08 de setembro de 2025

Após dois dias de combates intensos no ginásio da Fundação Marcopolo, em Caxias do Sul (RS), chegou ao fim neste domingo (7) o Campeonato Brasileiro Júnior de Judô 2025. A delegação paulista brilhou mais uma vez, assegurando o título geral da competição com seis medalhas de ouro, uma de prata e oito bronzes, além de seis quintos lugares e quatro sétimos.
O desempenho de São Paulo se consolidou também nas disputas coletivas: campeã no masculino, vice-campeã no feminino e vencedora da emocionante final contra o Rio de Janeiro na competição por equipes mistas.
Disputas acirradas traduziram o altíssimo nível técnico do Campeonato Brasileiro Júnior em Caxias do Sul © Anderson Neves
A campanha, no entanto, não foi tranquila. Assim como os paulistas, os cariocas chegaram a sete finais e terminaram em segundo lugar, com 11 medalhas no total (quatro ouros, três pratas e quatro bronzes). O Rio Grande do Sul, anfitrião do torneio, marcou grande presença no pódio com 13 conquistas, sendo duas de ouro, seis pratas e cinco bronzes. O Paraná ficou em quarto lugar, com duas medalhas de ouro e quatro bronzes, enquanto o Distrito Federal assegurou o quinto posto, com duas pratas.
Para conquistar o título de campeão geral masculino, São Paulo registrou três ouros e quatro bronzes: os ouros vieram com Bruno Nóbrega (–66 kg), Enzo Trombini (–81 kg) e João Segatelle (–90 kg); já os bronzes foram conquistados por Gilberto Neto (–90 kg), Ernane Neves (–66 kg), Lucas Ribeiro (–90 kg) e Renan Lima (–66 kg).
Equipe paulista comemora a vitória sobre o Rio de Janeiro na final por equipes mistas © Anderson Neves
Para conquistar o vice-campeonato feminino, São Paulo subiu ao pódio em várias categorias. Os ouros vieram com Rafaela Rodrigues (–52kg), Gyovanna Andrade (–57kg) e Maria Moreira (–63kg). A prata veio com Lívia Resende (–70kg), enquanto os bronzes foram conquistados por Juliana Yamazaki (–48kg), Isabeli Barreto (–52kg), Larissa Menezes (–57kg) e Luana Silva (–78kg).
Henrique Guimarães, presidente da Federação Paulista de Judô, destacou a grandeza da conquista em Caxias do Sul e parabenizou toda a delegação paulista, incluindo atletas, técnicos, dirigentes regionais, clubes e associações filiadas que contribuíram para o resultado histórico. Ele ressaltou que, para alguns judocas, a participação no Campeonato Brasileiro Júnior, principal competição nacional da classe Sub 21, teve um peso ainda maior por valer pontos no ranking nacional, lembrando que a Confederação Brasileira de Judô divulgará nesta semana a convocação para o Campeonato Mundial Júnior Sub 21, em Lima.
“Foi um campeonato de altíssimo nível em todos os aspectos. Preciso parabenizar a Federação Gaúcha, anfitriã do evento, pela organização impecável, assim como o presidente da CBJ, Paulo Wanderley, e toda a sua equipe pela excelente entrega. São Paulo se sente honrado em participar e conquistar resultados tão expressivos em um torneio desse porte”, afirmou Henrique.
Comissão técnica paulista, formada pelos professores Alexandre Lee, Marcos Dagnino, Vânia Ishi e Eduardo Katsuhiro, ao lado do presidente Henrique Guimarães e do diretor técnico Marco Antônio Rato, exibe os troféus de campeão masculino e vice-campeão feminino © FPJudô
Ele lembrou que fazia muito tempo que a FPJudô não alcançava um desempenho tão brilhante em âmbito nacional e reforçou que o título no masculino, o vice-campeonato no feminino e a vitória por equipes mistas foram frutos da dedicação e da entrega dos atletas. “Essa presença expressiva de todos os estados é o que fortalece um judô brasileiro cada vez mais sólido e vencedor, com reflexos também no cenário global.”
