Após fugir de seu país, medalhista Kimia Zenozi lutará por medalha pela equipe de refugiados do COI

Alizadeh Zenozi, foi a primeira mulher do Irã a conquistar uma medalha de ouro em competições mundiais © IOC

A iraniana, medalhista de bronze no Rio 2016, hoje reside na Alemanha e pode conquistar a glória olímpica novamente depois de ter sido convocada para competir pela equipe de refugiados

Por Helena Sbrissia / Global Sports
20 de julho de 2021 / Curitiba (PR)

Kimia Alizadeh Zenozi, de 22 anos, é medalhista de bronze dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 no taekwondo. Ela foi a primeira mulher do país a conseguir uma medalha de ouro em um campeonato mundial – o Junior World Championship – e conta que foi para o centro de treinamento do Irã aos 13 anos em busca de uma oportunidade dentro do esporte. Contudo, por mais que sua mãe sempre tenha acreditado no seu futuro dentro do taekwondo, ela explica sobre as dificuldades no CT do seu país de origem.

Kimia explica que, quando levou a medalha para o Irã, ela se tornou conhecida por todo mundo e era constantemente parada nas ruas para que tirassem fotos com ela. “Todo mundo me conhecia, sabia meu nome e queria tirar uma foto comigo. Do lado de fora é legal e bonito, mas do lado de dentro, para mim, é uma grande pressão. É difícil.”

A taekwondista Kimia Zenozi exibe a medalha de bronze conquistada nos Jogos do Rio 2016 © Reuters

Por causa da situação delicada do seu país, quando ela casou decidiu, junto com o marido, que queria se mudar do Irã “para ser livre”. Por isso, os dois imigraram para a Alemanha. Apesar das dificuldades por conta das barreiras culturais, como o idioma diferente, Kimia relata que o taekwondo a ajudou a desestressar e passar pelos momentos difíceis. “O taekwondo me ajudou muito nesses dias difíceis e nesse ano difícil. Quando eu treino foco no treinamento e não penso em nada.”

“A liberdade por meio da prática do taekwondo.”

Por isso, quando o Comitê Olímpico Internacional organizou uma delegação voltada apenas para atletas refugiados, Kimia viu a oportunidade de voltar a competir profissionalmente pelo esporte que tanto ama e, ainda assim, ser uma mulher livre. Segundo ela, como integrante da delegação, encontrou o melhor dos dois mundos.

“Talvez, quando eu estava no Irã pensando no quanto eu queria imigrar, eu tenha pensado em deixar o taekwondo, deixar o meu esporte. Mas tudo ficou bem, porque o COI fez uma delegação apenas para refugiados e eu pude continuar meu trabalho dentro do esporte que eu gosto.”

Para Kimia, ainda que as medalhas não sejam o seu principal objetivo, ela anseia a conquista por uma. “Depois de uma cirurgia você começa do zero, e eu preciso dizer para mim mesma ‘você pode voltar, você consegue, você pode continuar’ e tudo o que eu quero é falar para mim mesma ‘é, você conseguiu’.”