A falta de ética e decoro continuam pautando o comportamento do presidente da CBJ

Sílvio Acácio Borges, presidente da CBJ

Recursos disponibilizados por Bradesco, Cielo e Secretaria Especial do Esporte, destinados ao fomento do judô, são desviados para garantir a reeleição de Sílvio Acácio e sua diretoria

Gestão Esportiva
21 de dezembro de 2020
Por PAULO PINTO I Fotos BUDOPRESS
Curitiba- PR

Em 8 de setembro, o candidato à presidência do COB, Paulo Wanderley Teixeira, comunicou a decisão de afastar-se do comando do Comitê Olímpico do Brasil até a data da eleição. À Budô, ele explicou que seu afastamento, totalmente voluntário, devia-se a princípios éticos, já que a legislação não exige isso.

“Com esta atitude quero deixar claro que não estou desfrutando nenhuma prerrogativa do cargo. Também não estou utilizando nenhum recurso do COB em minhas atividades, caso tenha de viajar ou encontrar-me com algum candidato ou eleitor. Estou bancando todas as minhas despesas, sem recorrer a outras pessoas ou empresas. É um exemplo que quero dar. Além disso, agora tenho tranquilidade para usar meu tempo da melhor forma possível atrás do meu objetivo de postular a presidência do Comitê Olímpico do Brasil. Só por isso achei por bem me afastar”, detalhou o principal dirigente do desporto brasileiro.

Danys Marques Queiróz, segundo vice-presidente da CBJ

Na contramão disso, Sílvio Acácio Borges, presidente da Confederação Brasileira de Judô, e seu segundo vice-presidente, Danys Marques Maya Queiróz, estão em campanha visitando Estados onde o presidente da CBJ nunca pôs os pés depois que assumiu a presidência. Queiróz, aliás, além de perpetuar-se há décadas no comanda do judô piauiense é presidente do CREF15/PI. O dirigente nacional da modalidade, ausente nos quase quatro anos em que está na presidência, agora faz campanha eleitoral nos mesmos Estados em que eventos presenciais ou virtuais para a base não são permitidos por ele e sua diretoria.

Enquanto as federações continuam à míngua há quase um ano, sofrendo o impacto da pandemia que paralisou o esporte no mundo, o dirigente que administra um orçamento superior a R$ 25 milhões anuais viaja semanalmente ao Nordeste, tendo passado por Maranhão, Sergipe, Ceará e Piauí.

Com a desculpa de estar acompanhando os exames de graduação de Goiás, atividade que não é de sua alçada e muito menos de sua competência, no último fim de semana, Sílvio Acácio Borges visitou Anápolis, local em que ele e seu anfitrião fizeram ampla divulgação da visita nas redes sociais, chegando a fazer campanha ostensiva e até certo ponto criminosa, publicando frases como “Vamos juntos na construção de um Judô Brasileiro cada vez melhor. Gestão de Responsabilidade.”

Em seu tour político inédito, Sílvio Acácio não está apenas usando recursos disponibilizados por Bradesco, Cielo e Secretaria Especial do Esporte. Ele está fazendo uso da máquina administrativa para se autopromover em um momento totalmente crítico para o esporte e para a sociedade. O dirigente alega não poder socorrer financeiramente as entidades estaduais impactadas pela crise, mas, para se autopromover, sobram recursos.

Se o dirigente nacional estivesse licenciado, ou ao menos arcando com todas as suas despesas e as de seu vice, não estaríamos questionando absolutamente nada. Mas, lamentavelmente, não é isso que acontece. Acostumado a apoderar-se de bens e patrimônios das entidades pelas quais passa, Sílvio Acácio Borges certamente não bancaria os custos de passagens aéreas, hotéis e restaurantes de luxo para ele, seu vice e anfitriões, pois não é este seu hábito ou modus operandi.

Ao contrário do presidente do COB, que age de forma ética e íntegra, desgraçadamente o presidente da CBJ deixa mais um péssimo exemplo para os mais de um milhão de praticantes que esperavam exemplos de altruísmo e retidão dos dirigentes da modalidade.

Tentamos contato com a assessoria de comunicação da presidência da Confederação Brasileira de Judô, mas até o fechamento desta reportagem não obtivemos resposta.