A preparação do atleta de judô veterano para competição

A adaptação do treinamento às necessidades da competição, nas vertentes de estratégia de luta, desempenho técnico e preparação física e emocional, é fundamental

Judô Veterano
19 de março de 2021
Por NELSON DELL’AQUILA
Curitiba (PR)

O judô é uma das modalidades esportivas que mais exigem bom condicionamento físico e preparo adequado do atleta que visa a competir no alto rendimento, seja no shiai ou no kata. O judô praticado em nível competitivo demanda condições físicas e psicológicas enormes.

Os atletas dedicados que treinem constantemente sob a orientação de profissionais capacitados, que suportarem um treinamento progressivo e bem planejado, podem usufruir muitas vantagens inerentes a essa prática, além do progresso técnico no médio prazo e títulos nacionais e internacionais importantes. Entre elas estão: melhoria do condicionamento cardiovascular, mobilidade, flexibilidade, equilíbrio, velocidade, força isométrica, explosão muscular, resistência muscular aeróbia e anaeróbia e diminuição das taxas de açúcar, colesterol, triglicérides no sangue e outros marcadores, sem falar no bem-estar proporcionado pela prática de um esporte que apreciam e a redução do estresse.

A grande sacada no treinamento para competição da classe veterano é treinar com moderação, ou seja, menos é mais © Arquivo

Menos é mais

Ao meu ver, a grande sacada no treinamento para competição da classe veterano é treinar com moderação, ou seja, menos é mais.

Não se pode querer imprimir um ritmo de treino e uma dieta padrão para todos, já que estes procedimentos devem considerar o biotipo, a situação física e psicológica de cada atleta. Não devemos esquecer que as avaliações físicas, médicas e nutricionais que os preparadores físicos, fisioterapeutas e psicólogos realizam têm vital importância na obtenção dos dados que permitirão prescrever o melhor treino e a dieta mais adequada para cada judoca veterano.

Devemos lembrar que o atleta máster pode apresentar recuperação mais lenta, tanto muscular quanto óssea, dos tendões e ligamentos e cardiovascular, dependente da idade, da frequência de treinamento e das lesões prévias. Esta recuperação mais lenta pode exigir pausas maiores entre os treinos. O índice de lesões pode aumentar. O tipo e ou volume de treinamento, dependendo do atleta, pode precisar ser alterado ou diminuído e, muitas vezes, ser adaptado à realidade do microciclo analisado e do planejamento logicamente direcionado às principais competições do ano. O tempo relativamente curto de luta das competições másteres pode ser um aliado, bem como um vilão.

A manutenção do trabalho de base por meio de hipertrofia, isometria e alongamentos, caso a caso, pode prevenir lesões articulares e musculares, bem como proteger as lesões antigas, se houver, e não deve ser negligenciada. Grandes grupos musculares podem necessitar de maior ênfase, assim como antebraço, mãos, pés, panturrilhas e pescoço.

A adaptação do treinamento às necessidades da competição, nas vertentes de estratégia de luta, desempenho técnico e preparação física e emocional, é fundamental. Afinal, os atletas veteranos podem e devem aproveitar-se de toda a vivência e sabedoria acumuladas ao longo dos anos de experiência nos tatamis e também devem ter maior acesso às avaliações sugeridas acima, para treinar e competir com o melhor desempenho possível, associado ao menor nível de lesões, não é mesmo?

Nelson Dell’aquila é faixa preta de judô,
médico gastroenterologista
e cirurgião clínico geral