Beatriz Souza vence Idalys Ortiz e Brasil derrota Cuba por 4 a 3 na final do Pan por equipes mistas

David Lima encaixou um morote-seoi-nage, mas o cubano Magdiel Estrada conseguiu virar no ar

Recém-promovida para a classe sênior, a caçula do peso pesado venceu duas vezes uma das maiores judocas do mundo de todos os tempos, e consolidou a vitória do Brasil na disputa por equipes mistas

Campeonato Pan-Americano Sênior de Judô 2019
29 de abril de 2019
Fonte LARA MONSORES I Fotos RAFAL BURZA/CBJ e JUDÔ PERÚ
Lima – Peru

Em final digna da rivalidade que envolve o judô brasileiro e cubano, o maior clássico do judô pan-americano terminou com a vitória emocionante suada do Brasil por quatro a três na decisão do Campeonato Pan-Americano Por equipes mistas, com direito a luta extra de desempate. A caçula da equipe brasileira, Beatriz Souza, de 20 anos, se agigantou diante da campeã olímpica Idalys Ortiz e venceu a cubana duas vezes para garantir o ouro da seleção brasileira. Além dela, Maria Portela (70kg) e Rafael Silva “Baby” (+90kg) também venceram seus combates na tarde deste domingo, 28, em Lima, Peru. Os brasileiros ainda receberam as medalhas das mãos do presidente da CBJ, Silvio Acácio Borges, e do coordenador de arbitragem da CBJ, Edison Minakawa.

Na segunda luta, a peso médio Maria Portela venceu a cubana meio-médio Maylin Del Toro Carvajal e empatou o confronto

Nas semifinais, o Brasil passou pelo México sem maiores dificuldades, vencendo os quatro primeiros combates seguidos por ippon. Do outro lado, Cuba venceu o Peru pelo mesmo placar e confirmou a final esperada com o Brasil.

Final eletrizante

Na decisão, os cubanos começaram melhores, com vitória de Magdiel Estrada sobre David Lima. O brasileiro chegou a forçar duas punições ao cubano, mas sofreu um wazari no golden score.

Nossos medalhistas olímpicos lutaram até mesmo fora do shiai-jo

Na segunda luta, Cuba apostou na meio-médio Maylin Del Toro Carvajal (63kg) para enfrentar Maria Portela no peso médio (70kg) e a brasileira se impôs com um ippon para empatar o confronto.

Na terceira luta, Rafael Macedo (90kg) encarou Ivan Felipe Silva Morales, que conseguiu a projeção para recolocar Cuba à frente no placar. Dois a um.

O empate brasileiro veio com Beatriz Souza, que derrotou Idalys Ortiz nas punições, impondo maior volume de ataque e tirando a adversária da área de competição, e o placar da final anotou dois a dois.

Rafael Silva venceu Andy Granda e fez o terceiro ponto brasileiro e pela primeira vez o Brasil ficou na frente no placar da final

Também nas punições, Rafael Silva “Baby”, venceu Andy Granda e fez o terceiro ponto brasileiro. Três a dois e a decisão ia ficando para a última luta, entre Rafaela Silva e Anaylis Dorvigny.

Em combate acirrado já na disputa do kumi-kata, Rafaela acabou levando uma punição disciplinar e levou hansoku-make.

Com o empate em três a três no placar, foi preciso sortear uma categoria para fazer a luta extra de desempate. Neste confronto, vence quem marca a primeira pontuação, como no golden score. E o peso sorteado foi o pesado feminino.

O árbitro FIJ A goiano Leonardo Stacciarini atuou na disputa de terceiro lugar, entre México e Peru

Bia retornou aos tatamis para encarar Ortiz mais uma vez e, como na primeira, derrotou a cubana nas punições, forçando três shidos à adversária, consolidando a vitória verde e amarela e mais um título pan-americano por equipes mistas, para o Brasil.

Após a final, Bia explicou que havia sentido o polegar da mão direita na disputa pelo bronze com Nina Cutro-Kelly, no sábado, mas não se deixou abater e foi na superação para a disputa por equipes. O esforço foi recompensado com a medalha de ouro.

