Bronze de arrepiar nas equipes encerra uma semana histórica para o Brasil no Mundial Sub 21

Equipe brasileira comemora a conquista da terceira colocação nas equipes mistas em Lima © Tamara Kulumbegashvili / FIJ

Japão no topo, França vice, Brasil e Team IJF em terceiro — um Mundial de Equipes Mistas de patamar técnico excepcional que expôs o futuro do judô em seu auge.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Fontes: Nicolas Messner e Camila Dantas
Curitiba, 9 de outubro de 2025

A cortina se fechou para o Campeonato Mundial Júnior de 2025, em Lima, Peru: quatro dias inesquecíveis que mostraram o futuro do judô mundial em todo o seu esplendor. O evento concluiu-se com a disputa por equipes mistas, um final perfeito que mais uma vez capturou a essência da união, do espírito e da determinação — valores que definem este esporte.

Desde a primeira competição, a capital peruana vibrou ao ritmo de ataques, contra-ataques e comemorações. Os melhores judocas Sub 21 do planeta se reuniram ali, muitos na prova mais importante de suas carreiras. Para alguns, Lima foi o ápice de uma jornada júnior; para outros, o primeiro passo de uma longa aventura. Vitoriosos ou não, todos contribuíram para um campeonato de qualidade e emoção excepcionais.

Espírito do judô em cena: as equipes de Brasil e Uzbequistão se cumprimentam no Coliseu Eduardo Dibós © Gabriela Sabau / FIJ

Observadores e especialistas foram unânimes: o nível técnico observado em Lima foi extraordinário. A cada dia, novas histórias de coragem, precisão e resiliência. Houve ippons de tirar o fôlego, maratonas de golden score e abraços emocionados ao fim de batalhas árduas. No mesmo tatami, triunfo e decepção conviveram — e, acima de tudo, prevaleceu o orgulho: de representar a nação, ouvir o hino, atuar no mais alto nível e celebrar o judô em sua plenitude.

O torneio por equipes mistas fechou a semana lembrando que, além do talento individual, o trabalho coletivo é o coração pulsante da modalidade. Cada ponto foi uma vitória compartilhada; cada revés, uma lição comum. E Lima não se despede do judô: em poucos dias, a elite retorna para o Grand Prix de Lima inaugural, seguido pelo Grand Prix de Guadalajara — continuidade natural entre a nova geração e as estrelas do Circuito Mundial.

Gyovanna Andrade empatando o placar em 3 a 3 © Tamara Kulumbegashvili / FIJ

A edição 2025 ficará entre as grandes da história: celebração dos valores do judô, da ambição juvenil e do elo que une passado, presente e futuro do esporte.

Brasil faz história

No individual, o Brasil construiu uma campanha contundente. No primeiro dia, Nicole Marques (-52kg) foi ouro e Gyovanna Andrade (-57kg) trouxe o bronze, com Bianca Reis e Bruno Nóbrega em quintos lugares — largada que colocou o país na vice-liderança atrás apenas do Japão. O dia intermediário não trouxe medalhas, mas entregou experiência, leitura de luta e ganho de expertise diante de adversários pesados no cenário internacional.

Equipe brasileira comemora a vitória sobre o Uzbequistão © Gabriela Sabau / FIJ

Na terça, a seleção coroou o desempenho com Jesse Barbosa (-90kg) ouro, João Segatelle (-90kg) prata — primeira final 100% brasileira da história no Mundial Júnior — e Dandara Camillo (-78kg) bronze. Somadas ao bronze por equipes mistas, as conquistas elevaram o saldo brasileiro a seis pódios em Lima, a melhor versão do país em mundiais juniores.

Final França x Japão

A disputa pela medalha de ouro entre França e Japão ofereceu tudo o que se espera de uma final mundial: tensão, intensidade e momentos de brilhantismo. A abertura entre Dayyan Boulemtafes e Ryusei Arakawa foi acirrada e seguiu ao golden score; Boulemtafes abriu 1–0 para a França com um o-uchi-gari quase perfeito que rendeu wazari.

Na sequência, Teophila Darbes-Takam encarou Rin Maeda. A japonesa, calma e concentrada, empatou ao imobilizar por ippon: 1–1. No terceiro duelo, Rayane Ascofare e Haru Shibata travaram uma luta elétrica. Ascofare impulsionou o ritmo, mas um erro no solo permitiu a Shibata aplicar imobilização por ippon, virando para o Japão: 2–1.

