22 de dezembro de 2024
“Poucos países da América Latina possuem um centro assim”, disse Francisco Lee sobre o CPJ
Presidente da United World Wrestling das Américas reforça a evolução dos brasileiros e destaca a importância da realização dos Jogos Olímpicos na América do Sul para as lutas.
Em um Campeonato Pan-Americano de Wrestling é comum ver três países no topo do pódio: Estados Unidos, Canadá e Cuba. Consideradas as potências do esporte nas Américas, as nações têm os nomes a serem batidos pelos demais. Contudo, aos poucos o Brasil tem ocupado posições de mais destaque na competição continental. Tanto no estilo greco-romano quanto no wrestling feminino, durante o torneio realizado neste fim de semana em Lauro de Freitas (BA), os atletas da casa figuraram em terceiro lugar por equipes. Uma aliada a esse melhor desempenho é a estrutura hoje disponível para treinos e competições.
Em todo o país há locais com equipamentos comprados por meio de convênios da Confederação Brasileira de Wrestling (CBW) com o Ministério do Esporte. Além disso, a modalidade usufruiu pela segunda vez, na Bahia, da estrutura do Centro Pan-Americano de Judô (CPJ), vinculado à Confederação Brasileira de Judô (CBJ). Antes do Pan-Americano, o espaço já havia sediado o Mundial Júnior de lutas em 2015. Palco do torneio deste fim de semana, o complexo recebeu elogios do presidente da United World Wrestling (UWW) das Américas, o guatemalteco Francisco Lee, reeleito no cargo na última quinta-feira.
“Este é um projeto invejável. Eu conheço poucos países da América Latina que têm um centro assim. Entendo que é para a especialidade de judô, mas o centro não tem só a instalação de competição. Também tem alojamento para os atletas ficarem concentrados e salas administrativas para a equipe técnica”, ressalta o dirigente. “É um projeto que será exemplo para um dia termos o nosso centro de lutas. O judô é um esporte que dá muitas medalhas mundiais e olímpicas, mas as lutas também começarão a dar, tenho certeza”, aposta.
O dirigente considera a realização da primeira edição dos Jogos Olímpicos na América do Sul como outro grande incentivo para o esporte. O wrestling faz parte do programa dos Jogos desde a primeira edição do evento na Era Moderna, em 1896, mas foram necessários 120 anos entre a estreia na Grécia até o ano passado, no Rio de Janeiro, para que as disputas chegassem ao solo sul-americano.
Lee destaca que, com as Olimpíadas por aqui, a modalidade ganhou um destaque igualmente histórico. “Foi importante porque deu oportunidade aos atletas de competir em seu continente e porque muitas pessoas desta parte do mundo não conhecem muito o nosso esporte, apesar de ser um dos fundadores do movimento olímpico”, analisa. “Os Jogos nos ajudaram a ter muita cobertura, com recordes de audiência na televisão, na internet. Isso foi muito importante”, comenta.
Para o presidente da entidade, o Brasil está no caminho certo para chegar ao topo do esporte ao lado de outras potências. Em Lauro de Freitas, os brasileiros conquistaram, ao todo, sete medalhas, sendo quatro de prata e três de bronze. “Ganhar uma medalha de bronze pode parecer algo pequeno, mas é um grande mérito porque eles estão competindo contra equipes e atletas de nível mundial”, ressalta.
“A avaliação que temos que fazer no Brasil é do que já foi feito até agora e do que pode ser feito no futuro. Até agora está muito bom porque vocês começaram uma equipe praticamente do zero, não existiam lutadores internacionais do Brasil. Hoje em dia vocês já têm medalhas internacionais e aqui também estão ganhando”, acrescenta, destacando a prata conquistada por Aline Silva no Mundial de 2014 e o ouro de Joice Silva nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015.
Lee prevê, ainda, um futuro promissor para as próximas gerações. “Creio que o futuro para o Brasil é muito grande. Aqui já há vários treinadores estrangeiros trabalhando e há alguns treinadores locais com capacitação e nível para estar a cargo de suas próprias seleções nacionais”, aponta.