15 de novembro de 2024
Judoca argelino desiste de competir em Tóquio para não enfrentar adversário israelense
Fethi Nourine desistiu da competição masculina até 73kg diante da possibilidade de enfrentar Tohar Butbul na segunda rodada da fase classificatória. “Tomamos a decisão certa”, disse seu treinador
Por Times of Israel.com
23 de julho de 2021
Um dia antes da estreia oficial dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o judoca argelino Fethi Nourine desistiu da disputa para evitar a possibilidade de enfrentar um representante israelense.
De acordo com relatos da mídia hebraica, Nourine tomou a decisão após a Federação Internacional de Judô (FIJ) ter realizado o sorteio das chaves nesta quinta-feira (22) e colocar o judoca Fethi Nourine diante do sudanês Mohamed Abdalrasool, no primeiro confronto. Um adversário fácil para Fethi, mas ele decidiu não lutar, pois, em caso de vitória, teria de enfrentar o peso leve israelense Tohar Butbul.
“Não tivemos sorte com o sorteio das chaves. Temos um adversário israelense e por isso tivemos de nos retirar. Tomamos a decisão certa”, disse o técnico do Nourine, Amar Ben Yaklif, segundo a mídia argelina.
Em 2019, Nourine desistiu do campeonato mundial de judô ao também se deparar com Butbul, que agora enfrentará Mohamed Abdalarasool, do Sudão, em sua primeira luta.
Não é a primeira vez que judocas com origem israelenses enfrentam discriminação no esporte. Nos Jogos Olímpicos de 2016, o egípcio Islam El Shahaby desistiu de seguir praticando esporte, poucas horas depois de se esforçar para apertar a mão do vitorioso rival israelense Or Sasson na primeira rodada da competição masculina acima de 100kg.
O egípcio de 32 anos, medalhista do campeonato mundial em 2010, enfrentou pressão nas redes sociais e de grupos islâmicos radicais de seu país para se retirar da competição e enfrentou críticas intensas depois de perder para um israelense.
Em abril, a Federação Internacional de Judô emitiu uma punição de quatro anos contra a Federação Iraniana de Judô devido à exigência de Teerã de que seus atletas se recusassem a enfrentar adversários israelenses.
A proibição começou em setembro de 2019, quando o judoca Saeid Mollaei deixou a seleção iraniana durante o Mundial de Tóquio, revelando que recebeu ordens de perder as lutas e se retirar das competições para evitar o confronto com israelenses.
O Comitê Olímpico Internacional aprovou no ano passado a migração de Mollaei para competir pela Mongólia. O COI disse que a mudança não precisava da permissão das autoridades olímpicas iranianas porque o judoca era tecnicamente um refugiado.
No início deste ano, Mollaei viajou para Israel para competir num grand slam em Tel Aviv.
Enquanto estava no país judeu, ele disse à Kan TV de Israel: “Estou competindo apenas pela Mongólia. Não luto mais pelo Irã. Essa parte da minha vida acabou para mim. Sempre fui um esportista. Nunca me envolvi na política.”
Após conquistar a medalha de prata na competição, Mollaei disse que as pessoas de Israel foram muito gentis. “Isso é algo que jamais esquecerei.”