A uma semana do mundial, chairman da ITKF avalia temporada e antecipa as principais ações de 2023

Gilberto Gaertner detalhou as inovações da entidade e fez projeções para a competição mundial e a assembleia geral que antecede a competição

Por Paulo Pinto / Global Sports
9 de novembro de 2022 / Curitiba (PR)

Na primeira entrevista concedida na temporada, Gilberto Gaertner, chairman da International Traditional Karate Federation (ITKF), mostrou sucintamente o que foi feito para trazer efetivamente a entidade para o século 21 e adiantou parte do que espera encontrar na próxima semana na assembleia geral que antecede o campeonato mundial em Kranjska Gora, Eslovênia.

Quais as principais mudanças ou inovações que pautaram a retomada do karatê-dô tradicional?

A pandemia trouxe muitos prejuízos e deixou sequelas nas pessoas em geral e nas organizações. A ITKF também sofreu as limitações da perda de mobilidade e da proibição de eventos presenciais. Por outro lado, estreitamos a comunicação remota e avançamos no aperfeiçoamento dos nossos processos e sistemas. Retomamos as atividades presenciais no segundo semestre de 2021 por meio da realização de três master courses: na Europa, em parceria com a federação portuguesa; na África, com a federação do Egito; e nas Américas, com a confederação brasileira. Em 2022 realizamos em conjunto com a federação francesa um summer camp em Paris. Nossa grande expectativa agora é realizar o primeiro campeonato presencial em nível mundial pós-pandemia em Kranjska Gora, na Eslovênia.

A expectativa do comitê organizador é receber mais de 30 países na competição que acontece na Eslovênia © Global Sports

 A 21ª edição do campeonato mundial, em dezembro de 2019 em Curitiba, reuniu cerca de 30 países. Quantos são esperados agora?

Em Curitiba tivemos um momento emblemático, marcado pelo ressurgimento da ITKF, numa versão fortalecida e atualizada. O campeonato mundial da Eslovênia, por sua vez, é muito simbólico por ser a reafirmação da força da nossa instituição depois da pandemia e de algumas dissidências ao longo desse período.  Creio que deveremos ter mais de 30 países participantes, com certeza.

“Seguimos as diretrizes e tivemos o apoio irrestrito da grande maioria dos filiados. Algumas dissidências ocorreram exatamente quando aplicamos o planejamento definido em assembleia, fizemos cumprir o estatuto e alinhamos as ações com foco na instituição e não em interesses individuais.”

Qual a projeção para o número de atletas no campeonato mundial?

Levando em conta que é o primeiro campeonato pós-pandemia, estimo cerca de 700 atletas.

Antes a ITKF contava com aproximadamente 30 países filiados. Hoje há mais de 60. Como isso foi possível em tão pouco tempo, visto que em 2020 e 2021 o esporte parou no mundo todo?

Creio que tudo começou com o planejamento estratégico levado a cabo com a participação dos diretores e dos países filiados. Seguimos as diretrizes e tivemos o apoio irrestrito da grande maioria deles. Algumas dissidências ocorreram exatamente quando aplicamos o planejamento definido em assembleia, fizemos cumprir o estatuto e alinhamos as ações com foco na instituição e não em interesses individuais. Trabalhamos efetivamente como uma equipe. Creio que durante a pandemia foi o momento em que mais trabalhamos. Tivemos inúmeras reuniões, assembleias, cursos técnicos e campeonatos de forma remota; nós não paramos, ao contrário, trabalhamos muito mais. Foi nesse contexto que alavancamos o crescimento institucional.

Entre os temas a serem abordados na assembleia geral está a formalização do início do Curso Internacional de Instrutores, previsto para março de 2023, com o objetivo de melhorar e diferenciar ainda mais o ensino do karatê tradicional a partir da qualificação dos instrutores © ITKF

Além do balanço da entidade, o que será apresentado ao Comitê Executivo da ITKF no congresso técnico na Eslovênia?

A programação pré-competição será bem extensa. Teremos reuniões regionais da Federação Pan-Americana, apresentando o novo estatuto, e da Federação Europeia, com o planejamento para os próximos dois anos. Haverá ainda eleição de novas diretorias das federações da África e da Ásia-Oceania. Além do balanço, teremos duas reuniões para definir o planejamento estratégico para o quadriênio 2022/2026, depois de reunião prévia de forma remota. Na área técnica será realizado um master course com foco no aperfeiçoamento técnico dos instrutores e do nosso quadro de arbitragem. Na assembleia geral será apresentado o relatório das atividades desenvolvidas em 2022, a prestação de contas, a aprovação de novos países filiados, a apresentação do planejamento de gestão e financeiro para 2023 e a definição do calendário de atividades para o ano que vem. Estará em pauta também a eleição da nova diretoria para o período 2023/2026.

Como anda o projeto da ITKT Traditional Karate University?

Entre os temas a serem abordados na assembleia geral está a formalização do início do Curso Internacional de Instrutores, previsto para março de 2023, com o objetivo de melhorar e diferenciar ainda mais o ensino do karatê tradicional a partir da qualificação dos instrutores. A formação será semipresencial, com aulas online síncronas ancoradas em plataforma de ensino acadêmico e a parte presencial executada nos master courses oferecidos anualmente nos quatro continentes. Em nível socioeducativo, iniciamos o processo de cadastramento, homologação e certificação dos projetos em andamento e a estruturação de um programa de ensino a ser desenvolvido globalmente.

O que esperar da ITKF em 2023?

O ciclo 2019/2022 foi de reconstruir, normatizar e sistematizar o funcionamento institucional, ou seja, construir uma infraestrutura administrativa e técnica para dar suporte ao funcionamento e ao desenvolvimento da ITKF. O período 2023/2026 será de muitos eventos técnicos, científicos, educacionais e competitivos. A partir do que for firmado no planejamento estratégico nesse período, cada federação nacional trabalhará com metas anuais e vamos focar no crescimento e no desenvolvimento cada vez maior da nossa entidade. Nosso foco vai continuar sendo o trabalho em equipe, o ensino de um karatê de qualidade e efetividade, o aprimoramento técnico e pessoal e a manutenção de um legado que perdure para as próximas gerações.