Judô

Festival do Projeto Caminho Suave inicia 130 crianças na competição com acolhimento e os valores do judô

Sob o olhar atento do professor Bertolazzi, da Associação João do Grito, judocas se enfrentam no dojô do Projeto Caminho Suave © Global Sports

Com ambiente acolhedor, lutas organizadas por faixa etária e a presença de sete escolas da Grande São Paulo, o festival proporcionou a 130 crianças a primeira vivência competitiva no judô — com medalhas, aprendizado e emoção para toda a família.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 13 de abril de 2025

Realizado neste sábado (5), no CDC Curtiball, na Freguesia do Ó, zona noroeste da cidade de São Paulo, o 1º Festival Caminho Suave do Judô superou expectativas e reuniu 130 crianças de sete escolas da Grande São Paulo, proporcionando à maioria delas sua primeira experiência em um ambiente competitivo.

Mesa de honra formada por professores e convidados durante a abertura do festival © Global Sports

A atividade, desenvolvida em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de São Paulo (SEME), aconteceu das 8h30 às 13h30 e foi planejada para receber crianças até 15 anos, ainda não federadas e, preferencialmente, até a faixa amarela. “Nosso objetivo era fazer uma competição para 60 atletas, mas felizmente acabamos recebendo 130 inscrições. Dividimos os participantes em cinco classes: até Sub 6, Sub 9, Sub 11, Sub 13 e Sub 15, com atividades realizadas ao longo de uma hora por categoria”, explicou a professora Rubiane Guarino, diretora do Projeto Caminho Suave do Judô.

Mauzler Paulinetti, Rubens Pereira e Nélson Onmura © Global Sports

O formato adotado, com lutas dentro do dojô do próprio projeto, ofereceu uma atmosfera acolhedora e organizada, respeitando o nível de cada faixa etária. A organização foi liderada pelo professor kodansha Rubens Pereira shichi-dan (7º dan), pela sensei Rubiane e por Cintia de Carla Ramalho de Albuquerque, secretária do projeto.

O professor go-dan Luiz Fernandes conduziu o junbi-undō (aquecimento) que antecedeu as disputas nas cinco classes © Global Sports

Formação cidadã

Destaque especial para o envolvimento dos professores do projeto, que foram fundamentais na preparação prévia e no bom andamento do festival: Lucas Coutinho Nunes, Gabriel Ramalho de Albuquerque, Letícia Azevedo Fernandes e Victória Moura Pereira. Eles acolheram, sem distinção, todas as crianças participantes — muitas delas com apenas 4 ou 5 anos, em sua primeira experiência fora do dojô de origem.

Entre olhares atentos e mãos curiosas, duas pequenas judocas iniciam seus primeiros movimentos nos tatamis, descobrindo o judô de forma lúdica e acolhedora © Global Sports

Merece ainda mais reconhecimento a atuação direta dos alunos do Projeto Caminho Suave do Judô, que se engajaram em funções estruturais durante o evento: os mais graduados atuaram como oficiais técnicos e os demais auxiliaram na organização das turmas, orientando os pequenos com responsabilidade, paciência e espírito de equipe. Os alunos da Associação Colossus de Judô também contribuíram decisivamente para a execução do festival, reafirmando o compromisso com o trabalho coletivo e a formação cidadã por meio do esporte.

Entre passos ainda inseguros e abraços que viram kumi-kata, dois pequenos judocas descobrem nos tatamis que competir também é confiar e crescer juntos © Global Sports

Participaram do festival o CEU Taipas / Associação Grande Vitória da Capadócia, sob responsabilidade do sensei Luís Kanamori; a Associação Judô Antunes, do sensei Herval Antunes; o Instituto Sensei Luisinho – Cidade Tiradentes / Osasco, comandado pelo sensei Luisinho; a Associação João do Grito de Judô de Ermelino Matarazzo, liderada pelo sensei João Carlos Alves de Souza; o Judô Santa Mônica / Instituto Olímpico de Pirituba, do sensei Lucimar Rocha; o Clube Esportivo da Penha, do sensei Vagner Valentim; e a Associação de Judô Colossus da Vila Albertina, sob responsabilidade do professor Rubens Pereira.

Sensei Bertolazzi coordenou a competição masculina da classe Sub 6 © Global Sports

Iniciação na competição

O professor Rubens Pereira destacou que o principal objetivo foi proporcionar às crianças uma primeira vivência em competição. “Sentir aquele frio na barriga, socializar com atletas de outras associações, inseri-los no ambiente competitivo e, acima de tudo, fazê-los entender que tudo na vida depende da nossa dedicação e esforço.”

Professores Yasmin Alves, Gabriel Ramalho, Letícia Azevedo e Victória Moura coordenaram a competição feminina da classe Sub 6 © Global Sports

Já a professora Rubiane ressaltou o aspecto pedagógico da experiência. “Inovamos ao fazer a competição dentro do nosso dojô. Durante o evento, os pais puderam vivenciar e compreender melhor tudo o que é ensinado no dia a dia. Valores como respeito, hierarquia, convivência com outras crianças e professores, foram reforçados. E, claro, o brilho nos olhos ao receber a medalha e tirar fotos com os amigos e a família tornaram tudo ainda mais especial.”

Entre tranças e muita emoção, duas pequenas judocas se encontram nos tatamis pela primeira vez, iniciando com muita delicadeza suas trajetórias no universo da competição © Global Sports

Ao final de cada classe, todos os participantes receberam medalhas de participação e um kit lanche, reforçando a proposta educativa e inclusiva do festival. O gesto simbólico valorizou o esforço individual de cada criança, sem distinção de desempenho.

