05 de novembro de 2025
A cada edição, o nível técnico do judô veterano se eleva e se consolida no calendário mundial © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
Como escreveu Nicolas Messner, diretor de Mídia e Comunicação da Federação Internacional de Judô (FIJ), “alguns cabelos grisalhos a mais podiam ser vistos no tatami, mas o fogo nos olhos não diminuiu”.
Nesta quarta-feira (5), as categorias M5 (50 a 54 anos) e M6 (55 a 60 anos) entraram em ação trazendo consigo não apenas experiência e técnica refinada, mas também uma dose de garra e determinação comparável às das categorias mais jovens.

Vencendo todas as lutas no chão, Cláudio Calasans Júnior conquista o ouro no meio-médio (M3) e comprova sua versatilidade e excelência técnica © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
Desde as eliminatórias até o bloco final, o dia foi marcado por entrega total e profundo respeito mútuo — elementos que traduzem a essência do budô.
Cada ippon parecia carregar décadas de vivência sobre o tatami, e cada reverência reforçava que, mais do que uma competição, o Mundial de Veteranos é um reencontro de mestres com sua própria história.
“Nos tatamis de Paris, a experiência provou mais uma vez que o judô não envelhece — amadurece.”
É inspirador testemunhar a seriedade e a emoção com que esses judocas vivem a competição. O treino é preciso, o aquecimento concentrado e a mentalidade, totalmente voltada para o combate. Mas há algo que os diferencia: eles sabem que vencer é importante, mas vencer com honra é o que realmente dá sentido ao judô.
Por isso, é quase certo que, ao fim de cada luta, ambos os competidores se cumprimentem com um sorriso e uma palavra de respeito. Um gesto simples que revela uma verdade profunda: o judô ainda lhes dá vida — e continua sendo o fio que conecta gerações inteiras de praticantes.
As disputas acirradas do terceiro dia projetaram ainda mais o time brasileiro na liderança do quadro geral de medalhas, com três novos ouros e três bronzes conquistados.
Os campeões desta quarta-feira foram:
Gleyson Alves (M5, -60kg), Denison Soldani dos Santos (M5, -90kg) e Marcos Daud (M6, -100kg) — atletas que mostraram vigor técnico e disciplina dignos da tradição brasileira no judô veterano.
Os medalhistas de bronze foram Márcio Barbosa (M5, -66kg), Elton Quadros Fiebig (M5, +100kg) e Glauber Diniz Aragão (M5, -100kg), atual delegado da 10ª Delegacia Regional Central da FPJudô, reforçando o comprometimento da nova geração de dirigentes-atletas com o ideal do budô.
Também se destacaram William Sugai (-90kg) e Paulo Sérgio Merino (-73kg), que ficaram em quinto lugar, enquanto Marcelo Barbosa (-73kg) e Alam Saraiva (-81kg) finalizaram na sétima colocação.
Após três dias de confrontos, o quadro de medalhas sofreu alterações expressivas: a Itália caiu para a sexta colocação, e a Alemanha subiu para o quinto lugar.

Após o mate da final, Cláudio Calasans Júnior cumprimenta o georgiano David Udzilauri © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
O Brasil segue isolado na liderança, somando 10 ouros, 5 pratas e 6 bronzes. A Geórgia aparece em segundo lugar (8 ouros, 4 pratas e 8 bronzes), seguida pela França, com seu impressionante exército de 948 judocas, totalizando 6 ouros, 11 pratas e 29 bronzes. A Bélgica ocupa a quarta posição (4 ouros e 3 bronzes), e a Alemanha, agora em quinto, com 2 ouros, 2 pratas e 2 bronzes.
Ouro
Prata
Bronze
Se ontem o destaque foi o eneacampeão Cristian Cezário, hoje o foco se volta para o joseense Cláudio Calasans Camargo Júnior, que brilhou no M3 meio-médio (-81kg) ao conquistar o ouro em uma das categorias mais concorridas do Mundial, com 60 atletas inscritos.
Detentor de títulos expressivos no jiu-jitsu e no wrestling, ele é campeão mundial pela BJJ e IBJJF, hexacampeão do Mundial de Abu Dhabi (BJJ), campeão pan-americano, asiático e europeu, e também campeão brasileiro de wrestling — tendo disputado inclusive o Pré-Olímpico de Pequim.
Em Paris, venceu seis combates, os dois primeiros por osae-komi e os quatro seguintes por juji-gatame, demonstrando domínio absoluto das transições de solo e um repertório técnico raro até entre atletas da elite mundial.

Pódio do meio-médio (M3): dobradinha brasileira com o ouro de Cláudio Calasans Júnior e o bronze de Emanuel dos Santos; prata para David Udzilauri (GEO) e bronze para Niels De Wit (BEL) © Tamara Kulumbegashvili / FIJ
“O Mundial de Veteranos tem crescido a cada ano, tanto em número de participantes quanto em nível técnico. Muitos campeões internacionais do sênior hoje competem nessa classe. Com as mudanças recentes nas regras, que voltaram a valorizar o ne-waza, pude aplicar amplamente minhas técnicas de solo”, avaliou.
“Senti mais dificuldade contra o adversário suíço, então levei rapidamente a luta para o chão para decidir. Nas demais, aproveitei as oportunidades para finalizar e economizar energia — uma estratégia que funcionou perfeitamente”, concluiu Júnior.
Eclético e disciplinado, Cláudio Júnior é a síntese do judoca moderno: um atleta que respeita as raízes do budô, mas transita com naturalidade entre as diferentes expressões das artes de combate. Seu desempenho em Paris reforça a posição do Brasil como um dos países mais técnicos e versáteis do mundo, tanto no judô quanto nas demais modalidades de luta que derivam da escola japonesa.
As disputas seguem até sexta-feira (7), no Instituto Nacional de Judô, em Paris.
Com o desempenho sólido acumulado nos três primeiros dias e a força coletiva de uma delegação exemplar, o Brasil se aproxima do bicampeonato mundial por equipes.
Se o ritmo for mantido, o país confirmará mais uma vez seu papel de referência global no judô veterano — uma modalidade que une gerações, preserva valores e reafirma o legado técnico e filosófico do judô brasileiro no cenário internacional.
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