Acusados de desvio, dirigentes da luta olímpica brasileira são investigados pela Polícia Federal

Pedro Gama Filho e Flávio Cabral, ex e atual presidente da CBW © Arquivo

Um dos nomes é o do ex-atleta, medalhista pan-americano, Roberto Leitão Filho. Ele e a mulher foram demitidos da Confederação Brasileira de Wrestling, por justa causa, após novo presidente ser chamado a depor pela PF

Gestão Esportiva
27 de fevereiro de 2021
Por GABRIELA MOREIRA / Blog da Gabriela Moreira
Rio de Janeiro – RJ

O superintendente da Confederação Brasileira de Wrestling (CBW), Roberto Leitão Filho, e a mulher dele, Ana Carla Leitão, gerente do Centro de Treinamento, foram demitidos da entidade após informação de que eles estão sendo investigados por suspeitas de desvio de dinheiro da entidade e contratação de funcionários “laranjas” para a prática de “rachadinha”. As acusações fazem parte de uma investigação da Polícia Federal do Rio de Janeiro.

As demissões ocorreram no último dia 8 e, de acordo com apuração do blog, a decisão foi tomada pelo novo presidente da entidade, Flávio Cabral, que tomou posse em janeiro desse ano, depois que ele teve acesso a parte das provas colhidas pela PF. O novo dirigente foi chamado na polícia para responder alguns esclarecimentos.

Roberto Leitão Filho, ex-superintendente da CBW © Twitter

Cabral não é investigado. Diferentemente de seu antecessor, Pedro Gama Filho, que comandou a CBW por quatro mandatos, sendo o último deles finalizado em dezembro. A reportagem apurou que ele é um dos investigados, ao lado de Roberto Leitão Filho e Ana Carla.

As demissões foram feitas por “justa causa”, isto é, sem que os funcionários recebam indenizações por rescisão contratual, nem multa do FGTS. A CBW alegou cometimento de “atos de improbidade” para as demissões. Dessa forma, a entidade economizou – ou os demitidos por suspeita de desvio de dinheiro deixaram de ganhar – aproximadamente R$ 557 mil ou cerca de meio milhão de reais.

O blog apurou que Ana Carla tinha carteira assinada desde 2010, recebendo mensalmente R$ 9,9 mil. Pelo tempo de serviço, receberia R$ 170 mil (líquidos) somando rescisão e multa. Com a justa causa, ela recebeu R$ 16,7 mil.

Já Roberto Leitão Filho tinha carteira assinada desde 2008, com salário de R$ 24,4 mil. Pelos 13 anos no cargo, receberia cerca de R$ 443 mil (líquidos) somando rescisão e multa. Com a justa causa, ficou com R$ 40,5 mil.

Histórico do atleta

Antes de se tornar dirigente, Roberto Leitão Filho foi atleta de wrestling, chegando a ser medalhista de prata em 1987, nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, nos Estados Unidos, e bronze nos Pan-Americanos de Wrestling de 1988 e 1989. É filho do mestre Roberto Leitão, um dos maiores nomes das artes marciais no país, falecido vítima de covid, no fim do ano passado.

Roberto Leitão Filho

“As acusações que culminaram com minha demissão por justa causa são completamente infundadas e serão rebatidas, uma a uma, na Justiça do Trabalho, onde meu advogado, já contratado, ajuizará Ação requerendo o pagamento integral dos meus direitos decorrentes da rescisão contratual e ressarcimento dos danos materiais e morais sofridos. As imputações a mim dirigidas são fabricadas e algumas delas têm a participação e responsabilidade direta dos próprios acusadores. Já repassei ao meu advogado as provas contundentes que possuo. O dano à minha honra já é irreversível com essa publicização das falsas acusações, e será devidamente cobrado judicialmente e ressarcido na sua inteireza.”

Pedro Gama Filho e Roberto Leitão em visita ao coordenador geral do EGLO, Maurício Pelegrineti © CBW

Ana Carla Leitão

“Fui demitida pelo simples fato de ser esposa de um dirigente que desagrada a atual direção da CBW. Não há qualquer consistência nas acusações covardes contra mim assacadas, uma vez que era simples funcionária sem poderes de gestão. É absurdo o que estou sofrendo com essa vingança torpe da atual direção da CBW. Até o jogo político tem limites. Meu advogado irá buscar, perante a Justiça do Trabalho, a reparação de toda essa injustiça.”

A respeito das demissões por justa causa de seu superintendente e coordenadora, Pedro Gama Filho informou à reportagem que:

“Não posso opinar sobre os motivos da demissão, tendo em vista que ambos foram demitidos pela atual gestão”.

Sobre ele ser um dos investigados, respondeu:

“Sobre demais questionamentos, conforme você informou, o caso está sendo investigado, penso não ser o momento adequado para opinar.”

Confederação Brasileira de Wrestling

“Tomou conhecimento dos fatos após seu presidente ser intimado a depor na Polícia Federal e em razão do que foi apresentado decidiu por descontinuar os funcionários. A CBW não tem nada a declarar sobre a investigação e está pronta para ajudar a esclarecer e elucidar qualquer situação sempre que for procurada pela Justiça. A CBW já desligou os ex-funcionários e seguiu as orientações de seus advogados. Faremos tudo o que a lei indica.”