Brasil é campeão do Grand Prix de Lima e vive uma das melhores temporadas de sua história

Na final dos -73kg, Daniel Cargnin (BRA) joga o francês Dayyan Boulemtafes © Kulumbegashvili Tamara / FIJ

Com 11 medalhas e duas finais brasileiras, o judô nacional encerrou o Grand Prix de Lima no topo do mundo e reafirmou sua força nesta temporada internacional.

Por Paulo Pinto / Global Sports
Curitiba, 14 de outubro de 2025

Em um ano de conquistas marcantes para o judô brasileiro, a seleção nacional encerrou o Grand Prix de Lima 2025 no topo do quadro geral de medalhas, à frente de potências históricas da modalidade. O desempenho coroou o trabalho técnico e estratégico conduzido pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e consolidou o Brasil como uma das forças mais regulares do circuito internacional da Federação Internacional de Judô (FIJ) desta temporada.

Realizado entre os dias 11 e 13 de outubro, no Coliseu Eduardo Dibós, na capital peruana, o evento reuniu 284 atletas, sendo 165 homens e 119 mulheres, representando 48 países dos cinco continentes. Com excelente estrutura e atmosfera vibrante, o Grand Prix de Lima reforçou o papel do Peru como novo polo do judô continental e destacou a crescente presença latino-americana em competições de alto nível.

O belíssimo ippon do equatoriano Jhonathan Benavides sobre David Starkel, da Eslovênia, na disputa de bronze dos -60kg © Kulumbegashvili Tamara

O Brasil, com delegação equilibrada e desempenho consistente em quase todas as categorias, encerrou o torneio na primeira colocação do quadro de medalhas, superando França, Israel, Itália e Canadá. O feito confirmou a maturidade técnica da equipe, que combinou eficiência tática, preparo físico e leitura estratégica das lutas, evidenciando a amplitude e a qualidade do judô brasileiro no cenário mundial.

Ao longo dos três dias de disputas, o judô brasileiro manteve desempenho exemplar, consolidando-se como a principal potência do torneio e confirmando, ao fim do evento, sua liderança no quadro geral de medalhas.

Na disputa do bronze do peso ligeiro, Aléxia Nascimento foi superada por Tamar Malca, de Israel © Kulumbegashvili Tamara

Primeiro dia: domínio feminino abre caminho para o título

O país começou a campanha de forma imponente, conquistando quatro medalhas logo no primeiro dia de disputas. O destaque foi a final totalmente brasileira entre Jéssica Pereira e Gabriela Conceição no meio-leve (-52kg), com vitória de Jéssica. No peso leve feminino (-57kg), Jéssica Lima e Shirlen Nascimento completaram a dobradinha de bronzes, consolidando o excelente início da equipe nacional.

As boas campanhas de Aléxia Nascimento (-48kg), Michel Augusto (-60kg) e Ronald Lima (-66kg), todos em quintos lugares, demonstraram a profundidade técnica do grupo. As atuações femininas, em especial, reafirmaram o protagonismo das judocas brasileiras, que continuam sendo referência mundial em mobilidade tática e atitude mental.

Com potente ura-nage sobre Eetu Ihanamaki, da Finlândia, Gabriel Falcão assegurou o bronze dos meio-médios © Kulumbegashvili Tamara

Segundo dia: Cargnin lidera trio medalhista e amplia vantagem

O segundo dia confirmou o domínio brasileiro nos tatamis de Lima. Com atuações seguras e estratégicas, a equipe conquistou três novas medalhas — ouro com Daniel Cargnin (-73kg), prata com Nauana Silva (-63kg) e bronze com Gabriel Falcão (-81kg) —, elevando para sete o número de pódios.

A conquista de Daniel Cargnin, seu primeiro ouro em Grand Prix, marcou um momento especial na carreira do vice-campeão mundial, que acumula dois bronzes olímpicos — em Tóquio 2020, nos -66kg, e em Paris 2024, na disputa por equipes mistas. A prata de Nauana Silva confirmou a evolução da nova geração feminina, enquanto o bronze de Gabriel Falcão reforçou a consistência e a profundidade técnica da equipe masculina. Ao fim do segundo dia, o Brasil mantinha a liderança isolada no quadro geral de medalhas, à frente de países tradicionais como a França, que ocupava a terceira colocação.

