22 de dezembro de 2024
Brasil coleciona pódios em vários esportes e tem ótimo início de ciclo
Títulos mundiais, medalhas em eventos importantes e vitórias contra atletas tops do mundo marcam primeiros meses do esporte brasileiro pós recorde nas Olimpíadas de Tóquio
Por Guilherme Costa / GE
6 de abril de 2022 / Curitiba (PR)
Já passaram quase oito meses do fim das Olimpíadas de Tóquio, que ficaram marcadas pela melhor campanha da história do Brasil, e o país parece seguir embalado no esporte. No período, vieram títulos em Campeonatos Mundiais, vitórias históricas contra medalhistas olímpicos em diversos esportes e reviravoltas de atletas que ficaram “no quase” em Tóquio.
Ainda é cedo para fazer qualquer projeção de medalhas para 2024, o primeiro grande parâmetro são os Campeonatos Mundiais de 2022, mas a realidade é que o Brasil tem tido grandes resultados, apesar da crise política instaurada no COB nas últimas semanas com a demissão de Jorge Bichara.
Destaques do Brasil nas Olimpíadas, como Rebeca Andrade, Rayssa Leal, Martine Grael/Kahena Kunze e Thiago Braz conquistaram medalhas em Campeonatos Mundiais neste pós-Tóquio. Por outro lado, Darlan Romani, Pâmela Rosa, Tatiana Weston Webb e Keno Marley, que viram o pódio escapar no Japão, já mostraram que estão embalados no novo ciclo. Vale lembrar que estrelas como Isaquias Queiroz, Bruno Fratus e Alison dos Santos ainda não tiveram uma grande competição pós-Olimpíadas.
Nos últimos meses, o Brasil foi campeão mundial de ginástica artística, com Rebeca Andrade no salto, de skate, com Pâmela Rosa, de surfe, com Gabriel Medina e no arremesso do peso, com Darlan Romani.
Além de campeões, o Brasil conseguiu uma série de medalhas em Campeonatos Mundiais. Marcus Vinicius no tiro com arco, Thiago Braz no salto com vara, Keno Marley no boxe, Rayssa Leal e Lucas Rabelo no skate, Filipe Toledo e Tatiana Weston-Webb no surfe e Laura Amaro no levantamento de peso ficaram com a prata, enquanto Martine Grael/Kahena Kunze na vela , Amanda Schott no levantamento de peso e o revezamento 4x200m da natação (piscina curta) foram bronze.
Tivemos também resultados importantes em outros Campeonatos Mundiais, como no tênis de mesa, com Hugo Calderano (5º lugar, melhor resultado da história do país) e no handebol, em que a seleção feminina fechou em oitavo lugar (melhor resultado em oito anos do time).
Saindo da seara de Campeonatos Mundiais, já que nem todas as modalidades tiveram torneio deste porte após as Olimpíadas de Tóquio, vimos mais um título do Circuito Mundial de Ana Marcela, um ouro no Festival Aquático de saltos ornamentais (destaque para Kawan Pereira), um título de Marlon Zanotelli no torneio 5 estrelas de hipismo de Doha (subindo para 6º do ranking mundial), uma vitória de Bárbara Santos no boxe sobre a atual campeã olímpica Busenaz Sürmeneli e um triunfo de Lais Nunes sobre a vice-campeã olímpica Aisuluu Tynybekova no wrestling. No taekwondo, Caroline Santos venceu o Aberto de Riad, que foi chamado de Campeonatos Mundial feminino da modalidade.
No fim de semana, Guilherme Schimidt foi campeão do Grand Slam de judô vencendo o líder do ranking e comandou a campanha de cinco medalhas do Brasil. Por fim, Luiz Oliveira foi ouro no Pan de boxe vencendo o atual campeão mundial de sua categoria, até 57kg e liderou o Brasil ao topo do quadro de medalhas da competição (Abner e Bia, medalhistas em Tóquio, foram campeões também).
O tênis feminino merece um parágrafo a parte no texto, já que Beatriz Haddad conseguiu duas vitórias contra atletas do top 3 do ranking em simples e chegou à final do Australian Open de duplas, enquanto Luisa Stefani, antes de se lesionar em setembro (deve voltar a jogar em maio) ganhou torneios e, mesmo longe do circuito, ainda é 12ª do ranking.
Atletas que estão mais distante do topo do mundo, mas que vêm demonstrando evolução desde Tóquio, conseguiram bons resultados. Caso de João Victor Oliva, que fez quatro vezes a melhor marca da história do Brasil no hipismo adestramento, Daniel Nascimento na maratona, com a segunda melhor da história do país e o polo aquático masculino, que derrotou o Canadá e se classificou para o Mundial da modalidade. Bruna Takahashi entrou do top 30 do ranking de tênis de mesa (melhor da história do país). No Mundial Indoor de atletismo, Thiago Moura fez 2,31m (recorde sul-americano) no salto em altura e ficou em quinto lugar.
Claro que nem tudo foram flores nos últimos meses. Gabriel Medina sequer entrou em ação em 2022, alegando que precisa cuidar da saúde mental, as seleções de vôlei (masculina e feminina) viram vários atletas se aposentarem da amarelinha, o basquete feminino não conseguiu vaga no Campeonato Mundial deste ano e o COB vive uma crise política após a demissão de Jorge Bichara, diretor responsável pelo planejamento e preparação da delegação nas Olimpíadas de Tóquio. Nathalie Moelhousen, atual campeã mundial de esgrima, não conseguiu avançar em nenhuma competição do Circuito Mundial, Ana Satila e Pepê Gonçalves, apesar do favoritismo, não foram ao pódio no Mundial de canoagem slalom na prova do extreme e Lucas Verthein, 12º no remo nas Olimpíadas, foi pego no doping. No tênis masculino, o Brasil está com os piores ranking em duplas dos últimos 15 anos.
O número de medalhas que um país conquista nas Olimpíadas é reflexo da quantidade de chances reais de pódio que o país chega no evento. Pelo andar da carruagem, o Brasil vai ter, em Paris 2024, muitas possibilidades de pódio. E se essa tendência se concretizar, é bem possível que venham mais recordes de medalhas.