Encerrando sua avaliação, Henrique reafirmou o orgulho pelo desempenho da equipe e projetou o futuro da entidade. “Essa conquista em Caxias do Sul representa mais um passo no nosso projeto de crescimento. Seguimos em frente com motivação redobrada para as próximas campanhas, confiantes na força dos nossos atletas e no trabalho coletivo que baliza e fundamenta a FPJudô”, concluiu o dirigente.
Após a conquista paulista em Caxias do Sul, o professor Marco Antônio da Costa, o Rato, diretor técnico da FPJudô, apresentou a comissão técnica composta pelos professores Marcos Dagnino (Clube Athletico Paulistano), Vânia Ishi (Esporte Clube Pinheiros), Eduardo Katsuhiro (Clube Paineiras do Morumbi) e Alexandre Lee (SESI de Botucatu), e fez uma ampla avaliação do desempenho da equipe.
Seleção paulista no lugar mais alto do pódio © Anderson Neves
Segundo ele, o resultado alcançado é fruto do trabalho desenvolvido nos clubes, academias e delegacias regionais, com treinos conjuntos que vêm sendo realizados em diferentes regiões do estado em parceria com a comissão técnica. Essa integração, destacou, é essencial para manter São Paulo no lugar que nunca deveria ter saído: o degrau mais alto do pódio nacional. “Com essa união, atletas de alto nível fortalecem a base e nos permitem dar continuidade à tradição paulista nos tatamis”, afirmou.
Rato explicou que, no aspecto individual, o foco esteve sempre no aperfeiçoamento dos fundamentos e na adaptação às diferentes situações de luta. Já no coletivo, a palavra-chave foi união. Ele lembrou que, na final contra o Rio de Janeiro, a comissão técnica sabia que enfrentaria uma equipe fortíssima e que a disputa poderia terminar rapidamente ou levar ao empate em 3 a 3, com decisão na luta de desempate — exatamente o que ocorreu. “A comissão técnica traçou uma tática para que os atletas mantivessem consciência e foco durante os combates. Colocamos também a torcida próxima, incentivando o tempo todo, enquanto os colegas que não participaram ficaram nas arquibancadas empurrando a equipe. Tudo isso colaborou para o ótimo resultado”, explicou.
Lucas Ribeiro joga Ruan de ippon e decreta vitória dos paulistas © Anderson Neves
O dirigente ressaltou ainda que a integração entre clubes e comissão técnica é o pilar do cenário que consolida o judô paulista como referência nacional. “Quando existe sintonia entre clubes, delegacias regionais, federação e diretoria técnica, São Paulo se mantém no topo. Essa sinergia cria um ambiente positivo, em que os atletas se sentem apoiados, dedicam-se mais e entregam resultados melhores. Isso nos permite traçar planos de longo prazo, tanto na gestão técnica quanto no crescimento individual dos judocas.”
Ele reforçou que a união entre federação e clubes é decisiva e inclui todos os que atuam na área técnica. “Se mantivermos os departamentos técnicos alinhados, ninguém pode nos parar. Felizmente temos em São Paulo clubes que compõem a elite nacional e professores altamente capacitados, reunindo esforços em prol de um objetivo comum: capacitar cada vez mais atletas e professores, atingindo um padrão técnico sustentável e sem rivalidades. Hoje, todos trabalham em prol da FPJudô, com apoio integral do presidente Henrique Guimarães, que não mede esforços para estabelecer novos rumos e frentes de trabalho.”
Equipe paulista vibra intensamente com a vitória de Lucas Ribeiro © Anderson Neves
Ao recordar os momentos mais marcantes em Caxias do Sul, Rato destacou a final por equipes mistas, que classificou como eletrizante. “As disputas coletivas costumam ser emocionantes, mas desta vez foram impressionantes. Abrimos 2 a 0 e tivemos a chance de ampliar para 3 a 0, quando Renan Lima, que vencia por wazari e yuko, sofreu uma virada nos segundos finais diante de Thawã Frade (–73kg). Na sequência, Lívia Resende aumentou a vantagem, mas os cariocas reagiram e empataram. Ana Soares (+78kg) e Gabriel dos Santos (+90kg) venceram por ippon e deixaram tudo igual novamente. No sorteio da luta de desempate, coube a Lucas Ribeiro retornar ao tatami contra Ruan, e o paulista brilhou, fazendo um belo ippon que selou a vitória e fechou a campanha com chave de ouro.”
