Lenda dos tatamis, Toshihiko Koga perde luta contra câncer e morre aos 53 anos

Toshihiko Koga (1967 – 2021) © Arquivo

Campeão olímpico em Barcelona, vice-campeão olímpico em Atlanta e tricampeão mundial, o atleta japonês participaria do revezamento da tocha olímpica em maio

Memória
24 de março de 2021
Fonte NIKKEI ÁSIA
Curitiba (PR)

Tóquio (Kyodo) – Toshihiko Koga, campeão nos Jogos Olímpicos de Barcelona de 1992, morreu hoje vítima de câncer em sua casa em Kawasaki, perto de Tóquio, anunciou sua assessoria de comunicação.

Medalha de ouro em Barcelona (1992) e de prata nos Jogos de Atlanta (1996), Koga foi hospitalizado em três ocasiões na primavera do ano passado devido ao câncer. Koga participaria do revezamento da tocha olímpica de Tóquio 2020 que passaria em maio por Saga, cidade onde nasceu em 21 de novembro de 1967. O revezamento começa nesta quinta-feira na província de Fukushima, no Nordeste do país.

O judô mundial perde uma das suas grandes referências © Facebook

“Ainda estou em um estado de total descrença”, disse Hidehiko Yoshida, que também subiu ao pódio olímpico em Barcelona depois de vencer a final do 78kg. “Quando ele conquistou o ouro, ​​senti mais alegria do que quando eu mesmo venci. O fato de termos conquistado juntos a medalhas de ouro é algo que guardarei para sempre.”

Kosei Inoue, gestor técnico da seleção do Japão, lamentou a perda atleta. “Além de uma sensibilidade incrível para o judô, o professor, Koga tinha uma visão excelente, junto com sua velocidade e força. Fora dos tatamis, ele sempre tinha um sorriso no rosto e conversava animadamente comigo. Sua morte veio muito cedo, e ele fará falta para o mundo do judô”, disse Inoue.

Quando aposentou, Koga treinou a bicampeã olímpica Ayumi Tanimoto © David Finch

Trajetória brilhante

Koga começou a frequentar o prestigiado dojô Kodogakusha, em Tóquio, logo após o término do ensino primário. Ganhou títulos nacionais consecutivos na juventude e obteve o bronze no campeonato mundial de Essen em 1987, um ano antes de sua estreia olímpica em Seul 1988, onde foi eliminado na terceira rodada.

Depois de conquistar o ouro nos campeonatos mundiais de Belgrado (1989) e Barcelona (1991), foi capitão da equipe japonesa nos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992), quando ganhou a medalha de ouro nos 71kg, mesmo com uma lesão no joelho.

Para muitos que o enfrentaram, seu ippon-seoi-nage era indefensável © David Finch

Depois de se recuperar rapidamente, regressou para competir nos 78kg e conquistou a medalha de ouro no mundial de 1995, realizado em Chiba (Japão). No ano seguinte obteve a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996).

A aposentadoria dos tatamis ocorreu em 2000 e antes de fundar seu próprio dojô tornou-se treinador da seleção japonesa feminina, quando treinou Ayumi Tanimoto, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004) e Pequim (2008), nos 63kg. A partir de 2007 ele também treinou a equipe feminina da International Pacific University em Okayama, no Oeste do Japão, que se tornou um dos clubes de judô mais fortes do país.

Celebridade no Japão, Koga teve seu estilo de competição muito admirado. Para muitos observadores, foi o judoca que melhor executou o ippon-seoi-nage, técnica de projeção (nage-waza) na qual se lança o adversário por cima do ombro.

Koga nos Jogos de Atlanta (1996) © David Finch

Devido à sua plasticidade e competitividade, Koga recebeu o apelido de Sanshiro da era Heisei (1989 – 2019) em homenagem ao protagonista judoca do famoso romance Sugata Sanshiro, cuja adaptação cinematográfica (The Legend of the Great Judo, em inglês) foi a estreia do célebre cineasta japonês Akira Kurosawa em 1943.

Em conferência de imprensa nesta manhã, Katsunobu Kato, porta-voz do governo japonês, lamentou a morte de Toshihiko Koga e destacou as conquistas do atleta e “a sua contribuição para a formação das futuras gerações de judocas”.