Multimedalhista, Mário Sabino morre após desavença com sargento da PM

Mário Sabino e Bahjet Hayek fizeram uma das lutas mais eletrizantes do Torneio Beneméritos de 2018

Campeão mundial máster e representante do Brasil nos Jogos de Sydney e Atenas, o peso meio-pesado era cabo da PM e foi assassinado pelo sargento Agnaldo Rodrigues, que teria se suicidado em seguida

Luto no Judô
26 de outubro de 2019
Por PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS
São Paulo – SP

Ex-atleta da seleção brasileira e um dos principais destaques da classe veteranos da atualidade, o cabo da PM Mário Sabino Júnior faleceu nesta sexta-feira em Bauru (SP), após desentendimento com um colega de farda.

Sabino sempre buscou o resultado exibindo muita técnica e determinação

Segundo informações preliminares da corporação, o cabo do 4º Batalhão da Polícia Militar do Interior (4º BPM-I) e judoca Mário Sabino teria sido assassinado pelo sargento Agnaldo Rodrigues, do Comando de Policiamento do Interior-4 (CPI-4), que se suicidou em seguida. Os corpos foram encontrados em veículos na região do Jardim Nicéia por uma viatura da PM, e o local foi periciado, dando início às investigações.

Sabino disputou as Olimpíadas de Sydney (2000) e Atenas (2004) na categoria meio-pesado. Foi medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2003 (Santo Domingo, na República Dominicana); bicampeão mundial militar na Holanda (2000) e Itália (2001); e bronze do Campeonato Mundial de Osaka (Japão) em 2003. Atual campeão paulista e pan-americano do M4 da classe veteranos, o bauruense multimedalhista tem em seu currículo os ouros do campeonato mundial veteranos de 2018, realizado em Cancún, no México, e o bicampeonato pan-americano, conquistado em Lima, Peru, em 2019 e em Buenos Aires, Argentina, em 2018.

Na Copa Paulo Leite deste ano Mário Sabino voltou do Maranhão com duas medalhas de ouro, uma no individual e outra por equipe

Nascido em 23 de setembro de 1972 em Bauru (SP), o professor de judô yon-dan ficou oito anos sem competir devido ao trabalho na comissão técnica da Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Em maio, porém, revelou à Budô por que se entusiasmou com a classe veteranos.

“Depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, houve algumas mudanças na comissão técnica da seleção brasileira e por isso não estava mais sendo convocado para trabalhar. Precisava de motivação, e resolvi focar nas competições másteres. Fiquei surpreso com o grau de competitividade dos atletas e com a organização, e resolvi seguir adiante. Mas na verdade o que me mantém na ativa é a vontade incomensurável de conquistar títulos e medalhas.”

Mário Sabino conquistou o Campeonato Paulista desta temporada vencendo todas lutas por ippon

Em sua última entrevista para a revista Budô ele falou também sobre o seu comprometimento e a permanência nos tatamis.

“Neste ano voltei para seleção brasileira, na qual o trabalho é muito intenso. Já participei de várias ações da CBJ e fui escalado para estar à frente de algumas equipes fora do País ainda neste ano. Hoje a minha prioridade é ajudar as atletas, mas quando for possível e surgir uma oportunidade, certamente estarei competindo.”

Mário Sabino e Glauber Diniz Aragão na final do paulista desta temporada

Adepto do judô positivo, Mário Sabino sempre buscou o resultado lutando em pé e com muita eficiência. Carismático, muito querido e respeitado por todos que o conheciam, o professor Mário Sabino Júnior certamente deixará muita saudade nos tatamis e fora deles.

Mário Sabino é velado nesta manhã de sábado (26) no Centro Velatório Nobre 2, no Terra Branca da quadra 5 da rua Gerson França, em Bauru. O enterro será no período da tarde, no Cemitério do Jardim Redentor. O horário ainda não foi divulgado. Ainda não há informações sobre velório e enterro de Agnaldo Rodrigues.

Exibindo a efetividade de sempre e excelente desempenho no ashi-waza, Sabino jogou de ippon e conquistou mais um título paulista