13 de maio de 2025

O segundo dia do Grand Slam Astana foi marcada não apenas pela excelência técnica e pela vibrante participação do público, mas também por um componente simbólico de peso: a presença do presidente Kassym-Jomart Tokayev nas arquibancadas, atendendo ao convite feito por Marius Vizer, presidente da FIJ. O registro, originalmente publicado pela jornalista Jo Crowley no portal da Federação Internacional de Judô, destacou o envolvimento direto do chefe de Estado com a modalidade — o que reforça a dimensão estratégica que o judô assumiu no país.
Realizado no Palácio de Artes Marciais Zhaksylyk Ushkempirov, o Qazaqstan Barysy Grand Slam foi muito além do espetáculo técnico. O evento atraiu a atenção de espectadores no ginásio e em plataformas digitais, com grande cobertura da mídia local e internacional. Entre ippons e combates acirrados, o que se viu foi uma demonstração clara de como o judô ultrapassa os limites do esporte e se consolida como ferramenta de diplomacia, identidade nacional e inclusão.
O presidente da FIJ, Marius Vizer, e o presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, na tribuna de honra do Palácio de Artes Marciais Zhaksylyk Ushkempirov © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
Não é de hoje que o judô atrai presidentes, chefes de governo e membros da realeza. Nas Olimpíadas de Londres, líderes mundiais prestigiaram o dojô olímpico. No verão passado, em Paris, o presidente francês Emmanuel Macron acompanhou de perto as disputas no Champs de Mars, conversou com campeões e parabenizou a equipe francesa. Em diversas partes do mundo, embaixadores, ministros e autoridades fazem questão de marcar presença em competições de judô — uma evidência de que o esporte, além de formar atletas, conecta nações, inspira políticas públicas e projeta valores universais.
Ao discursar ou mesmo assistir a lutas, líderes como Tokayev reforçam o papel do judô como canal de conexão entre valores universais — como respeito, disciplina e igualdade — e agendas públicas voltadas à juventude e ao esporte de base.
Marius Vizer e Kassym-Jomart Tokayev acompanham as disputas do Grand Slam em Astana © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
No tatami, o Cazaquistão teve uma campanha consistente, embora sem ouros. Foram nove pódios ao longo da competição: três medalhas de prata e seis de bronze. O desempenho colocou o país na nona colocação geral, destacando-se pela quantidade de atletas entre os finalistas e pela forte presença nas disputas decisivas.
A responsabilidade de conquistar a primeira medalha dourada ficou nas costas de Abylaikhan Zhubanazar, único judoca cazaque a chegar à semifinal no segundo dia de competição. A expectativa era alta, especialmente com o presidente Tokayev presente na arena. Embora o ouro não tenha vindo, a performance aguerrida do atleta foi celebrada como símbolo do comprometimento da equipe nacional.
O evento também foi uma janela para refletir sobre o lugar do Cazaquistão no cenário global. Com papel estratégico na Ásia Central, o país é cada vez mais um ponto de equilíbrio entre grandes potências — mantendo laços históricos com a Rússia, intensificando relações comerciais com a China e buscando aproximação diplomática com o Ocidente.
Nesse contexto, o esporte — e em especial o judô — tornou-se uma ferramenta de soft power. Ao sediar um Grand Slam de tamanha magnitude e ao investir no desenvolvimento da modalidade como política de Estado, o Cazaquistão projeta uma imagem moderna, disciplinada e integrada ao cenário olímpico.
Abylaikhan Zhubanazar, único judoca cazaque a disputar uma semifinal no dia da visita do presidente Kassym-Jomart Tokayev, carregou a expectativa da torcida e a honra de representar o país diante de sua maior autoridade © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
Se na geopolítica o Cazaquistão atua como mediador entre blocos rivais, nos tatamis a posição do país é cada vez mais sólida. A presença constante nos pódios do circuito mundial, aliada à organização impecável de seus eventos, aponta para uma potência em consolidação — tanto como força esportiva quanto como plataforma de projeção internacional.
Em Astana, ficou claro que o judô já não pertence apenas aos atletas ou técnicos. Ele pertence, também, a uma nação que o escolheu como parte de sua identidade. E ao que tudo indica, esse vínculo está apenas começando a florescer.
13 de maio de 2025
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