Mostrando muita personalidade e confiança, Beatriz Souza encaixou um o-uchi-gari em Idalys Ortiz

“Machuquei a mão no individual ontem e hoje eu sabia que ia ser na superação. E foi duas vezes na superação. Mas, eu faria tudo de novo, sentiria toda essa dor de novo para trazer essa medalha para a gente. Trazer esse título para o Brasil maravilhoso. É uma sensação que eu quero ter sempre”, festejou a brasileira ao final. Ela recebeu tratamento da equipe médica da CBJ durante e após as lutas e será avaliada novamente no retorno ao Brasil.

A bicampeã olímpica caiu e selou a vitória do Brasil sobre os maiores adversários no continente americano

Técnicos avaliam desempenho da equipe

As 15 medalhas conquistadas pelos judocas brasileiros renderam ao país o primeiro lugar geral tanto no quadro de medalhas feminino, quanto no masculino. Resultado visto como positivo pela comissão técnica da seleção.

“As meninas corresponderam. Claro que gostaríamos de ganhar mais medalhas de ouro. Mas, conseguimos chegar no bloco final com quase todas. Apenas o 63kg que não chegou nas medalhas. Então, avalio o desempenho positivamente e acho que estamos no caminho certo para os Jogos Pan-Americanos e Mundial deste ano”, disse Mario Tsutsui, técnico da equipe feminina do Brasil.

As meninas tiveram dois ouros, quatro pratas e dois bronzes. Mayra Aguiar (78kg) e Larissa Pimenta (52kg) foram campeãs, enquanto Nathália Brígida (48kg), Rafaela Silva (57kg), Maria Portela (70kg) e Maria Suelen Altheman (+78kg) foram prata. Os bronzes ficaram com Sarah Menezes (52kg) e Beatriz Souza (+78kg).

No masculino, o resultado foi muito parecido. Os homens tiveram apenas um bronze a menos que as meninas. Daniel Cargnin (66kg) e Rafael Silva (+100kg) conquistaram o ouro, Eric Takabatake (60kg), Rafael Macedo (90kg), Leonardo Gonçalves (100kg) e David Moura (+100kg) foram prata e Eduardo Yudy Santos (81kg) foi bronze.

Atletas e comissão técnica vibraram muito com a segunda vitória seguida de Bia, sobre uma das maiores judocas do mundo em sua categoria

“Além de trazermos todos os jovens atletas, trouxemos também alguns mais experientes e formamos uma equipe bem forte. Os mais novos tiveram um bom desempenho, inclusive com um ouro do Daniel Cargnin, e os mais experientes fizeram lutas bem sólidas. Acho que fizemos uma boa preparação para esse campeonato e continuaremos trabalhando forte”, avaliou a japonesa Yuko Fujii, treinadora da equipe masculina.

O próximo compromisso será o Grand Slam de Baku, nos dias 10, 11 e 12 de maio, no Azerbaijão. A disputa definirá os nove melhores por gênero (feminino e masculino) no ranking mundial que se classificarão para o Campeonato Mundial de Tóquio.

Portela, Macedo, Baby e Lima cumprimentam Beatriz pela vitória histórica

O árbitro central assinala vitória da equipe brasileira

Os pavilhões das três equipes finalistas durante a execução do Hino Nacional Brasileiro

Após receber sua medalha de prata, Idalys é cumprimentada por membros da comissão técnica cubana

Ao lado das medalhistas olímpicas Rafaela e Mayara, Bia exibe o ouro por equipes

Leonardo Stacciarini, árbitro brasileiro na competição, Sílvio Acácio, presidente da CBJ e Edison Minakawa, gestor nacional de arbitragem

A seleção peruana vibrou muito com a conquista do bronze na disputa por equipes mistas

Os vice-campeões recebendo as medalhas de prata

Time brasileiro comemorando mais uma conquista continental histórica

Judocas brasileiros com a medalha de ouro por equipes