Gabriel Cardozo, diretor técnico da Federação de Judô do Estado do Rio de Janeiro (FJERJ), celebrou a conquista do título feminino no Campeonato Brasileiro Júnior, ressaltando a força do judô carioca e o trabalho coletivo que conduziu a equipe ao pódio em diferentes frentes da competição. Ele destacou que o feito coroa um processo de preparação consistente, envolvendo atletas, treinadores e dirigentes.
Comissão técnica e atletas do Rio de Janeiro celebram a conquista do título feminino e o vice-campeonato por equipes mistas no Brasileiro Júnior © FJERJ
“O judô brasileiro tem uma classe júnior fortíssima, vide os resultados internacionais recentes, como a hegemonia nos Jogos Pan-Americanos Júnior. Para o Judô Rio, ser campeão no feminino e subir ao pódio no masculino e nas equipes mistas na principal competição júnior do país é de um valor enorme, pois reforça que o nosso trabalho tem sido bem feito em diversos aspectos”, afirmou Cardozo.
Ele fez questão de reconhecer o empenho dos judocas e a dedicação dos técnicos, destacando ainda os critérios de convocação elaborados pela FJERJ como parte do sucesso alcançado. “Gostaria muito de parabenizar e agradecer aos nossos treinadores e, em especial, à chefe da delegação, Raquel Silva, pelo trabalho incansável durante todo o torneio”, completou.
Pódio por equipes mistas © Anderson Neves
Para ser campeão brasileiro feminino, o Time Judô Rio feminino alcançou nada menos do que 7 pódios, com os ouros de Mariana Nunes (48kg), Maria Hottis (70kg) e Ana Soares (+78kg), as pratas de Dayane Simeão (78kg) e María Campos (+78kg) e os bronzes de Gabriela Pereira (57kg) e Ana Moreira (70kg).
Para garantir o terceiro lugar no quadro geral, o Rio Grande do Sul conquistou duas medalhas de ouro, seis de prata e cinco de bronze. Os títulos vieram com Claiton Faria (–73kg) e Andrey Coelho (+100kg). As pratas ficaram com Lucas Takaki (–60kg), Sarah Mendes (–48kg), Matheus Nolasco (–73kg), João Canello (–81kg), Jesse Barbosa (–90kg) e Vitor Fagundes (+100kg). Já os bronzes foram conquistados por João Gabriel Santana (–60kg), Silas Costa (–81kg), Matheus Silva (–100kg), Alexandre Albano II (+100kg) e Gabriela Silva (+78kg).
O carismático presidente da FJG entrega a premiação aos finalistas do masculino © Anderson Neves
Dos 28 integrantes da delegação gaúcha, 21 avançaram ao bloco final em suas respectivas categorias de peso. O excelente desempenho também assegurou ao Rio Grande do Sul o vice-campeonato no quadro de medalhas do masculino, atrás apenas de São Paulo.
“A partir de um esforço da Federação Gaúcha de Judô, viabilizamos este grande evento em nosso estado, evitando o desgaste com viagens. Sabíamos que isso poderia colaborar com os nossos atletas, que foram ao tatami e deram o seu máximo”, destacou o presidente da Federação Gaúcha de Judô, Luiz Bayard. “Este é mais um Campeonato Brasileiro de base em que o judô do Rio Grande do Sul se mostra forte. É um reflexo do trabalho e do esforço diário em clubes e academias, que atuam em consonância com a federação.”
O presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley, realiza a entrega das medalhas às finalistas do feminino © Anderson Neves
“Realizamos um grande evento na Serra Gaúcha com o apoio da prefeitura de Caxias do Sul, que nos prestigiou e esteve ao nosso lado nessa campanha importante”, completou Bayard.
