07 de junho de 2025

Um dia antes da estreia oficial dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o judoca argelino Fethi Nourine desistiu da disputa para evitar a possibilidade de enfrentar um representante israelense.
De acordo com relatos da mídia hebraica, Nourine tomou a decisão após a Federação Internacional de Judô (FIJ) ter realizado o sorteio das chaves nesta quinta-feira (22) e colocar o judoca Fethi Nourine diante do sudanês Mohamed Abdalrasool, no primeiro confronto. Um adversário fácil para Fethi, mas ele decidiu não lutar, pois, em caso de vitória, teria de enfrentar o peso leve israelense Tohar Butbul.
Captura de tela do vídeo do judoca israelense Tohar Butbul, à esquerda, durante as finais da categoria até 73kg masculino do Campeonato Europeu de Judô, em 17 de abril de 2021. (YouTube)
“Não tivemos sorte com o sorteio das chaves. Temos um adversário israelense e por isso tivemos de nos retirar. Tomamos a decisão certa”, disse o técnico do Nourine, Amar Ben Yaklif, segundo a mídia argelina.
Em 2019, Nourine desistiu do campeonato mundial de judô ao também se deparar com Butbul, que agora enfrentará Mohamed Abdalarasool, do Sudão, em sua primeira luta.
Não é a primeira vez que judocas com origem israelenses enfrentam discriminação no esporte. Nos Jogos Olímpicos de 2016, o egípcio Islam El Shahaby desistiu de seguir praticando esporte, poucas horas depois de se esforçar para apertar a mão do vitorioso rival israelense Or Sasson na primeira rodada da competição masculina acima de 100kg.
Islam El Shehaby (azul) do Egito se recusa a apertar a mão após a derrota para o israelense Or Sasson na competição masculina de judô acima de 100kg nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Brasil, em 12 de agosto de 2016. (AFP / Toshifumi Kitamura)
O egípcio de 32 anos, medalhista do campeonato mundial em 2010, enfrentou pressão nas redes sociais e de grupos islâmicos radicais de seu país para se retirar da competição e enfrentou críticas intensas depois de perder para um israelense.
Em abril, a Federação Internacional de Judô emitiu uma punição de quatro anos contra a Federação Iraniana de Judô devido à exigência de Teerã de que seus atletas se recusassem a enfrentar adversários israelenses.
A proibição começou em setembro de 2019, quando o judoca Saeid Mollaei deixou a seleção iraniana durante o Mundial de Tóquio, revelando que recebeu ordens de perder as lutas e se retirar das competições para evitar o confronto com israelenses.
O judoca iraniano Saeid Mollaei em uma cidade não revelada do sul da Alemanha, 12 de setembro de 2019. (AP Photo / Michael Probst)
O Comitê Olímpico Internacional aprovou no ano passado a migração de Mollaei para competir pela Mongólia. O COI disse que a mudança não precisava da permissão das autoridades olímpicas iranianas porque o judoca era tecnicamente um refugiado.
No início deste ano, Mollaei viajou para Israel para competir num grand slam em Tel Aviv.
Enquanto estava no país judeu, ele disse à Kan TV de Israel: “Estou competindo apenas pela Mongólia. Não luto mais pelo Irã. Essa parte da minha vida acabou para mim. Sempre fui um esportista. Nunca me envolvi na política.”
Após conquistar a medalha de prata na competição, Mollaei disse que as pessoas de Israel foram muito gentis. “Isso é algo que jamais esquecerei.”