A classe Sub 15 mostrou judocas focados, determinados e com excelente nível técnico, reafirmando o potencial formativo do Projeto Caminho Suave © Global Sports

A importância da vivência

Durante o festival, três professores convidados compartilharam suas percepções sobre a relevância desse tipo de iniciativa na formação dos jovens judocas.

Mais do que ensinar técnicas, o judô também acolhe. No Festival Caminho Suave, cada gesto de cuidado da sensei Rubiane Guarino fortalece os laços de confiança entre alunos, famílias e professores © Global Sports

Para o sensei João Carlos Alves de Souza, da Associação João do Grito de Judô de Ermelino Matarazzo, participar de festivais desde cedo ajuda as crianças a interagir com colegas de outros lugares, ampliando a socialização e o aprendizado. “Elas aprendem a dar os primeiros passos nas competições e a respeitar os adversários. É uma forma de sair da rotina e ampliar a visão de mundo”, afirmou. Segundo ele, o ambiente diferente fortalece o sentimento de pertencimento e até de equipe entre os pequenos. “Tudo isso, junto da conquista da medalha e das novas amizades, transforma a experiência em algo inesquecível.”

O ippon de Raphaelly Vitória Xavier Souza (57kg), da Associação João do Grito, que jogou com sode-tsuri-komi-goshi © Global Sports

Já o professor Luis Fernandes de Souza, go-dan (5º dan) da Associação de Judô Colossus, enxerga os festivais como etapas importantes de preparação para a vida e o esporte. “As crianças começam a entender que o mais importante é participar, e que tanto quem ganha quanto quem perde está aprendendo e saindo vitorioso. A vivência do tatami ensina respeito, leitura do adversário e troca de experiências que só acontecem no shiai-jô.” Ele complementa: “A competição simula a vida, que é uma eterna sequência de cair e levantar — o grande ensinamento do ukemi criado por Jigoro Kano.”

O professor Lucimar Rocha, yon-dan (4º dan) na FPJudô e roku-dan (6º dan) na LPJI, da Associação Judô Santa Mônica de Pirituba, valoriza o impacto social da experiência. “Eventos como esse promovem interação entre alunos, professores, atletas e familiares. As crianças aprendem a testar o que treinam, ganham postura, confiança e enfrentam seus receios.” Segundo ele, o papel do sensei é essencial, mas o apoio da família também é determinante. “O acolhimento dos pais na vitória e na derrota é o que garante uma trajetória longa e positiva no judô.”

Até mesmo na classe Sub 6, o talento já se revela nos tatamis — com movimentos firmes e instinto apurado, os pequenos judocas mostram que a habilidade começa cedo

Agradecimento e futuro

Ao final do evento, visivelmente emocionado, o professor Rubens Pereira fez um apelo especial às famílias e às próprias crianças. “O judô ensina muito, mas ele caminha junto com a educação. Cada golpe aprendido, cada reverência no tatami precisa andar lado a lado com o respeito aos estudos. Quero que essas crianças sonhem alto — que não apenas se tornem grandes judocas, mas também bons alunos, cidadãos conscientes e profissionais preparados para a vida. Nosso maior ippon é ver essas crianças vencendo também na escola e abrindo caminhos para um futuro melhor.”

Quando a garra e a determinação falam mais alto que a técnica, revela-se o verdadeiro espírito da superação © Global Sports

Sobre o Projeto Caminho Suave do Judô

Voltado para crianças entre 6 e 15 anos, o Projeto Caminho Suave do Judô oferece aulas gratuitas, fornece o judogi para a prática do esporte e possui capacidade para atender 60 crianças. Diante da alta demanda e da diversidade de horários das escolas (municipais, estaduais, integrais e particulares), o projeto ampliou sua grade para os períodos da manhã, tarde e noite, garantindo acesso à prática esportiva de qualidade para um número ainda maior de famílias.

Clique AQUI e acesse a pasta de fotos do Iº Festival do Projeto Caminho Suave de Judô.

Professores Luis Kanamori do CEU Taipas / Associação Grande Vitória da Capadócia e Luiz Fernandes da Associação de Judô Colossus © Global Sports

Medalhas no peito, lanches nas mãos e a alegria no rosto: para esses pequenos judocas, o Festival Caminho Suave já foi uma grade conquista © Global Sports

Judocas da classe Sub 9 perfilados após a premiação, celebrando os primeiros passos na competição © Global Sports

Ao fim de cada premiação, os pais foram convidados a descer nos tatamis para registrar, de perto, a alegria dos filhos. Em eventos como o Festival Caminho Suave, a simplicidade aproxima, o acolhimento fortalece e cada conquista pode ser celebrada em família © Global Sports

Entre sorrisos e medalhas, mãe e filho celebram juntos a conquista no Festival Caminho Suave — um evento onde o judô vai além dos tatamis unindo famílias em torno do esforço mútuo © Global Sports

Judocas da classe Sub 11 com suas medalhas © Global Sports

Mostrando muita habilidade, José Felipe dos Santos Bertin, judoca da Associação Judô Antunes e aluno do sensei Herval, foi um dos destaques da classe Sub 6 © Global Sports

Equipe da Associação de Judô Colossus que realizou a primeira edição do 1º Festival Caminho Suave do Judô © Global Sports

Nas classes Sub 13 e Sub 15, o osae-komi foi um dos caminhos mais recorrentes para a vitória, refletindo o momento técnico dos jovens atletas © Global Sports

Alegria sincera de quem conquista a primeira medalha. O judô começa assim: com pequenos passos, a vontade de evoluir e, subliminarmente, o preparo para grandes conquistas na vida © Global Sports

Antes do shiai, o junbi-undō prepara o corpo e a mente. No Festival Caminho Suave, o aquecimento também foi parte do aprendizado: disciplina, foco e respeito ao próprio ritmo © Global Sports