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Terceiro dia: quatro medalhas e o título assegurado

O encerramento do Grand Prix foi apoteótico para o judô brasileiro. No terceiro e último dia de disputas, o país conquistou quatro novas medalhas — ouro com Rafael Macedo (-90kg) e Giovani Ferreira (-100kg), pratas com Leonardo Gonçalves (-100kg) e Rafael Buzacarini (+100kg).

O ouro de Rafael Macedo coroou um ano de superação e maturidade técnica. Já Giovani Ferreira e Leonardo Gonçalves protagonizaram mais uma final brasileira, repetindo o cenário de supremacia demonstrado desde o início do evento. Rafael Buzacarini, por sua vez, alcançou sua primeira medalha internacional na nova categoria (+100kg), consolidando a transição de peso com sucesso.

Na dobradinha brasileira do meio-pesado, Giovani Ferreira, o Pezão, venceu Leonardo Gonçalves, o Iguape, com um preciso contragolpe de tani-otoshi © Kulumbegashvili Tamara

Com esses resultados, o Brasil fechou o Grand Prix com 11 medalhas — 4 de ouro, 4 de prata e 3 de bronze — e ampla vantagem sobre os principais rivais. O desempenho equilibrado entre homens e mulheres, somado à presença constante no pódio em todas as jornadas, confirmou a força técnica e a profundidade técnica da equipe verde e amarela.

Desempenho do Brasil em Lima

OURO: Jéssica Pereira (-52kg), Daniel Cargnin (-73kg), Rafael Macedo (-90kg), Giovani Ferreira (-100kg)
PRATA: Gabriela Conceição (-52kg), Nauana Silva (-63kg), Leonardo Gonçalves (-100kg), Rafael Buzacarin (+100kg)
BRONZE: Shirlen Nascimento (-57kg), Jéssica Lima (-57kg), Gabriel Falcão (-81kg)
5º LUGAR — Michel Augusto (-60kg), Aléxia Nascimento (-48kg), Ronald Lima (-66kg), Rafaela Silva (-63kg), Karol
Gimenes (-78kg)
7º LUGAR — Ellen Froner (-70kg), Lucas Lima (+100kg)

Jéssica Pereira e Gabriela Conceição fizeram dobradinha na final do meio-leve © Kulumbegashvili Tamara

Harmonia e legado nos tatamis de Lima

O Grand Prix de Lima foi uma celebração do judô mundial em sua mais autêntica essência: o encontro de estilos, escolas e filosofias que fizeram da capital peruana, por três dias, o centro do esporte universal criado por Jigoro Kano.

O Brasil encerrou a competição como campeão geral, com 11 medalhas — quatro de ouro, quatro de prata e três de bronze —, coroando um trabalho coletivo sólido, técnico e comprometido. Mas cada pódio teve também o brilho dos adversários, que honraram o tatami com coragem, disciplina e respeito.

Rafael Macedo venceu o italiano Tiziano Falcone na semifinal dos -90kg © Kulumbegashvili Tamara

Israel apresentou judô de alta precisão e confirmou sua evolução contínua no cenário mundial. França, Itália, Canadá, República Tcheca, Eslovênia, Sérvia, Chile e Suécia completaram o top ten, compondo um mosaico plural de estilos e tradições que enriquecem o esporte e fortalecem a mensagem de Kano sensei: o judô é, antes de tudo, uma via para o aperfeiçoamento humano e o convívio harmonioso entre as nações.

Após a conquista do ouro, a criatura, Daniel Cargnin, é abraçado pelo criador, Antônio Carlos Pereira, o Kiko — treinador da Sogipa e da seleção brasileira, responsável pela formação de ícones do judô nacional como Mayra Aguiar e João Derly, entre outros © Kulumbegashvili Tamara

O Brasil, por sua vez, soube transformar talento em constância, estratégia em resultado e emoção em legado. O hino nacional ecoou repetidas vezes no Coliseu Eduardo Dibós, mas o som mais marcante foi o dos aplausos mútuos — sinal de que, ali, vitória e respeito caminharam lado a lado, reafirmando o verdadeiro espírito do judô global.

Clique AQUI e acesse a classificação geral do Grand Prix de Lima 2025.

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