A essência do judô

Za-rei entre tori e uke

O judô não é o que muitas pessoas acreditam que ele seja, isto é, o judô é muito mais que uma arte praticada no dojô

Gestão Esportiva
29 de março de 2020
Por EMÍLIO MOREIRA I Fotos MARCELO KURA e BUDOPRESS
Curitiba – PR

Inicio este artigo citando um trecho de um dos principais ensinamentos do shihan Jigoro Kano, no qual ele expressa o verdadeiro sentindo do judô. É importante que os senseis conheçam profundamente o sentido desta prática. Isso possibilitará um aprendizado mais amplo, fazendo com que os praticantes se envolvam de forma muito mais significativa e valorosa.

Assim sendo, estabelecer a execução de várias situações técnicas no cotidiano do dojô, sem compreender o significado filosófico do judô, dificultará o entendimento da proposta e da essência do judô em seu sentido mais amplo.

Judoca paranaense em za-rei

Taoísmo, xintoísmo, zen budismo e confucionismo: a união dessas escolas semeou valores e princípios que permanecem vivos na cultura japonesa. Esta filosofia cosmológica está intimamente ligada às artes marciais, não podendo ser desmembrada ou desagregada.

“O judô é mais do que uma arte praticada no dojô. O significado básico do judô é muito diferente, é universal e profundo.”

Jigoro Kano

Dessa forma, destacam-se as atitudes espirituais dos samurais, que notadamente fazem parte do espírito do povo japonês. Segundo Gama, cada filosofia ministra várias situações de comportamento do aprendizado do judô. Do e o waza, do caminho ou estilo, waza habilidade, kata forma, processo ou modo de fazer as coisas.

O bushidô sintetiza o código de ética dos samurais e introduziu na cultura do povo japonês os padrões catalisados, ou seja, formas de treinamento como o uchi-komi, yakusoku-geiko e kakari-geiko, que obedecem a formas catalisadoras, com o objetivo no treinamento físico e mental originário do taoísmo.

É importante possuir conhecimento para conscientizar os alunos da necessidade de atingir o aperfeiçoamento e adquirir predisposição ferrenha para o treinamento, exigindo, portanto, disciplina e determinação.

Com isso, encontraremos o ken (visão) e o kan (conhecimento) e a capacidade de suportar o insuportável, gambari-masho (eu persistirei e nunca desistirei). O objetivo exaustivo do treinamento é alcançar o muga: a união do corpo com a mente, que é o estado profundo de concentração física, mental e espiritual.

Nesse contexto, o judoca no shiai tem de abdicar do espírito e estabelecer a mente vazia, havendo uma junção do corpo com a mente, objetivando o surgimento das técnicas espontaneamente. Sem o aprimoramento contínuo, ninguém atingirá maestria em absolutamente nada. É preciso continuar em busca da perfeição!

 Emílio Moreira é professor kodansha shichi-dan (7º dan) do Estado do Maranhão