O Paraná conquistou a quarta posição no quadro geral, somando duas medalhas de ouro e quatro de bronze. Os títulos vieram com Gustavo Milano (–100kg) e Valentina Demeterco (–78kg), enquanto os bronzes foram obtidos por João Lira (–66kg), Nycolly Carneiro (–52kg), Ana Costa (–63kg) e Emilly Santos (+78kg).
Atletas, comissão técnica e dirigentes da Federação Paranaense de Judô celebram a quarta colocação no Brasileiro Júnior © FPRJudô
Para Carlos André Kussumoto, o diretor executivo da Federação Paranaense de Judô e chefe da equipe em Caxias do Sul, o resultado expressivo só foi possível graças à soma de esforços técnicos e institucionais.
“Obtivemos um excelente desempenho no Campeonato Brasileiro Júnior 2025, e grande parte desse sucesso se deve ao decisivo apoio do Proesporte Paraná, Programa Estadual de Fomento e Incentivo ao Esporte instituído em 2013 pelo Governo do Estado. Graças a essa iniciativa, conseguimos assegurar à equipe um padrão de excelência, disponibilizando transporte, judogis, alimentação, estadia e agasalho. Esse suporte nos permitiu viajar unidos, padronizar a delegação e garantir a todos os atletas e membros da comissão técnica as mesmas condições de qualidade, dignidade e acolhimento.”
Membros da comissão técnica do Paraná com o presidente Helder Marcos Faggion e André Kussumoto © FPRJudô
Kussumoto destacou ainda a dedicação dos professores paranaenses como fator decisivo. “Nós conseguimos esse resultado graças ao comprometimento dos técnicos e professores do nosso estado, que desenvolvem um trabalho de excelência. Hoje os grandes clubes do Paraná atuam de forma muito consistente, lado a lado com a diretoria da federação. Fizemos seis pódios — dois campeões e quatro medalhistas de bronze —, o que representa um resultado de grande relevância para o judô paranaense”, explicou o dirigente.
Fechando o Top Five, o Distrito Federal conquistou o terceiro lugar por equipes mistas e o quinto lugar na classificação geral individual, com duas medalhas de prata. Os vice-campeonatos foram conquistados por Gustavo Tertuliano (–66kg) e Nicole Marques (–52kg).
Atletas e membros da comissão técnica do Distrito Federal © Femeju
O professor Robert Luis Marques Rodrigues, primeiro vice-presidente da Femeju – Federação Metropolitana de Judô, que esteve em Caxias do Sul como técnico da equipe candanga, destacou que os resultados só são possíveis graças ao suporte de programas governamentais estratégicos. “É sempre bom voltar para casa com medalhas. O judô do Distrito Federal, nas categorias de base — Sub 13, Sub 15, Cadete e Júnior —, tem mantido uma evolução constante, classificando e medalhando atletas. Ficamos em quinto no individual, poderíamos ter avançado ainda mais, mas foi um excelente resultado para o judô candango, que se mantém competitivo em nível nacional.”
Membros da comissão técnica do Distrito Federal © Femeju
Sobre as disputas coletivas, Marques ressaltou a força do espírito de equipe. “A competição por equipes é sempre uma história à parte. Nossos atletas se apoiam uns aos outros e, com isso, conquistamos bons resultados enfrentando estados muito fortes. No Brasileiro Júnior por equipes subiram ao pódio São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal — duas equipes da região 4, que mesmo sem grandes estruturas e sem clubes de grande porte, mostraram seu valor ficando entre as melhores do país.”
O dirigente fez questão de reconhecer o papel do poder público. “O Compete Brasília, da Secretaria de Esporte e Lazer, e o Programa Bolsa Atleta são fundamentais para mantermos nossas equipes competitivas, oferecendo estrutura e condições aos atletas. Além disso, o governo do Distrito Federal sempre nos cede ônibus para as viagens, o que é decisivo para a participação da equipe em campeonatos nacionais. Não temos recursos financeiros abundantes, mas contamos com esse apoio estratégico do governo, que permite ao judô candango seguir formando e revelando talentos.”
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