Brasil brilha e fecha Grand Slam de Abu Dhabi 2025 com três medalhas de bronze

Brasil totaliza três pódios em Abu Dhabi © Fotomontagem Global Sports

Medalhistas olímpicos Rafaela Silva, Daniel Cargnin e Léo Gonçalves garantem três pódios para uma equipe de apenas seis atletas, colocando o Brasil na 17ª posição geral e alcançando expressivos 50% de aproveitamento

Por Paulo Pinto / Global Sports
Fonte: CBJ
Curitiba, 30 de novembro de 2025

Com o apoio da UAE Judo Federation, a Federação Internacional de Judô (IJF, na sigla em inglês) realizou, neste fim de semana, o Grand Slam de Abu Dhabi 2025, o penúltimo Grand Slam do ano. O tradicional evento do circuito internacional reuniu 373 judocas de 52 países na Mubadala Arena, nos Emirados Árabes Unidos.

Rússia é campeã geral

A competição ganhou um elemento extra de tensão após a reviravolta política que devolveu à Rússia o direito de competir sob sua bandeira. O impacto foi imediato: motivados, os atletas russos chegaram a seis finais, conquistando dois ouros e quatro pratas, desempenho que colocou o país no topo da classificação geral. Os campeões foram Bliev Ayub (-60kg) e Adamian Arman (-100kg), enquanto Chopanov Murad (-66kg), Tasuev Abdul-Kerim (-81kg), Bifov Idar (-100kg) e Bashaev Tamerlan (+100kg) ficaram com a prata.

Rafaela Silva conquista o bronze em Abu Dhabi e chega a 20 medalhas em etapas de Grand Slam © Sabau Gabriela / FIJ

O Japão, com sua tradicional regularidade, ficou em segundo lugar com dois ouros — Danno Megu (63kg) e Mukunoki Miki (+78kg) — além de dois bronzes com Mori Yua (-48kg) e Sugimura Mizuki (-78kg). A Alemanha completou o pódio geral com os ouros de Ballhaus Mascha (-52kg) e Anna-Monta Olek (-78kg).

O Brasil, por sua vez, apresentou a melhor campanha da América do Sul, competindo com uma equipe extremamente enxuta composta por apenas seis atletas: Rafaela Silva (-63kg), Willian Lima (-66kg), Daniel Cargnin (-73kg), Rafael Macedo (-90kg), Marcelo Fronckowiak (-90kg) e Leonardo Gonçalves (-100kg). Apesar do grupo reduzido, o país encerrou sua participação com um desempenho expressivo.

Daniel Cargnin garante o bronze nos -73kg e fecha a temporada 2025 com seis medalhas internacionais © Kulumbegashvili Tamara / FIJ

Resultado excelente

Mesmo com apenas seis atletas, a seleção brasileira obteve 50% de aproveitamento, conquistando três medalhas com Rafaela Silva, Daniel Cargnin e Leonardo Gonçalves. O resultado manteve o Brasil no pelotão de elite do judô mundial e consolidou o país entre os destaques do torneio. Willian Lima finalizou sua campanha na sétima colocação.

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Rafaela Silva chega a 20 medalhas em Grand Slams

O primeiro pódio brasileiro veio com Rafaela Silva, campeã olímpica e atleta do Clube de Regatas do Flamengo, que fez três lutas antes da disputa pelo bronze.

Na estreia, superou a israelense Kerem Primo, anotando um yuko, um wazari e um ippon. Nas quartas, reencontrou a canadense Jessica Klimkait, algoz em confrontos anteriores — no Grand Slam de Baku e no Grand Prix de Lima — mas desta vez Rafaela venceu de forma estratégica: Klimkait acumulou três punições em um golden score de sete minutos.

Leonardo Gonçalves conquista o bronze nos -100kg e encerra o ano com seis pódios em competições internacionais © Kulumbegashvili Tamara / FIJ

Na semifinal, a brasileira enfrentou a japonesa Megu Danno, que a jogou de ippon a sete segundos do fim. Na disputa pelo bronze, Rafaela reencontrou a kosovar Laura Fazliu, adversária que superara nas quartas do Mundial deste ano. Em Abu Dhabi, Rafaela confirmou novamente sua superioridade, marcando um yuko no início e administrando até o final.

“Estou muito feliz com o meu desempenho. Não foi a medalha de ouro, mas fiz uma boa competição. Consegui ganhar de medalhistas olímpicas, de medalhistas mundiais e de atletas que eu perdi durante o ano. Foi um ano de muito aprendizado. Esta foi minha última competição, e estou muito feliz com o meu processo. Vim crescendo bastante. Comecei o ano sem classificação no ranking e hoje cheguei como cabeça de chave, em 15º lugar. Estou muito feliz, confiando, acreditando e curtindo o processo”, disse Rafaela.

