19 de dezembro de 2024
1º Camping Interestadual da Região 5 projeta tecnicamente o judô em quatro Estados
Nova geração de dirigentesu assume o compromisso de fomentar a base do judô em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, por meio de iniciativas conjuntas.
Por Paulo Pinto / fpjcom
25 de maio de 2023 / São Paulo (SP)
As coordenações técnicas da Federação Paulista de Judô (FPJudô), Federação Gaúcha de Judô (FGJ), Federação Paranaense de Judô (FPrJ) e Federação Catarinense de Judô (FCJ) promoveram de 19 a 21 de maio o 1º Camping Interestadual da Região 5 para as classes sub 18 e sub 21.
Realizado na arena do Centro de Excelência Esportiva do Judô em São Bernardo do Campo (CEESB), o evento inédito foi classificado pelos organizadores como uma oportunidade única para aprender, aperfeiçoar e fazer imersão na prática do judô ao lado de renomados professores e medalhistas olímpicos dos quatros Estados.
Com uma programação bastante extensa, o Camping Interestadual começou na sexta-feira (19), com a cerimônia de abertura seguida pelo primeiro treinamento, das 16 às 19 horas. No sábado (20) houve treinamento no período da manhã das 9h30 às 12h30 e no período vespertino das 16 às 19 horas. No domingo as atividades se encerram com treino da 8 às 11 horas.
Por se tratar de treinamento de campo, a cerimônia de abertura ocorreu informalmente e o primeiro a falar foi o professor kodansha e medalhista olímpico Henrique Carlos Serra Azul Guimarães, coordenador-geral do judô do Centro de Excelência Esportiva de São Bernardo do Campo.
“É um prazer enorme para nós, para a FPJudô e para o Centro de Excelência Esportiva de São Bernardo do Campo poder sediar esta troca de experiência, porque nós só conseguimos evoluir desta forma. Quanto menos contato nós temos com atletas de outras escolas, mais difícil é a nossa evolução. Então, espero que todos aproveitem ao máximo e entendam que vamos fazer um treinamento, e não uma competição. Teremos apenas quatro treinos e, se por acaso alguém se machucar em algum deles, ficará de fora e não conseguirá aproveitar os demais. Então, é mais fácil cair, bater a mão e levantar para dar continuidade aos treinos. No mais, desejo que esta experiência seja proveitosa para todos e que treinem bastante. Penso que este intercâmbio será o primeiro de muitos e que juntos conseguiremos crescer tecnicamente.”
Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô, lembrou que a semente do camping foi plantada no Brasileiro Regional, realizado no Rio Grande do Sul.
“Esta iniciativa é fruto de uma semente plantada no Campeonato Brasileiro da Região 5 desta temporada pelos presidentes das quatro federações, que decidiram abraçar essa causa devido à importância dela e à necessidade de intercâmbio técnico das novas gerações. Como ex-atletas, nós já passamos por esse mesmo momento e este camping lhes proporcionará três dias de muito conhecimento e aprendizado. Como o professor Henrique disse, isto não é uma competição, mas um treinamento no qual vamos ter a oportunidade de melhorar o judô de vocês. Estamos dando um grande passo e no ano que vem estaremos no Paraná para dar sequência ao rodizio de sedes e juntos fazermos outro grande treinamento. Isto é extremamente importante para todos nós e todos vocês, portanto, espero que aprendam bastante. Vocês têm de sonhar alto, mas com os pés no chão, e fazer muito mais do que 100%, porque hoje, se todo mundo fizer 100%, vai ficar tudo igual. E a diferença de um para o outro é de quem fizer um pouco mais. Então, aproveitem esses três dias para fazer isso.”
Dirigindo-se aos 300 judocas que estavam no shiai-jô, Helder Marcos Faggion, presidente da FPrJ, ratificou as palavras do colega paulista, mas enfatizou a importante presença dos técnicos paranaenses no I Camping Interestadual da Região 5.
“O sensei Puglia enfatizou que este é o primeiro de muitos intercâmbios e fruto de uma ideia que tivemos no Rio Grande do Sul. Além dos atletas, trouxemos vários técnicos paranaenses que aprovaram essa iniciativa e se esforçaram para trazer também seus alunos – não só pelo treinamento em si, mas pela importância dessa convivência. Serão três dias vivendo o judô intensamente, junto com judocas da mesma geração e relacionando-se com quem ama verdadeiramente a modalidade. Além de salutar, penso que essa convivência é muito importante para o crescimento de vocês como pessoas. O Paraná esforçou-se bastante para fazer parte dessa iniciativa inédita que visa a potencializar a qualidade técnica dessa geração de atletas. Finalizo lembrando as palavras do sensei Henrique: vocês têm de aproveitar o treino sem se machucar, e fazer amizades que serão para sempre.”
