05 de outubro de 2025

O Campeonato Mundial Júnior de Judô 2025, principal competição da categoria Sub 21, começou neste domingo (5), em Lima, no Peru, com o Brasil em destaque. Reunindo 463 atletas de 65 países e seis continentes, o evento — que vai até quarta-feira (9) e inclui disputas individuais e por equipes mistas — abriu com performances marcantes dos jovens talentos brasileiros.
A seleção nacional, composta por 19 judocas, iniciou sua campanha com seis atletas nos tatamis: Mariana Nunes (-48kg), Nicole Marques (-52kg), Bianca Reis (-52kg), Gyovanna Andrade (-57kg), Lucas Takaki (-60kg) e Bruno Nóbrega (-66kg).
Com técnica refinada e notável controle de distância, Nicole domina o combate e impõe o ritmo da final contra a venezuelana Leomaris Ruiz, demonstrando confiança e maturidade © Gabriela Sabau / FIJ
O saldo foi expressivo: ouro com Nicole Marques, bronze com Gyovanna Andrade e dois quintos lugares — conquistados por Bianca Reis e Bruno Nóbrega. O desempenho colocou o Brasil na segunda posição do quadro de medalhas, atrás apenas do tradicional Japão.
A categoria meio-leve feminina (-52kg) apresentou lutas de altíssimo nível e novas surpresas do início ao fim. A venezuelana Leomaris Ruiz avançou com confiança até a final, eliminando adversárias fortes, como Gaia Stella (ITA) e Tabea Nika Mecklenburg (ALE).
Pódio da categoria meio-leve (52kg) do Campeonato Mundial Júnior de Judô Lima 2025: Nicole Marques (Brasil) no topo, seguida por Leomaris Ruiz (Venezuela), Hako Fukunaga (Japão) e Tabea Nika Mecklenburg (Alemanha) © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
Na outra chave, Nicole Marques demonstrou maturidade técnica e resistência mental excepcionais. Após uma semifinal intensa contra Nungshithoi Chanu Leishangthem (IND), vencida no golden score, a brasileira garantiu vaga na final contra Ruiz.
A disputa pelo ouro foi um espetáculo de tática e autocontrole. O combate começou em ritmo cadenciado e de muito estudo, com ambas as judocas buscando o domínio do kumi-kata. No ne-waza, Nicole demonstrou preparo técnico, inteligência e serenidade, respondendo com precisão a cada tentativa da adversária. À medida que o tempo avançava e o golden score se aproximava, a brasileira manteve a calma e o foco inabaláveis, controlando a respiração e ditando o ritmo das ações — um retrato claro de maturidade competitiva e domínio emocional raros em uma atleta da categoria júnior.
Em cena de pura emoção, Nicole Marques é abraçada pelos pais e técnicos Robert e Phyllis Marques, pelo treinador de ne-waza Glauco Leite e pelo namorado e também atleta Enzo Trombini, logo após conquistar o título mundial júnior no Coliseu Eduardo Dibós © © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
O duelo seguiu equilibrado até a prorrogação, quando Ruiz acumulou duas penalidades. Mantendo pressão constante e serenidade, Nicole forçou o erro definitivo: o terceiro shido decretou o título mundial da brasileira.
“Foi um triunfo de paciência, inteligência e coragem. Nicole mostrou a essência do judô: vencer com estratégia e coração.”
A vitória consolidou uma trajetória meteórica. Depois do bronze no Mundial Cadete de 2024 e de uma sequência dourada no Pan-Americano e Oceania deste ano — ouro no cadete, ouro no júnior e ouro por equipes —, Nicole encerra 2025 no topo do mundo.
O título conquistado pela judoca candanga — filha do professor Robert Luis Marques Rodrigues, diretor do Dojô Espaço Marques, atual vice-presidente da Federação Metropolitana de Judô e principal referência do judô de rendimento no Distrito Federal — também quebrou um jejum de 15 anos sem ouros brasileiros femininos na categoria júnior, desde a conquista de Mayra Aguiar, em 2010.
Na disputa das medalhas de bronze da categoria meio-leve feminina (-52kg), Hako Fukunaga (JPN) e Tabea Nika Mecklenburg (ALE) venceram seus confrontos e completaram o pódio.
