10 de setembro de 2025

O Clube Náutico Hacoaj, de Buenos Aires, viveu um fim de semana de celebração com a realização do 26º Torneio de Judô Hacoaj, batizado neste ano de “Copa dos 90 Anos”. Mais do que uma competição esportiva, o evento reuniu tradição, memória e espírito comunitário, valorizando a trajetória de nove décadas da instituição.
Equipe da Associação Desportiva e Cultural Samurai, de Santo Amaro da Imperatriz, reunida antes do embarque para Buenos Aires
A edição contou com a presença de 59 dojôs e escolas de cinco países — Brasil, Uruguai, Chile, Paraguai e Argentina — e mais de 450 judocas nas categorias de base e veteranos. Entre as equipes brasileiras estiveram a Associação dos Amigos do Judô de São Paulo (SP), Escola Brandão do Judô (RJ), ETI Ramon Sanches Marques de Tangará da Serra (MT), Fernandes Judô (RJ), Judô Kenkô de Uruguaiana (RS), Santa Maria Judô (RS) e a Associação Desportiva e Cultural Samurai de Palhoça (SC).
Cerimônia de abertura do XXVI Torneio de Judô Hacoaj, que celebrou os 90 anos do Clube Náutico Hacoaj de Buenos Aires © Arquivo
O torneio também foi marcado por homenagens emocionantes, como a lembrança ao professor Juan Carlos Pérez, idealizador da competição, e aos professores Gasperini e Ángel Elisii, falecidos recentemente. Um minuto de silêncio uniu todos os presentes em respeito e memória.
Sensei Rosemeri Salvador, primeira atleta do Sul do Brasil a integrar a seleção brasileira (1985–2000), comemora a medalha de bronze de João Gabriel ao lado do sensei Júlio César © Arquivo
Comandada pela professora Aglaia Pavani, a equipe Santa Maria Judô levou mais de 40 atletas a Buenos Aires e conquistou, pela segunda vez consecutiva, a Challenge Cup, tornando-se a primeira equipe brasileira a alcançar o bicampeonato da Copa Hacoaj Internacional.
A medalha da XXVI Torneio de Judô Hacoaj © Arquivo
Para a sensei Pavani, a conquista é reflexo de um trabalho coletivo que tem raízes sólidas “Nada disso seria possível sem o apoio do Proesp/SM e da Prefeitura de Santa Maria. Este resultado mostra a excelência do nosso projeto, que já revelou talentos como Maria Portela, atleta olímpica e medalhista mundial, hoje técnica da seleção brasileira cadete.”
Único clube catarinense no torneio, a Associação Desportiva e Cultural Samurai, de Santo Amaro da Imperatirz e Palhoça, formou a terceira maior delegação da competição, com 27 judocas do sub 13 ao veterano, e obteve desempenho consistente conquistando 25 medalhas, sendo oito de ouro, cinco de prata e 12 de bronze.
Parte da equipe da Associação Desportiva e Cultural Samurai em Buenos Aires © Arquivo
O sensei Júlio César de Araújo destacou a importância da experiência internacional para a formação dos jovens. “Competições como esta, que reúnem atletas da Argentina, Uruguai, Chile e Brasil, são fundamentais para a base. Elas dão confiança aos judocas do sub 13, sub 15 e sub 18 e fortalecem o processo de formação.”
Peter Pera, atleta da Escola de Judô Brandão (RJ), conquista o vice-campeonato na categoria sub 13 © Instagram
A equipe também se destacou pela inclusão. O projeto Samurai atende crianças com deficiência intelectual, cognitiva e física, além de autistas e TDAH, reforçando o compromisso do judô com a formação integral de cada indivíduo. Em Buenos Aires, todos os segmentos da escola estiveram representados, evidenciando que a competição também é espaço para diversidade e superação. Entre os participantes, um judoca com síndrome rara — submetido a 11 cirurgias — escreveu mais um capítulo inspirador de sua trajetória: já campeão mundial na Holanda, ele conquistou a medalha de bronze no torneio argentino, mostrando que o judô é capaz de transformar desafios em conquistas.
Professor Edison Pata Coffi, chefe da delegação com sensei Júlio César da Associação Desportiva e Cultural Samurai © Arquivo
O coordenador técnico da Associação Samurai, sensei Júlio César Araújo, resumiu a participação catarinense com palavras de gratidão e conquista. “Era um sonho antigo estar nessa competição. Com planejamento, estratégia e muito comprometimento, conseguimos alcançar nosso objetivo. Foi uma experiência muito produtiva e já estamos planejando voltar no próximo ano com ainda mais atletas. Obrigado a todos que tornaram isso possível”, completou o sensei Júlio César.
Sthefany Souza, judoca autista da equipe Samurai, conquista o vice-campeonato no meio-pesado sub-18 © Arquivo
Além da disputa nos tatamis, a “Copa dos 90 Anos” reforçou o caráter humano do judô. O reconhecimento ao Clube Náutico Hacoaj e a entrega do prêmio “Caixa de Ouro” ao argentino Ivo Dargoltz — campeão provincial desde 2015, multicampeão nacional e medalhista continental — confirmaram o espírito do evento: unir gerações, celebrar conquistas e projetar o futuro.
Medalhistas de de Santo Amaro da Imperatirz e Palhoça © Arquivo
Mais do que um pódio internacional, o XXVI Torneio de Judô Hacoaj se consolidou como um espaço essencial para o fortalecimento da base sul-americana. Ao reunir jovens talentos, equipes tradicionais e projetos inclusivos, o evento reafirma que o judô é, antes de tudo, uma escola de valores e um caminho de integração entre povos, clubes e gerações.
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