Brasil e Educação Física: 200 anos de história

Em seu parecer sobre a Reforma da Educação de 1882, Ruy Barbosa relatou o valor do desenvolvimento físico associado ao mental e sugeriu a inserção da Educação Física na escola

Por Cristiano Parente
21 de setembro de 2022 / São Paulo (SP)

O 7 de setembro deste ano marcou os 200 anos da independência do Brasil, proclamada em 1822 por Pedro de Alcântara, quarto filho do rei de Portugal, Dom João VI, que havia retornado a Portugal no ano anterior.

Tantos erros. Tantos acertos. E ainda somos um bebê perto da Europa, China, Egito e tantas outras culturas e civilizações milenares.

Dois séculos é uma daquelas marcas que se comemoram em qualquer situação. A Educação Física, neste tempo, veio na mesma linha do País. Os primeiros relatos de Educação Física formal, aqui, são de 1808 (214 anos atrás). Em 1882, há 140 anos, o político, jurista e jornalista Ruy Barbosa, em seu parecer sobre a Reforma da Educação, relatou o valor do desenvolvimento físico associado ao mental, que ele observava em países desenvolvidos, e sugeria que era essencial a inserção da Educação Física na escola, em dois momentos: a prática e o estudo enquanto matéria.

Veja: 140 anos se passaram, e muitos se esqueceram do estudo da Educação Física na escola, fazendo com que a prática fosse ao longo dos anos perdendo sentido, restringindo-se aos poucos que gostam de bola e competição.

Erro ingênuo e cruel, que paulatinamente foi diminuindo a percepção da sociedade sobre a importância da Educação Física escolar, tendo em vista que a disciplina não cumpria seu papel na formação de cidadãos.

Cris Parente é conselheiro do CREF4/SP © Global Sports

Os números do mercado mundial não mentem sobre esta ineficiência e 96% da população mundial não atingem níveis mínimos de esforço físico suficiente para contemplar uma vida minimamente saudável. Mas a gente aprende…

Aos poucos vamos notando a mudança na percepção do profissional, que começa a tentar outra abordagem – avaliando que as pessoas precisam de educação e conhecimento para adotar as práticas – e ao mesmo tempo passa a estudar mais, para acompanhar a demanda do mercado.

Hoje, já vemos diversos profissionais com a noção clara de que esporte não tem nada a ver com Educação Física e que EF curricular é para aprender e não fazer.

O passado já foi e agora é daqui para frente. Obrigado pelo que foi feito pelos antecessores, mas não é hora de regredir. A Educação Física e o Brasil, nestes 200 anos, não devem voltar para trás. Precisamos subir a escada, e o nosso País já esteve lá fora, mostrando ao mundo que somos, nós brasileiros, número 1 na EF mundial! E podemos ser número 1 em tudo neste País rico por sua diversidade de recursos naturais e humanos.

Não vamos andar para trás, nem a Educação Física e muito menos o Brasil! Não voltem ao passado! Parabéns, Brasil!

Cristiano Arthur Scanavacca Parente (CREF 4017-G/SP) é professor e coach de Educação Física, eleito em 2014 o melhor personal trainer do mundo em concurso promovido pela Life Fitness. Ele é também CEO da World Top Trainers Certification e conselheiro do CREF4/SP.