vez de atuarem preocupados com o aprendizado técnico. Segundo o sensei, o judô bem ensinado forma cidadãos. Já o judô mal ensinado acaba formando pseudocampeões, que não são capazes de vencer nem a si próprios.

Sensei Simões finaliza com um dos provérbios célebres do shihan Jigoro Kano: “Aquilo que foi bem aprendido por uma geração pode ser transmitido a outras cem”.