Citando o jita-kyoei, Luiz Bayard Martins dos Santos, presidente da FGJ, homenageou todos os atletas que se empenharam em participar do evento.
“Gostaria apenas de ratificar as palavras dos presidentes que me antecederam e afirmar que acredito muito no potencial dessa iniciativa que estamos desenvolvendo conjuntamente. Assim como o professor Henrique Guimarães disse, acho que esse formato que adotamos é uma ideia embrionária de treinamento de campo cuja finalidade é o crescimento mútuo, respeitando um dos pilares do judô: o jita-kyoei. Nós cresceremos juntos, e nesse sentido faço um agradecimento aos presidentes Puglia, Penso e Faggion. Desejo um excelente treinamento a todos vocês e deixo meus parabéns a todos que desenvolveram esforços para estar aqui. Vocês estão um passo à frente daqueles que não vieram, vocês estão investindo, sonhando, e com certeza com muito esforço e muito trabalho vão conquistar aquilo que almejam.”
Representando as professoras e técnicas presentes, a ex-peso-pesado da seleção brasileira Maria Suellen Althman, técnica do Esporte Clube Pinheiros, deixou sua mensagem para os quase 300 judocas reunidos na arena olímpica de São Bernardo.
“Vocês estão em excelentes mãos aqui, são grandes senseis e sugiro que aproveitem muito o treinamento. E aproveitem para tirar todas as dúvidas que tenham, pois estou certa de que eles terão o maior prazer em ajudá-los. O judô de alto rendimento é sempre uma evolução constante, então eu acho que é isso. Aproveitem bastante esse final de semana, procurem não ficar parados porque não vai faltar treino aqui.
Nova geração de dirigentes
Antes de mais nada é preciso lembrar que no ambiente doméstico do judô, sempre é dito e lembrado que as federações devem promover alguma espécie de intercâmbio que acelere o processo de desenvolvimento técnico do judô nacional, e é exatamente isso que quatro corajosos dirigentes estão promovendo.
É importante frisar que todos, sem exceção, fazem parte da nova geração de dirigentes. Presidentes que antes foram atletas, técnicos, diretores técnicos, vice-presidentes e conhecem, portanto, os anseios e a real necessidade daqueles que enveredaram para o caminho do alto rendimento.
Ganho enorme
Dirigentes e técnicos que participaram do 1º Camping Interestadual da Região 5 foram unânimes ao afirmar que a iniciativa inédita vai ao encontro das necessidades de intercâmbio e troca de experiência de que tanto se fala, mas que dificilmente se concretizam devido às dificuldades impostas pela logística de um País com dimensões continentais.
O primeiro a se manifestar foi o Arnaldo Luiz de Queiróz Pereira, secretário-geral da FPJudô, que por vários anos foi diretor de esportes do Esporte Clube Pinheiros e entende muito bem as nuances do alto rendimento.
“Eu realmente fiquei inebriado ao ver tantos atletas jovens treinando ao mesmo tempo, num equipamento de judô moderno, com espaço adequado, no Brasil. A gente vê os treinamentos de campo no exterior realizados em paralelo às competições na categoria adulto, e faltava isso no Brasil. Aliás, nós citamos isso há um ano e pouco, e os dirigentes de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de uma forma diligente, fizeram acontecer. Espero que haja reciprocidade nos outros Estados, pois esta iniciativa representa um ganho impressionante. Acredito que os demais Estados irão olhar esta ação com bons olhos e com isso a gente possa ampliar e fazer outras iniciativas em outras regiões do Brasil.”
Arnaldo Queiróz frisou que em certos momentos o judô fica muito focado nas competições, nos torneios nacionais e regionais, enfatizando que o treinamento vale muito.
“Treinar com gente diferente é a chave do sucesso em qualquer modalidade, primordialmente no judô. Mesmo não participando da área técnica na atualidade, falo como judoca, como uma pessoa que gosta da modalidade e entende que este é um caminho muito positivo. Sob o ponto de vista administrativo, destaco que foi um investimento baixo e com grande eficácia. Essas iniciativas vão fazer o nível técnico crescer, e crescer de uma maneira muito rápida. Nós vamos ter surpresas positivas nos próximos anos.”
