06 de novembro de 2024
Denúncias expõem nepotismo e má gestão na Confederação Brasileira de Karatê
Denunciantes solicitam que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e Ministério do Esporte intervenham na entidade.
Por Leonardo Freitas / Extra
6 de novembro de 2024 / Curitiba, PR
A atual administração da Confederação Brasileira de Karatê (CBK) enfrenta sérias denúncias de nepotismo e má gestão. A principal acusação é de que a entidade é controlada pela família Cardoso há mais de uma década, o que estaria prejudicando atletas e a comunidade do esporte.
Luiz Carlos Cardoso, que ocupou a presidência da CBK por oito anos, até 2021, é apontado como a figura central desse controle. Mesmo após passar o cargo para Sebastião Hermes Queiroz, Luiz Carlos continuaria a tomar decisões estratégicas, levando a acusações de que Queiroz seria um “laranja”.
Ex-assessor administrativo da Federação de Karatê do Estado do Rio de Janeiro e desfiliado da CBK por Cardoso, Manoel Varella é um dos denunciantes: “Luiz Carlos Cardoso continua exercendo um controle efetivo, o que caracteriza uma gestão autoritária.”
Além de Varella, membros de outras federações estaduais procuraram a reportagem reforçando a denúncia, mas solicitaram que seus nomes não fossem divulgados.
Os filhos de Luiz Carlos ocupam posições importantes dentro da CBK. William Cardoso, por exemplo, é vice-presidente e também diretor técnico, acumulando funções que levantam preocupações sobre a ética na administração, como acusa Varella: “O nepotismo é evidente com os filhos de Luiz Carlos ocupando posições-chave”.
A CBK tem sido acusada de intervir em federações estaduais, restringindo sua autonomia. “Mudanças no estatuto em 2021 garantiram proteções que favorecem a continuidade da Família Cardoso no poder. As federações em situação irregular são muitas vezes impedidas de votar, a menos que entreguem procurações à chapa interessada”, afirma Varella.
A prestação de contas da CBK também é criticada. “O balancete de 2023 foi apresentado de forma simplificada e sem análise financeira adequada, o que fere o princípio de transparência exigido por lei. A falta de detalhamento sugere uma gestão financeira duvidosa”, alerta o denunciante.
Varella e outros membros da comunidade do karatê pedem uma investigação sobre as práticas da atual administração. Eles solicitam que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e o Ministério do Esporte intervenham para garantir o respeito às legislações esportivas. “É hora de exigir uma liderança na CBK que realmente represente os valores do karatê: disciplina, justiça e integridade”, conclui Varella.
A reportagem do Extra tentou entrar em contato com a CBK, mas não obteve retorno.