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O encontro entre Célia Cancan, recém-coroada campeã mundial, e Hikaru Yamaguchi reuniu expectativa máxima. Cancan foi agressiva, mas Yamaguchi aproveitou a brecha, contra-atacando com wazari e finalizando no chão em ippon: 3–1. No último combate, Matheo Akiana Mongo começou forte sobre Gai Hatakeyama, controlando pegadas e forçando duas punições, mas o japonês resistiu, fez um yuko com ura-nage e administrou a vantagem até o fim, selando o 4–1 e o título do Japão.

As quatro equipes medalhistas no Campeonato Mundial Júnior Lima 25025 © Tamara Kulumbegashvili / FIJ

Campanha brasileira

QUARTAS — BRASIL 4X0 ALEMANHA

Estreando direto nas quartas, o Brasil superou a Alemanha por 4–0. Andrey Coelho (+90kg) abriu com yuko sobre Mortaza Suha; Bianca Reis (-57kg) fez 2–0 ao jogar Helene Riegert em ippon; Claiton Faria (-73kg) ampliou com wazari e ippon em Melvin Noack; e, com 3–0, Maria Oliveira (-70kg) confirmou a vitória ao levar a melhor nas punições contra Sara-Joy Bauer.

SEMIFINAL — BRASIL 0X4 JAPÃO

Na semi, o Japão levou a melhor por 4–0. Bianca Reis (-57kg) fazia boa luta contra Mio Shirkane, campeã do individual, chegando a liderar nas punições (2–0), mas recebeu hansoku-make por forçar o braço da adversária. Depois, Bruno Nóbrega (-73kg) foi imobilizado por Ryusei Arakawa; Maria Oliveira (-70kg) também foi imobilizada por Rin Maeda; e João Segatelle (-90kg) levou yuko de Haru Shibata.

DISPUTA DO BRONZE — UZBEQUISTÃO 3X4 BRASIL

O Brasil fechou o Mundial com chave de bronze em um confronto dramático decidido no limite: 4–3 sobre o Uzbequistão. Escalação brasileira para a final: Gyovanna Andrade (-57kg), Maria Oliveira (-70kg) e Ana Soares (+70kg); Claiton Faria (-73kg), Jesse Barbosa (-90kg) e Andrey Coelho (+90kg). Do outro lado, os uzbeques vinham de 4–1 sobre o Cazaquistão na repescagem.

Muhriddin Marufov abriu o placar para o Uzbequistão ao dominar Claiton Faria e garantir dois lançamentos de wazari. A segunda luta foi ao golden score: mesmo começando a prorrogação com dois shidos, Maria Eduarda Oliveira empatou o duelo geral e, com um o-uchi-gari potente, cravou o ippon e a explosão brasileira nas arquibancadas.

Atletas e comissão técnica posam para foto histórica © Gabriela Sabau / FIJ

O recém-coroado campeão mundial Jesse Barbosa levou sua performance individual às equipes: diante de Alisher Samanov, encaixou um seoi-otoshi clássico para anotar mais um ippon, colocando o Brasil na frente (2–1). A resposta veio com Umida Nigmatova, prata no individual das pesadas, que imobilizou sua oponente em osae-komi e nivelou tudo: 2–2.

A batalha seguiu incandescente quando o uzbeque Fazliddin Rafikov jogou seu adversário de ippon, virando para 3–2. O Brasil precisava reagir — e Gyovanna Andrade não se intimidou: foi pra cima, respondeu com personalidade e igualou com um ippon espetacular: 3–3.

Encontro de gerações: atletas, comissão técnica, o presidente Paulo Wanderley e o vice-presidente Jaciano Delmiro alinhados no propósito de fortalecer a modalidade e fomentar a cultura do judô em um país continental © Tamara Kulumbegashvili / FIJ

Sorteio aleatório definiu que o combate final seria no +90kg

De volta ao tatami, Andrey Coelho carregava a missão da redenção. O duelo com Fazliddin Rafikov foi de tirar o fôlego até que Coelho executou um o-uchi-gari no tempo exato — ipponzaço. O Brasil fechou em 4–3 e comemorou um dos bronzes mais emocionantes do Mundial Júnior Lima 2025.

Na outra disputa de bronze, a Equipe IJF superou a Turquia por 4–0.

Classificação final

1º — Japão
2º — França
3º — Brasil
3º — IJF
5º — Uzbequistão
5º — Turquia
7º — Cazaquistão
7º — Alemanha

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