Daniel Rodrigues, chefe da delegação gaúcha, professor go-dan da Sogipa e membro da coordenação técnica da FGJ, enfatizou a importância do intercâmbio.
“Historicamente o judô é feito de integração e dessa troca de conhecimento. Isso tem de acontecer no clube, quando se interage com outro clube; tem de acontecer no Estado, quando se organizam os treinos de federação; e tem de acontecer no Brasil. Esse intercâmbio técnico é fundamental para o desenvolvimento dos atletas. Estou há muito tempo no judô e, quando era atleta, fazia-se muito esse intercâmbio, a gente costumava vir para São Paulo, e isso se perdeu um pouco. É claro que passamos por um momento delicado durante a pandemia, mas acho que a retomada desse intercâmbio interestadual é fundamental para a formação de atletas. Trouxemos um grupo novo, com pouca experiência nos campeonatos nacionais. Trazer atletas de outros Estados para São Paulo, que ainda é o maior centro de judô do Brasil, é algo realmente muito importante, principalmente para quem ainda está em formação.”
Na avaliação do professor kodansha shichi-dan (7º dan) Celso Ogawa, diretor do departamento de rendimento da FPrJ e chefe da delegação paranaense a iniciativa de levar técnicos a São Bernardo foi o ponto mais importante do 1º Camping Interestadual de Judô.
“Essa vontade de promover treinamento já vem de longo tempo e desde que assumi o departamento de rendimento da FPrJ, em 2014, sempre tive essa intenção, não somente para valorizar os atletas, mas também os professores. O atleta que vem ao treinamento aprende muito, mas muitas vezes não consegue passar o que aprendeu para o seu sensei. Já o professor pode aprender apenas duas ou três coisas, mas vai disseminar o novo conhecimento para mais 100 ou 200 crianças. E, se for um sujeito bacana, vai compartilhá-lo com outros senseis. O presidente Helder reconheceu a importância de incluir professores, e por isso trouxemos cerca de 15 senseis. E convidamos aqueles que estão iniciando o trabalho, ou seja, a nova geração de técnicos.”
Celso Ogawa lembrou como era o treino dos atletas, e falou especificamente sobre a preparação em 1986. “Foi a virada de chave da minha vida. Naquele ano fui para o treinamento de campo de Curitibanos, no Meio-Oeste catarinente. Eram três treinos diários, sendo o primeiro às 5h30, numa temperatura abaixo de zero. Aquilo lá era mortal, e depois de tudo que vivenciei falei: agora vou começar a bater, não vou mais apanhar de ninguém. No ano seguinte, ganhei todos os campeonatos paranaenses que eu não tinha ganho e de quebra fui campeão brasileiro júnior, o sub 21 da atualidade. Então, nós já havíamos solicitado e agora, graças a Deus, a Região 5 está partindo para uma série de inovações na área técnica. Sensei Helder uniu-se aos demais presidentes e iniciamos uma nova era no judô desses quatro Estados. Só não podemos deixar morrer. Então, deixo meus parabéns aos presidentes que se comprometeram e estão pondo em prática um projeto técnico ambicioso. O primeiro está sendo em São Paulo, o berço do judô, e no ano que vem vamos fazer no Paraná, onde pretendemos retribuir essa festa que a FPJudô e a Prefeitura de São Bernardo do Campo nos estão oferecendo.”
O coronel Paulo César Merino, diretor de Esportes da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo (SEESP) e faixa-preta de judô san-dan (3º dan), prestigiou o evento e enfatizou a importância do intercâmbio e da troca de expriência.
“No judô o intercâmbio é sempre construtivo, assim como a troca de experiências, conhecer pessoas novas e poder ver estilos diferentes. A oportunidade que esses jovens estão tendo, de treinar com outros judocas, vai sem dúvida marcar a vida deles. Irão surgir amizades que vão durar a vida toda, e o aprendizado também será muito importante. Entendo que essa vivência técnica com atletas ranqueados, de nível de seleção estadual, é muito estimulante. Também fiquei muito contente com a quantidade de judocas femininas. Foi um exemplo de organização dos Estados e das federações. Todos ganham e fico muito contente com essa iniciativa.”