Pódio dos -63kg feminino: ouro para Danno Megu (JPN), prata para Lkhagvatogoo Enkhriilen (MGL) e bronzes para Carlotta Avanzato (ITA) e Rafaela Silva (BRA) © Sabau Gabriela / FIJ

Com o bronze, a campeã olímpica alcançou a marca impressionante de 20 medalhas em Grand Slams: dois ouros, cinco pratas e 13 bronzes, além de outras 31 medalhas em competições oficiais da IJF ao longo de 16 anos de Seleção Brasileira.

Daniel Cargnin supera Gaba e leva bronze

No sábado, o meio-médio Daniel Cargnin, que defende a Sogipa, também fez uma campanha sólida até chegar ao bloco final. Ele estreou vencendo o alemão Alexander Bernd Gabler com quatro yuko e um ippon. Nas oitavas, reverteu uma desvantagem contra o cazaque Yesset Kuanov, seguindo para as quartas, onde venceu o anfitrião Makhmadbek Makhmadbekov com um yuko no golden score.

Na semifinal, enfrentou o tadjique Muhiddin Asadulloev, começando em vantagem, mas sofrendo a virada por wazari.

A disputa pelo bronze reservou um reencontro com o francês Joan-Benjamin Gaba — cada um com uma vitória prévia em confrontos importantes, incluindo a final do Mundial deste ano, vencida pelo francês.

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Cargnin entrou confiante, impôs ritmo, forçou punições e, com uma projeção precisa, anotou um wazari que garantiu a vitória.

“Estou muito feliz. Fiz lutas duras e acredito que competições internacionais sempre trazem desafios. Refiz a final do Mundial contra o Gaba. Cada competição é uma história diferente. Entrei muito confiante e tenho buscado não medir meu parâmetro apenas por vitória ou derrota. Eu tenho que confiar em mim, e vou confiar em todas as competições. Vou sair de cabeça erguida, independente do resultado”, afirmou Daniel.

Com o bronze, Cargnin encerrou a temporada com quatro medalhas nas cinco competições internacionais que disputou: prata no Campeonato Pan-Americano, prata no Campeonato Mundial, ouro no Grand Prix de Lima e bronze no Grand Slam de Abu Dhabi.

Pódio dos -73kg masculino: ouro para Nils Toco (SUI), prata para Muhiddin Asadulloev (TJK) e bronzes para Makhmadbek Makhmadbekov (EAU) e Daniel Cargnin (BRA) © Sabau Gabriela / FIJ

Iguape soma seis medalhas internacionais em 2025

A campanha de Leonardo Gonçalves, o meio-pesado que defende a Sogipa, começou com um ippon sobre o eslováquio Benjamin Mataseje. Nas quartas, foi superado por wazari pelo húngaro Zsombor Veg, mas se recuperou na repescagem com um juji-gatame aplicado sobre o tadjique Dhzakkhongir Madzhidov.

Na disputa pelo bronze, enfrentou o holandês Simeon Catharina, contra quem tinha retrospecto desfavorável (1–3). Em grande fase, Léo foi superior: conseguiu um yuko, neutralizou as ações do adversário e, com precisão, reverteu uma entrada de Catharina para obter o ippon decisivo.

“Foi uma competição muito dura, com vários atletas top dez no ranking. Essa medalha foi muito importante para me manter entre os cinco melhores do mundo e terminar o ano muito bem. A meta é começar o ano que vem bem, porque começa a contagem para o ranking olímpico, oss!”, declarou Léo.

Pódio dos -100kg: ouro para Arman Adamian (RUS), prata para Idar Bifov (RUS) e bronzes para Nikoloz Sherazadishvili (ESP) e Leonardo Gonçalves (BRA) © Sabau Gabriela / FIJ

Com o bronze, o atleta de Iguape (SP) que defende a Sogipa encerrou 2025 com seis medalhas internacionais: prata no Grand Slam de Paris, prata no Grand Slam de Baku, prata no Grand Prix de Lima, bronze no Grand Prix de Guadalajara, campeão Pan-Americano e bronze no Grand Slam de Abu Dhabi.

Brasil reafirma sua força no cenário global

Mesmo com delegação reduzida, o Brasil saiu do Grand Slam de Abu Dhabi como a seleção sul-americana de melhor desempenho. Os três bronzes confirmam a consistência técnica dos medalhistas e mostram que a equipe segue competitiva e na elite mundial.

A temporada está terminando com perspectivas animadoras para o judô brasileiro em 2026, ano que abre oficialmente o caminho classificatório rumo a Los Angeles 2028.

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