Antônio Tenório é o primeiro atleta a ser vacinado no Brasil rumo às Olimpíadas e Paralimpíadas

O judoca paralímpico Antônio Tenório recebe dose da vacina em São Paulo © Alê Cabral/CPB

Primeiros atletas começaram a ser vacinados nesta sexta-feira (14), no Rio, em São Paulo, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre e Belo Horizonte

Gestão Esportiva
15 de maio de 2021
Por João Gabriel Rodrigues / GE
Rio De Janeiro (Rj)

O Brasil deu início à vacinação da delegação brasileira que vai às Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio. O primeiro a receber dose foi o judoca paralímpico Antônio Tenório. A ação conjunta entre os Comitês Olímpico e Paralímpico do Brasil e os Ministérios da Saúde, da Defesa e da Cidadania começou a ser realizada nesta sexta-feira (14) no Rio, em São Paulo, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre e Belo Horizonte. Ao todo, os cerca de 1.800 credenciados (entre atletas, paratletas, comissões técnicas, oficiais e jornalistas) serão vacinados.

Paulo Wanderley marcou presença no evento que deu início a vacinação do Time Brasil © Miriam Jeske / COB

Outras sete mil doses, aproximadamente, o suficiente para atender 3.500 pessoas, serão repassadas à população, que terá acesso a elas pelo PNI (Programa Nacional de Imunização).

Em São Paulo, o Centro de Treinamento Paralímpico foi o palco das aplicações. O primeiro a receber dose foi o judoca multicampeão paralímpico Antônio Tenório, que há um mês se recuperou da Covid-19 após ficar vários dias internados na UTI.

No Rio de Janeiro, a vacinação foi iniciada com doses da Pfizer no Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx) com a presença de Paulo Wanderley, presidente do COB; Marcelo Queiroga, ministro da Saúde; Marcelo Guimarães, secretário especial do Esporte; Major-Brigadeiro Isaias Carvalho, diretor do departamento de Desporto Militar do Ministério da Defesa; Bruno Souza, secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento; e Marco Antônio La Porta, vice-presidente do COB que é o chefe de missão da delegação brasileira em Tóquio.

O remador paralímpico Michel Pessanha é vacinado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga © Miriam Jeske / COB

No total, cerca de 280 credenciados foram vacinados nesta sexta – além do evento principal, Saquarema, com as seleções de vôlei, também foi sede de vacinação.

Foi Queiroga, por sinal, quem vacinou pessoalmente os dois primeiros componentes da delegação: a maratonista aquática Ana Marcela Cunha e o remador paralímpico Michel Pessanha, pouco depois das 11horas.

“Alguns atletas ainda estarão viajando para competir, fazer a fase final de preparação, como eu, que vou para a Europa. Então, é uma segurança a mais. Ainda vamos ter que receber a segunda dose para ter 100% de segurança. E eu estou muito feliz por representar todos os atletas que estarão na delegação”, comentou Ana Marcela.

Autoridades na cerimônia de lançamento da vacinação do Time Brasil Miriam Jeske / COB

Outros atletas esperados no Rio eram Larissa Oliveira (natação) e Marcus Vinícius D’Almeida (tiro com arco) e o paratleta Caio Ribeiro (canoagem).

“Estou muito feliz. É uma emoção muito grande, até difícil encontrar palavras para o que estou sentindo. Essa felicidade, essa emoção toda que sinto é o que espero para todos os brasileiros”, disse Larissa, que defende o Flamengo.

Marcus Vinícius afirmou que cada dose recebida é um passo a mais para o fim da pandemia. “Eu ainda vou ter que competir em alguns países, e com isso vou poder continuar meu ciclo bem preparado para os Jogos. E sem aquele medo de chegar perto das Olimpíadas e talvez cair doente e acabar uma preparação de quatro anos”, observou o atirador.

Ana Marcela Cunha é vacinada pelo ministro Marcelo Queiroga © Reuters / Pilar Olivares

“Ainda estou em preparação para os Jogos, ainda tem muita competição pela frente. Fico tranquila de estar mais segura. Fico esperando a próxima dose aí, bem ansiosa. Aí é seguir para os Jogos e conseguir essa medalha para o Brasil”, afirmou a velocista Rosângela Santos, medalhista olímpica em Pequim 2008 no revezamento 4x100m rasos.

Segundo o ministro, o Brasil receberá 4.050 doses da vacina da Pfizer e mais oito mil doses da CoronaVac. De acordo com Queiroga, a quantidade de imunizantes é suficiente para vacinar atletas, comissões técnicas, profissionais credenciados e também a população brasileira, uma contrapartida à vacinação da delegação.

A nadadora Larissa Oliveira é imunizada no Rio por uma oficial do exército brasileiro © Miriam Jeske / COB

“O esforço para vacinar a população mundial é um esforço de todos os governos. Ter vacina em tão curto espaço de tempo é um milagre da ciência. E hoje representa a esperança de pôr fim à pandemia. As vacinas para os atletas são frutos de uma doação de doses para o Comitê Olímpico Internacional feito pela Pfizer e pela Sinovac. E como foi destacado aqui, o excedente dessas vacinas é destinado ao nosso PNI. O que foi decidido é de maneira pactuada da forma que o SUS é gerido, podem beneficiar não só os nossos atletas olímpicos e paralímpicos como toda a população brasileira”, disse Queiroga.

Em março, o Globo Esporte noticiou que atletas militares brasileiros seriam vacinados como grupo prioritário das Forças Armadas, de acordo com o Ministério da Saúde. O COB sempre declarou que “a entidade seguirá o PNI”. Agora, ficou a cargo do próprio COB elaborar a lista final com os nomes que irão a Tóquio. A operação vai usar instalações das Forças Armadas em seis capitais brasileiras. Além do CT do Time Brasil, no Maria Lenk, no Rio de Janeiro.

A velocista Rosângela Santos recebe vacina no Rio © Miriam Jeske / COB

“Esse foi um grande passo que demos para nossa apresentação nos Jogos Olímpicos. Foi um momento decisivo e que talvez, se não acontecesse, seria difícil uma participação segura – afirmou Paulo Wanderley, presidente do COB.

O mandatário do Comitê Olímpico do Brasil afirmou estar confiante de que as Olimpíadas serão realizadas e bem-sucedidas.

“Em 2015, 2016, muito países levantaram questões de crise sanitária no Brasil por causa do zika. Era uma coisa do mundo. Teve atleta que não quis vir para cá. Até o meu neto não quis vir. Mas hoje se arrepende tremendamente, porque a Olimpíada do Brasil foi um sucesso, foi uma festa, comentada no mundo inteiro como uma celebração. E é isso o que vai acontecer em Tóquio”, complementou Wanderley.

Autoridades políticas, esportivas e militares no evento que marcou o início da vacinação da equipe olímpica do Brasil © Miriam Jeske / COB

Vários países estão imunizando suas delegações para competir nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Na última semana, a Austrália, por exemplo, começou a vacinar seus credenciados. Outros países também colocaram atletas no grupo prioritário para a vacinação contra a covid-19, como Bélgica, Espanha, Nova Zelândia, Alemanha, México, entre outros. O COI já disse publicamente que as vacinas não serão obrigatórias para os atletas disputarem os Jogos.