Marco Aurélio Uchida, coordenador técnico da FPJudô, entende que a importância do I Camping Interestadual da Região 5 é gigantesca. “Levando em consideração que muitos atletas não viajam para pegar em kimonos diferentes e lutar com pessoas diferentes, este evento ganha uma conotação ainda maior. Conversando com os técnicos dos outros Estados, soubemos que eles trouxeram gente que não está acostumada a viajar. Então, esse intercâmbio para eles e para nós é de extrema importância. A iniciativa dos presidentes das quatro federações foi muito bem vista por todos e a tendência é de o evento ficar cada vez maior devido a esse formato itinerante, realizado anualmente em cada um dos quatro Estados. A oportunidade de todos participarem é muito grande.”
Dono de uma didática gigantesca, o professor kodansha shichi-dan (7º dan) e medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles, Luiz Yoshio Onmura ministrou palestra na qual dissecou todas as técnicas que compõem seu vasto tokui-waza, e foi muito aplaudido pelos jovems judocas.
“O treinamento interestadual e o intercâmbio que se estabelece entre as regiões são muito importantes porque os jovens podem ter um treinamento diferenciado, que certamente proporcionará muito conhecimento prático a todos eles. Acho apenas que deveríamos realizar mais treinos como este, pois o ganho técnico que proporcionam é gigantesco.”
Henrique Guimarães, coordenador-geral do judô no Centro de Excelência Esportiva de São Bernardo e medalhista de bronze no Jogos de Atlanta 1996 na categoria meio-leve, enumerou os diferenciais do I Camping Interestadual da Região 5.
“Esse intercâmbio é muito importante porque o atleta sai da sua zona de conforto, principalmente quem vem de fora. Ele sai da sua casa, fica no alojamento, vai comer uma comida diferente, e fica focado apenas no seu treinamento. Isso mostra para o atleta um pedaço daquilo que ele terá de enfrentar em sua trajetória. Mesmo porque não existe outra forma para crescermos tenicamente. O judô é um esporte individual, mas ao mesmo tempo é o esporte mais coletivo que existe, porque quanto maior for o número de pessoas diferentes com as quais o atleta treinar, mais ele aumenta seu repertório, ou melhor, seu tokui-waza. Aqui o atleta vai enfrentar adversários mais altos, mais baixos, mais técnicos, mais fortes, ao contrário do que ocorre quando ele fica somente na sua comunidade, onde acaba pegando até os vícios dos seus amigos do dojô, de tanto enfrentá-los. Aqui não. O judoca não conhece ninguém e só encontrará adversários determinados a crescer tecnicamente. Quer queira quer não, isso vai aumentando seu repertorio e até o seu senso crítico cresce, porque ele faz um golpe e toma um contragolpe, aprendendo onde pode ou não pode entrar. Esse tipo de treinamento é muito válido, principalmente nessa faixa etária do sub 18, sub 21, quando os atletas ainda estão nessa formação.”
Maria Suellen Althman, técnica do Pinheiros, apoia totalmente treinos como o Camping Interestadual da Região 5. “Eu avalio que treinamentos como este são de extrema importância, porque esse tipo de convívio, nessa idade, é vital. Até mesmo o fato de ficar em alojamento faz o atleta crescer muito e ir adquirindo o espirito de competição porque é diferente de treinar na própria academia, com os parceiros do dia a dia. Este é um treino bom, mas muito diferente daqueles que fazemos no dojô, porque treinamos com os nossos adversários. Isso gera competitividade, mas estabelece um vínculo entre eles, que certamente por anos estarão disputando vagas e espaço no shiai-jô. Particularmente fico feliz por isso e espero que tenhamos mais iniciativas como esta, e cheguemos até o sênior e o sub 15.”
Marco Antônio da Costa, o Rato, técnico masculino da equipe de São Bernardo do Campo, discorreu sobre a importância do Camping Interestadual. “Essa oportunidade é única para eles. Nessa idade não tivemos essa possibilidade de fazer o intercâmbio como se faz agora. Peço apenas que não parem e que sejam feitos mais treinamentos desses porque aqui acontece a troca de experiência e vivência. Em treinos como este é que se encontram adversários de outros Estados, com diferentes estilos de treinamento, de kumikata e de luta. Estou absolutamente convencido de que este Camping Interestadual será válido para todos os atletas e técnicos que aqui estão. É de suma importância essa participação de quase de 300 atletas, com a possibilidade de futuramente termos muitos mais.”
