Assembleia mais polêmica da história da CBJ reelege presidente em pleito que será contestado na Justiça comum

Mesa gestora da AGE

Dos 11 Estados que apoiavam a chapa da oposição, apenas Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Tocantins e Paraíba mantiveram o apoio

POR PAULO PINTO I FOTOS BUDOPRESS
CURITIBA (PR) / 8 de março de 2021

A assembleia geral ordinária eletiva da Confederação Brasileira de Judô reelegeu, neste sábado (6), Sílvio Acácio Borges para a presidência no quadriênio 2021-2025, tendo como vices José Nilson Gama de Lima, Danys Marques Maia Queiroz e Seloí Totti. Como era previsto, a chapa Transparência, Ética e Responsabilidade teve apoio da grande maioria do colégio eleitoral, fechando a apuração com 179 votos contra 48 da chapa Resgate da União do Judô, que tinha como candidato a presidente Fernando Moimaz e a vices Marcelo França Moreira, Adjaílson Coutinho e Solange Pessoa.

Sílvio Acácio Borges, presidente reeleito

“Toda a condução do processo eleitoral e até chegarmos a esse resultado evidenciaram os pilares da nossa chapa, o TER, Transparência, Ética e Responsabilidade. E, prevalecendo a vontade da enorme maioria do nosso colégio eleitoral, sabemos que é nessa direção que devemos seguir na gestão dos próximos quatro anos do judô brasileiro”, ponderou o presidente reeleito.

Mokutô pelo falecimento de Francisco de Carvalho

A eleição de 2021 foi marcada também pela maior participação de atletas no pleito presidencial da história da confederação. Dos 27 integrantes da comissão de atletas eletiva do judô (CAJE), 23 estiveram presentes para escolher seu próximo presidente, além de votarem nas eleições do conselho de ética e de administração. Na última eleição, os atletas foram representados por apenas um membro no colégio eleitoral. Agora, após alteração estatutária promovida na atual gestão, contribuíram com um terço dos votos.

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Espetáculo dantesco

Além do ineditismo em vários aspectos – alguns positivos e outros negativos –, o pleito deste sábado teve transmissão ao vivo para todo o País, e o que se viu foi um espetáculo dantesco, um verdadeiro show de horrores, muito distante daquilo que sempre existiu nas eleições da CBJ.

Usando muita truculência, na assembleia de prestação de contas Márcio de Oliveira Almeida ameaçou reiteradas vezes expulsar o advogado da oposição do recinto

A assembleia de prestação de contas precedeu a AGE e não teve transmissão ao vivo, mas todos que lá estavam presenciaram um espetáculo de autoritarismo e desrespeito por parte daqueles que conduziram o ato. Por diversas vezes o advogado da oposição foi calado sob a ameaça de ser retirado do recinto sob força policial e de ser preso.

Ney Wilson, gestor de alto rendimento da CBJ faz sua dissertação

A verdade é que as assembleias eletivas e de prestação de contas apenas ratificaram o que o judô brasileiro se tornou em quatro anos, sob a administração de um dirigente despreparado técnica e emocionalmente para conduzir uma das principais entidades esportivas do Brasil. Dentro e fora dos tatamis, desgraçadamente, hoje o judô brasileiro iguala o tamanho minúsculo da pessoa que preside a CBJ.

O jurista Alan Garcia, questiona as ilegalidades praticadas pela mesa

Manobras ardilosas preservaram os interesses da situação, permitindo até que ambas as assembleias fossem presididas por um dirigente cuja federação estava em condições irregulares e impedida de participar do pleito.

Os dirigentes da chapa Resgate da União do Judô afirmaram durante a assembleia que recorrerão à Justiça comum para invalidar o processo. Lamentavelmente a AGE deste sábado foi apenas o primeiro capítulo de uma gestão que inicia um novo mandato tendo cerca de 11 Estados fazendo oposição.

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Apuração final

Os votos que deram a vitória à chapa liderada por Sílvio Acácio vieram de 20 Federações (peso 6), 19 atletas (peso 3) e dois clubes (peso 1). A chapa Resgate da União do Judô teve seis votos de federações e de quatro atletas.

Para o conselho de administração os três únicos candidatos foram eleitos por aclamação: Luiz Carlos Rocha, Pedro de Lamare e Fábio Rodrigues Fleischauer.

Já para o conselho de ética, os cinco mais votados foram Gustavo Jaenisch Cação, Raphael Americano Câmara, Adriana da Costa Shier, Alamiro Velludo Salvador Netto e Mário Viola Azevedo Cunha.

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Ton Pacheco fez inúmeras reinvindicações, mas todas foram ignoradas pela comissão eleitoral da CBJ

Perplexos com as arbitrariedades, membros da chapa Resgate da União do Judô lutaram bravamente para fazer cumprir o estatuto da CBJ

Adjaílson Coutinho, reivindicou que mais uma vez não houve transparência na apresentação do balanço financeiro da CBJ

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Sílvio Acácio com os dois vices, Nilson Gama e Danys Queiroz

O presidente Ton Pacheco entrega as certidões que expõe irregulares nas federações do Amapá, Maranhão, Ceará e Espírito Santo que estavam sem direito a voto devido a irregularidades administrativas, o que foi ignorado pela comissão eleitoral

Judocas membros da comissão de atletas

Parte dos dirigentes e membros da chapa Resgate da União do Judô