15 de novembro de 2024
Dirigente reclama do abandono e da falta de apoio à seleção portuguesa de judô
Terceiro resultado positivo mantém a judoca peso leve Wilsa Gomes isolada da equipe num quarto de hotel
Gestão Esportiva
10 de julho de 2020
Fonte MIGUEL CANDEIAS / A BOLA
Fotos EPA / ABIR SULTAN e FERNANDO FERREIRA
Coimbra – Portugal
Após quase cinco meses sem treinar devido à covid-19, a seleção portuguesa de judô iniciou anteontem, em Coimbra, a terceira semana do estágio de retomada das atividades. No entanto, dos 48 judocas que estão na concentração, dez tiveram de permanecer isolados nos quartos e faltaram aos primeiros quatro dias de treinamento.
Isso porque o laboratório da Faculdade de Medicina de Coimbra atrasou a entrega dos resultados dos testes efetuados no dia anterior. Com isso, não puderam sair dos quartos desde a tarde de segunda-feira os sete judocas isolados pela primeira vez e aqueles que haviam deixado o estágio há 15 dias, depois que o campeão mundial Jorge Fonseca (-100 kg) e Wilsa Gomes (-57 kg) haviam acusado positivo, ainda que assintomáticos. A medida foi imposta pela federação portuguesa para evitar contágios até que os resultados fossem divulgados.
Todos foram negativos, menos o da judoca peso leve Wilsa Gomes, que defende o Sporting Clube de Portugal e já há duas semanas permanece isolada num quarto de hotel. Nesta quarta-feira (8 de julho) ela testou positivo pela terceira vez.
“O atraso na resposta laboratorial comprometeu os planos da nossa comissão técnica, porque houve atletas que não puderam treinar e ficaram fechados nos quartos, à espera dos resultados”, afirmou Jorge Fernandes, presidente da FPJ. “Os restantes haviam sido testados na semana passada e puderam treinar normalmente.” Os outros integrantes da seleção estão divididos em dois grupos e treinam em ginásios de clubes diferentes.
“Este quadro também complicou as nossas contas, pois estamos tendo uma despesa extra, desnecessária e inesperada. Os atletas acabaram tendo de dormir duas noites em quartos individuais. Mas houve um problema qualquer no laboratório, que não conseguiu entregar os resultados de manhã, como é habitual”, explicou Fernandes.
Neste retorno, a federação de judô tem sido praticamente a única a obrigar os atletas a serem testados antes dos estágios e treinos da seleção e, segundo o dirigente português, a entidade não está recebendo nenhum apoio.
“Não temos tido qualquer tipo de apoio, e até diria mais: parece que estamos aqui abandonados e só se lembram de nós quando surgem as medalhas”, dispara. “Até agora não tivemos ajuda de nenhuma autarquia ou da iniciativa privada”, reforçou. “E digo com muito custo, mas é a verdade. Os atletas estão aqui trabalhando muito bem. Vamos já na terceira semana, mas sem nenhum apoio”, lamentou Jorge Fernandes.
“Não sei se é por medo do vírus ou por estarmos estagiando em Coimbra e não em Lisboa. Mas aproveito para dizer que os judocas que testaram positivo não são criminosos. Não fizeram mal a ninguém. Não há motivos para nos afastarmos uns dos outros. Lamentamos, mas parece que é isso que está acontecendo”, disse o dirigente, optando por não apontar pessoas ou entidades.
Treinamento de campo
A Federação Portuguesa de Judô reuniu em 24 de junho, em Coimbra, os judocas do projeto olímpico, aos quais se juntaram outros para apoiar o trabalho das seleções, e inicia agora um terceiro estágio com a inclusão de mais atletas.
O objetivo é preparar as seleções feminina e masculina, que estavam paradas desde março devido às restrições impostas ao treino e ao contacto pela covid-19.
Antes destes três estágios, a FPJ já tinha programado, em conjunto com a treinadora Ana Hormigo, um trabalho em Idanha-a-Nova com as principais judocas femininas: Catarina Costa, Maria Siderot, Joana Ramos, Telma Monteiro, Bárbara Timo, Patrícia Sampaio, Yahima Ramirez e Rochele Nunes.
O recomeço das provas de judô deverá ocorrer em setembro, mês para o qual estão agendados o Grande Prêmio de Zagreb (18 e 20) e o Campeonato Nacional (26 e 27), enquanto o campeonato europeu de Praga, que deveria ter sido disputado em maio, foi adiado para o período de 8 a 10 de novembro.