O professor kodansha Sérgio Barrocas Lex, vice-presidente da FPJudô, também enfatizou a importância do Camping Interestadual da Região 5. “Esta é uma iniciativa extremamente importante e diferente de tudo aquilo que se fez até hoje, porque oferece a oportunidade de os atletas de quatro diferentes Estados treinarem entre si. Isso aproxima as federações, os dirigentes, os atletas, os técnicos e a comunidade de judocas como um todo. Mas o principal é que melhora sensivelmente o nível técnico dos atletas porque eles têm mais volume de treinamento, o que acaba ampliando o repertório técnico de cada um deles.”
O professor kodansha Edison Minakawa, gestor nacional de arbitragem da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), prestigiou o primeiro dia de treinamento em São Bernardo do Campo e também enalteceu a iniciativa que visa a incrementar o judô nos Estados que compõem a Região 5.
“Não sei de qual Estado partiu a ideia, mas é uma excelente iniciativa. Sorte de quem está aqui participando e vivenciando todo esta experiência. Ver os tatamis do Centro de Excelência cheios gera uma energia extremamente positiva e uma expectativa de que em breve colheremos os resultados desta ação inédita. Eu só tenho que parabenizar os presidentes por esta iniciativa que, acho, deverá ser copiada por outras regiões do nosso Brasil.”
O último pronunciamento foi feito pelo professor kodansha hachi-dan (8º dan) e coordenador socioeducativo do projeto de São Bernardo do Campo, Osvaldo Hatiro Ogawa, o primogênito da família Ogawa, que destacou o ganho de qualidade para os judocas da Região 5.
“É uma oportunidade realmente espetacular, pois essa geração dos sub 18 não teve a mesma oportunidade porque ficou dois anos afastada em função da pandemia. Esse atletas não tiveram a fase de treinamento intenso, mas estão recuperando agora, e isso está sendo ótimo.”
Ex-presidente da FPJudô, Hatiro Ogawa afirmou que o primeiro ponto a ser considerado é que esta iniciativa fortalecerá ainda mais a Região 5, que tradicionalmente sempre foi forte. “Segundo, independentemente do fato de sermos adversários em campeonatos interestaduais ou brasileiros, o que nos une são os laços de amizade que temos com o pessoal do Sul. Isso é uma coisa muito antiga. Em mais de meio século nos tatamis, na minha época de atleta por inúmeras vezes fui para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Hoje, principalmente por causa das academias e clubes, ficamos isolados e isso vai afastando os Estados vizinhos. Então, esta iniciativa unirá ainda mais o judô regional. Não há como fugir. O relacionamento de amigos que esta garotada vai desenvolver será para toda a vida. Amanhã irão se encontrar no brasileiro e vão lutar pelas medalhas, mas o farão como amigos e com o devido respeito.”
Comissões técnicas
Por São Paulo ser o anfitrião, os treinamentos foram conduzidos pelos renomados mestres que atuam no CEESB. São eles os professores Hatiro Ogawa (coordenador socioeducativo), Henrique Guimarães (coordenador-geral da modalidade), Elton Fiebig (coordenador técnico), Vânia Ishii (técnica feminina), Marco Antônio da Costa, o Rato (técnico masculino), Danielli Yuri Barbosa (auxiliar técnica feminina). Técnicos das demais federações ajudaram nos trabalhos.
Daniel Rodrigues Pires chefiou a delegação gaúcha que foi a São Bernardo do Campo com 35 atletas e uma comissão técnica composta por dez professores: Paulo Aparecido Barros Reginaldo, Rafaela Nitz, Henrique de Lima Granada, Ivan de Araújo Filho, Ana Paula Costa, Vitor Cardoso Diefenthaler, Fábio Ruffoni, Luciano Rosa Specht e Cláudia Mello.
O professor kodansha shichi-dan (7º dan) Celso Ogawa comandou a equipe paranaense formada por 59 atletas e uma comissão de 12 técnicos: Rodrigo Lauriano de Oliveira, Fernando Felipe de Lima Santos, Janaína Cristina Ferreira dos Santos, Kauã Moreira Ramos Atleta, Fábio Mendes Uchoa, Bianca de Mendonça Lopes Araújo, Andrey Arcini Ferreira, Iury Trindade Vilas Boas, Pedro Felipe Braga Tonello, Saimon Magalhães de Souza e Murilo Henrique dos Santos.
A equipe formada pela Federação Catarinense de Judô foi a São Bernardo do Campo composta por 29 judocas de nove municípios. Três deles são os técnicos Alex Barreto Alves, de Joinville, que chefiou a delegação; Jorge Victor Santos Benfica, de Chapecó; e Cleiton Bonatto, de Blumenau, além da fisioterapeuta Michele Breda de Oliveira, de Videira.