1º Nicole Marques (BRA)
2º Leomaris Ruiz (VEN)
3º Hako Fukunaga (JPN)
3º Tabea Nika Mecklenburg (ALE)
5º Nungshithoi Chanu Leishangthem (IND)
5º Monica Martinez de Rituerto Morillas (ESP)
7º Gaia Stella (ITA)
7º Klara Erten (ALE)
A categoria até 57kg teve duas brasileiras na disputa das medalhas: Bianca Reis e Gyovanna Andrade.
Bianca, superlaureada atleta do Esporte Clube Pinheiros, foi derrotada pela japonesa Asuka Ueno, que virou o combate com uma imobilização precisa e assegurou mais uma medalha para o Japão. Com isso, Bianca encerrou sua participação individual na quinta colocação, ajudando a manter o bom desempenho da equipe.
Já Gyovanna Andrade, do SESI-SP, viveu um dia inspirador. Após vitórias sobre Raykhona Mamatova (UZB), Grace None (KEN) e Zhanar Zholdosheva (KGZ), avançou até as quartas, onde protagonizou um duelo intenso contra a italiana Michela Terranova, líder do ranking mundial.
Gyovanna Andrade (Brasil) enfrenta Dana Abdirova (Cazaquistão) em combate intenso pela semifinal da categoria leve (57kg) no Mundial Júnior de Judô Lima 2025 © CBJ © Gabriela Sabau / FIJ
Mesmo com duas punições, reagiu no golden score e garantiu vaga na semifinal. Superada por ippon pela cazaque Dana Abdirova, Gyovanna foi para a disputa do bronze contra a eslovena Jevgenija Gajic. Com um o-soto-gari impecável e um ippon limpo, Gyovanna venceu a eslovena e conquistou o bronze para o Brasil, coroando uma jornada técnica e emocionalmente de forma brilhante e vibrante.
Natural de Cerquilho (SP), Gyovanna iniciou no judô aos 6 anos e, hoje, representa o SESI sob a orientação dos senseis Marcus Agostinho, Alexandre Lee e Marcos Inácio. Sua ascensão no circuito internacional reforça o momento promissor da nova geração feminina do judô brasileiro.
Gyovanna Andrade controla a eslovena Jevgenija Gajic no solo durante a disputa pela medalha de bronze © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
1º Mio Shirakane (JPN)
2º Dana Abdirova (KAZ)
3º Asuka Ueno (JPN)
3º Gyovanna Andrade (BRA)
5º Bianca Reis (BRA)
5º Jevgenija Gajic (SLO)
7º Michela Terranova (ITA)
7º Carla Van Zyl (CAN)
No masculino, Bruno Nóbrega (-66kg) também teve desempenho notável. Após vencer quatro combates contra adversários da Colômbia, Hungria, Azerbaijão e Uzbequistão, ele parou na disputa pelo bronze diante do japonês Shuntaro Fukuchi, atual campeão mundial júnior.
Apesar do ippon sofrido, Bruno deixou ótima impressão e fechou o dia em 5º lugar, somando pontos importantes para o ranking mundial.
Pódio do peso leve feminino (57kg), com Gyovanna Andrade comemorando a medalha de bronze ao lado da campeã Mio Shirakane (JPN), de Dana Abdirova (KAZ) e Asuka Ueno (JPN) © Gabriela Sabau / FIJ
Já Mariana Nunes (-48kg) e Lucas Takaki (-60kg) também representaram o país, alcançando as oitavas de final com uma vitória cada.
Com um ouro, um bronze e dois quintos lugares, o Brasil encerrou o primeiro dia do Mundial Júnior na vice-liderança geral, atrás apenas do Japão. O desempenho reforça a consistência da base brasileira e o trabalho técnico desenvolvido nas seleções de formação, que seguem revelando atletas para o ciclo Los Angeles 2028.
A competição segue nesta segunda-feira (6) com os brasileiros Luan Almeida (-81kg), Enzo Trombini (-81kg), Ana Feitosa (-63kg), Eduarda Bastos (-63kg) e Maria Oliveira (-70kg) buscando novas medalhas nos tatamis do Coliseu Eduardo Dibós, em Lima.
As preliminares estão programadas para as 11h, e o bloco final tem início às 20h, com transmissão ao vivo pelo judotv.com.
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