Dirigentes avaliam evento
Alessandro Puglia lembrou que, quando houve o Campeonato Brasileiro da Região 5, os dirigentes estaduais discutiram a possibilidade de realizar um encontro que fomentasse o crescimento técnico do judô dos quatro Estados.
“Pensamos em algo que fosse além do treinamento e do intercâmbio técnico, algo que fortalecesse a relação institucional das quatro entidades. E logo me prontifiquei a realizar o primeiro encontro porque sabia que teríamos condições de usar o Centro de Excelência, onde haveria condições de acolher o projeto. E tudo deu certo. Todos os presidentes ficaram satisfeitos e os atletas tiveram um fim de semana com muita troca de conhecimento e muito aprendizado, além de fazer amizades, que são consequência natural da relação nos tatamis.”
Puglia destacou o número expressivo de professores e técnicos presentes no camping. “Calculo que atuaram cerca de 50 professores e técnicos, e isso fortaleceu a qualidade do evento e potencializou ainda mais o intercâmbio. Acho que esta foi a primeira vez que acontece algo desse gênero, e começamos com o pé direito. Esta iniciativa foi bem importante para o judô dos quatro Estados e aquilo que surgiu de uma conversa virou realidade. Agora faremos um rodízio. A federação do Paraná terá um ano para se preparar. Vamos levar uma equipe com número expressivo de atletas, pois estou certo de que as principais equipes do Estado abraçarão esta importante iniciativa, da mesma forma que Rio Grande do Sul e Santa Catarina também o farão. Resumindo, entendo que o comprometimento dos quatro presidentes visando ao fortalecimento técnicos da Região 5 foi muito eficaz e certamente resultará em numerosas ações conjuntas.
Luiz Bayard, presidente da FGJ, também lembrou que a ideia do Camping Interestadual surgiu numa conversa informal sobre a necessidade de estabelecer uma integração maior entre os estados da Região 5.
“Acredito que nós só possamos crescer juntos. O judô tende a evoluir quando a se promove uma troca de experiências, quando se faz intercâmbio. Os atletas têm a oportunidade de não apenas fazer uma viagem para competir, mas de participar de três ou quatro treinamentos com judocas de diferentes escolas. É algo muito significativo para o crescimento desses jovens, principalmente do sub18, que ainda estão em fase de desenvolvimento. Avalio que seja uma vivência muito importante e positiva.”
O dirigente gaúcho enfatizou o fato de os Estados unirem forças. “Assim como a aproximação e a união dos atletas são determinantes no desenvolvimento deles, é importante os dirigentes trabalharem pelo desenvolvimento geral. Somos adversários, mas em poucos momentos, como nos campeonatos brasileiros e regionais. Mas acima de tudo nós somos judocas e devemos pensar no crescimento da modalidade e no fortalecimento do judô do Brasil. Acredito que essa união seja muito importante não só na Região 5, mas de todas as outras. Que este seja um modelo que possa ser repetido em todo o País.”
Helder Faggion, presidente da FPrJ, revelou que na primeira conversa dos quatro presidentes ficou claro que São Paulo já tinha uma estrutura pronta, e por isso sediaria o primeiro Camping Interestadual.
“A partir da melhora em sua prática adquirida aqui o atleta vai sobressair e isso o levará a buscar um desenvolvimento maior. Isso é muito importante igualmente dentro de cada Estado, para identificarmos quem está focado e quer realmente crescer mais. Sabemos que não é fácil ficar três dias fora de casa e fazer uma longa viagem de ônibus, mas é importante constatar que os judocas do Paraná aceitaram o convite e que os técnicos abraçaram a causa. Isso mostra que todo mundo está preocupado com o desenvolvimento do judô do Estado.”
O dirigente paranaense explicou que a federação deu preferência aos novos técnicos, mas que além do chefe da delegação incluiu dois profissionais experientes para cuidar da delegação de quase 70 pessoas.
Embora existam competições interestaduais, como a Copa Paraná, a Copa São Paulo e o Meeting de Santa Catarina, Faggion entende que é necessário comprometer-se de forma mais expressiva, tentando encaixar o treinamento e o intercâmbio nos calendários das federações. “Quando possível, o Paraná participará dos eventos fora do Estado, e agora estamos estendendo isso para técnicos e árbitros, que poderão acompanhar as delegações como convidados. Essas ações conjuntas certamente fortalecerão ainda mais o judô da Região 5 e, indiretamente, do Brasil.”
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